A FUNÇÃO DA MENTE – UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

Depois de passarmos no Primeiro Grau tempo suficiente para solidificar suas lições na Consciência, começamos a perceber que nós mesmos somos responsáveis pelo nosso caráter e pelas harmonias ou discórdias que estão entrando em nossa experiência, e que está ao nosso alcance prevenir ou remover as discórdias e desarmonias da vida como parte da nossa experiência. Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão

Quando vivíamos apenas como seres humanos, era, em grande parte, uma questão de azar ou sorte se vinham as circunstâncias certas ou erradas, a pessoa certa ou errada.

A única coisa que todo ser humano está seguro é que ele não é responsável pelos males que se abatem sobre ele e, se for honesto, ele terá que admitir que também não é responsável pelas coisas boas que acontecem: elas simplesmente acontecem.

(É assim que ocorre quando não se conhece a lei do carma que não é a Lei De Deus)

Quando percebemos que nós mesmos temos o poder de determinar nossa experiência, que poderíamos ter impedido a maioria dos nossos problemas se soubéssemos o que sabemos agora e, além disso, que podemos começar a mudar a qualquer momento todo o curso da nossa experiência, começamos a tomar conta da nossa vida e moldá-la de acordo com nossos desejos, e não apenas aceitar o que alguém nos impõe ou o que o mundo nos traz.

Como nós semeamos, assim devemos colher. Na experiência humana, somos nós, nós mesmos, que estamos formando nossa própria vida, e fazemos isso vivendo um tipo de vida materialista; (Aqui já nós já conhecemos a lei do carma – lei humana) ou então, começamos a entender que podemos viver pela Palavra de Deus, se quisermos trazer a Palavra de Deus para nossa vida. Nós colhemos o que nós semeamos. (Já este semear e colher já pertence a Lei de Deus, na verdade é a conversão e entendimento de que existe um só poder – neste contexto semear e colher tem outra conotação).

No Segundo Grau, um grande princípio é revelado: uma mente imbuída com a Verdade é uma Lei de Harmonia para nossa vida; uma mente ignorante da verdade resulta em uma vida de azar, sorte e circunstância, uma vida da qual não temos controle. Nós podemos controlar nossa vida apenas em proporção da Verdade que mantemos em nossa Consciência. Somente nós mesmos podemos determinar se queremos uma hora de harmonia entre as vinte e quatro horas, ou vinte e quatro dentre as vinte e quatro (lei do carma). Só nós podemos determinar quanto de nossa atenção desejamos dedicar à Verdade, à toda Palavra que sai da boca de Deus (Lei de Deus).

Nos estágios iniciais do Segundo Grau, começamos a aplicar e usar os princípios da Verdade, tomando posse da nossa vida e governando-a pela Lei Espiritual. Se há um problema de suprimento, percebemos que o suprimento é espiritual, dentro de nós; é a própria Presença de Deus que supre, porque Deus é plenitude.

Nós trabalhamos ao longo desta linha; lembramo-nos da Verdade e aplicamos mentalmente toda afirmação da Verdade que conhecemos às aparências errôneas que se apresentam. (A mente individual tem poder limitado, embora não pareça) Se tivermos uma tarefa para executar que pareça ser muito difícil para nós, voltamo-nos para dentro e lembramo-nos que Ele aperfeiçoa aquilo que nos interessa. Enquanto relaxamos nessa lembrança, nossa tarefa é executada antes mesmo que saibamos. (Esta é a entrega total a Mente de Deus, Poder absoluto qua transcende a lógica, ao raciocínio e ao carma).

É nesse segundo estágio que nossa humanidade cresce e melhora, e estamos chegando mais perto de onde podemos ser como os escribas e os fariseus, alegando que somos justos e virtuosos, bons homens e boas mulheres, e orgulhosos disso – e é claro que estamos tentando nosso melhor para fazer todos os outros à nossa própria imagem e semelhança.

Não demora muito para começarmos a pensar que nós mesmos fazemos tudo isso por nós mesmos e que somos muito inteligentes e capazes. Nós estamos livrando a nós mesmos de todas as nossas discórdias e trazendo harmonia, e nós pensamos que essa nossa mente é realmente poderosa. É então que podemos começar a acreditar que a mente é Deus.

(Engano nosso, Deus não é a mente, Deus é inexplicável e indefinível)

Há muitas pessoas que usam a palavra “mente” como sinônimo de Deus, mas o próprio fato de podermos usar nossa mente é em si mesmo uma prova de que a mente não pode ser Deus, porque é impossível que alguém possa usar Deus; além disso, a mente pode ser usada tanto para o bem como para o mal, e isso não pode ser Deus, porque Deus está acima dos pares de opostos.

Quando os segredos da mente foram revelados pela primeira vez, ficou evidente que a mente poderia ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Mas alguns daqueles que aprenderam esses segredos não puderam manter sua integridade espiritual e nem tinham humildade suficiente para serem servos. Para essas pessoas familiarizadas com o poder da mente e suas potencialidades, apresentou-se a idéia de que, na medida em que eles sabiam como trabalhar com o pensamento, pensamento e mente deveriam ser poderes. Mente, de acordo com eles, portanto, deveria ser Deus; e o pensamento, o instrumento de Deus, deveria ser poder. Isso os levou para longe do caminho espiritual; e eles saíram de sua escola particular de Sabedoria; alguns deles tornaram-se fundadores do que são conhecidas como “Black Brotherhoods” (literalmente “irmandades negras”).

Essas irmandades foram compostas em grande parte de homens que tinham sido originalmente parte de um ensinamento espiritual, mas que, depois de descobrirem os poderes da mente, deixaram esse ensino e formaram irmandades onde podiam fazer uso de poderes mentais para sua própria glorificação pessoal e aquisição de lucro. Inquestionavelmente, muitos membros desses grupos usavam o poder para o que, para eles, era um bom propósito, mas muitas vezes estes  poderes mentais eram usados principalmente para fins egoístas e outros propósitos.

Muitos livros foram escritos sobre bruxaria, voduismo, e malversação, alguns deles contendo relatos autênticos de experiências reais que testemunham o fato de que essas pessoas tocaram o reino da mente, mas elas ainda não tinham tocado o reino do Espírito. As cerimônias, ritos e rituais da maioria das raças primitivas das quais tenho algum conhecimento, são todas com base no poder da mente. Participantes das danças rituais primitivas se reviravam, gritavam, urravam e pintavam seus rostos de modo grotesco, tudo com o propósito de assustar o espectador, instilando medo em seu coração e um pavor de algum poder terrível ao alcance de suas mãos. Todo o truque da arte da sugestão era usado.

(Para vivenciar o Mundo de Deus não são necessários rituais ou protocolos)

Quanto mais alto nos elevamos em Consciência Espiritual, mais aprendemos sobre o reino mental, não porque procuramos esse conhecimento, mas porque ele é revelado para nós. É como estar no topo de uma montanha onde, tendo alcançado o cume, podemos olhar, a partir dessa altura, para dentro do vale muito melhor do que aqueles que estão olhando em torno, na limitada perspectiva dentro do vale. Aqueles que estão no Nível Espiritual podem ver a mente, tornando-se conscientes das coisas que aqueles que vivem a vida materialista e mental nunca poderiam saber, porque estão muito próximos das aparências e envolvidos demais com elas.

Conhecimento dos segredos da mente adquiridos através da Sabedoria Espiritual é totalmente diferente do conhecimento adquirido através da mente humana. Moisés, por exemplo, havia sido iniciado em todos os segredos do ocultismo na corte dos faraós, e quando ele retornou ao Egito, depois de sua revelação “Eu Sou O Que Eu Sou“, ele e Aarão realizaram truques mentais, como transformar um cajado em serpente, ou transformar a água do rio em sangue. Isso foi pura manipulação mental. Tudo aconteceu no plano mental e não foi, em nenhum sentido, espiritual.

O que devemos sempre lembrar é que, mesmo quando tais truques são usados por homens espirituais, eles ainda são mentais. Eles podem desempenhar uma parte na vida do discípulo espiritual que se eleva o suficiente, como foi evidenciado na experiência de Moisés, mas eles o farão apenas por uma razão. Moisés não fez uso nenhum desses truques mentais quando ele estava na fase de liderar o povo hebreu, mas sim na presença do faraó e todos os seus magos. Como podemos saber se ele não se sentiu obrigado a provar-lhes o que ele poderia fazer em sua própria linguagem, a única que podiam compreender?

Uma pessoa de mentalidade desenvolvida pode retirar a consciência de qualquer parte do corpo dele, e não ter nenhuma sensação lá. Na Índia, esse controle mental é uma forma de yoga que ensina um controle tão completo do corpo que uma pessoa pode virtualmente fazer qualquer coisa que queira com ele, dependendo do grau de sua prática e determinação.

Em nossa humanidade, geralmente estamos sujeitos aos caprichos do corpo: ele nos diz quando sente prazer, quando está com dor, quando está frio e quando está quente, e nós não parecemos ser capazes de fazer nada sobre isso, exceto mudar as condições externas, em uma tentativa de fazê-lo feliz. À medida que subimos no plano mental, no entanto, o corpo já não exerce tanto controle sobre nós, e muitas vezes, ao invés dele nos dizer, podemos dizer a ele como agir e sentir. Isso é porque nós chegamos a um nível em que percebemos que calor e frio não são propriedades do corpo: são propriedades da mente. O corpo não sabe quando está quente ou frio; nem sequer sabe se está vivo ou morto. A mente do homem sabe e, portanto, a mente pode ser treinada para alcançar esse ponto de desenvolvimento onde, independente de quão quente ou frio esteja o corpo, a mente não relata isso.

Homens de Iluminação Espiritual aprendem tudo que há para ser conhecido sobre a mente e o corpo, mas eles não usam esse conhecimento para realizarem truques, para mostrá-los, fazer uma exibição de poder. Se surge uma ocasião em que precisam usá-lo de modo sagrado e secreto para alguma demonstração de domínio, ou se há um momento em que sentem a necessidade de usá-lo em público, eles podem fazê-lo. Normalmente, no entanto, os de Iluminação Espiritual nunca recorrem a uma exposição do poder mental, mesmo sendo verdade que os espiritualmente iluminados saibam como a mente funciona e como ela pode ser manipulada.

A mente tem um propósito legítimo em nossa experiência. No momento atual, o mundo científico está começando a concordar com as descobertas de homens e mulheres espiritualmente desenvolvidos, que a mente é a substância deste universo físico. O universo que conhecemos com os sentidos físicos não é um universo material: é um universo mental. Este corpo material não é material: é uma criação mental, a criação da mente do segundo capítulo do Gênesis.

A substância do corpo é a mente. Em si mesmo, o corpo é morto; não tem vida, nem sensação, nem inteligência; não pode se mover por si mesmo. É a nossa mente que governa o nosso corpo e, portanto, o nosso corpo pode se comportar bem ou se comportar mal, de acordo com a nossa mente. Quando nós percebemos isso, podemos entender que, enquanto estamos operando no nível da mente, estamos operando no nível do bem e do mal, então isso não pode ser Deus. Deus não é bom nem mau: Deus é Espírito.

(A palavra espírito pode  ser um tanto genérica, no entanto é usada aqui de um modo singular)

No segundo grau, então, aprendemos que a Verdade com que a mente é imbuída torna- se tangível como a saúde do nosso corpo, como a abundância de nosso suprimento e como a harmonia de nossa experiência. Para uma exposição mais completa deste assunto, veja meu livro O Trovão do Silêncio“. Considerando que antes estávamos espiritualmente cegos, ignorantes e governados por circunstâncias, condições e experiências pré-natais, agora somos governados pela Verdade que mantemos em nossa Consciência. A Verdade é a Substância e a Lei da Harmonia, mas esta Verdade não flutua no ar: deve ser trabalhada e incorporada em nossa mente.

Se usarmos a mente para fins pessoais e egoístas, sem considerar os efeitos sobre os outros ou sobre o mundo, estaremos cavando problemas, porque, como nós semeamos, assim devemos colher. Se, ao usar nossa mente para o nosso próprio ganho ou satisfação, ferirmos alguém, a lesão retornará para nós. Não há como negar que podemos usar a mente de qualquer forma que quisermos usá-la – erroneamente, egoisticamente ou pessoalmente, e sem a devida consideração pelos direitos dos outros– mas isso pode ser extremamente perigoso e pode carregar consequências terríveis.

Enquanto a mente for governada pela Verdade, não haverá egoísmo, porque nós não estaremos direcionando a mente para fins específicos, mas apenas para atingir uma maior Consciência da Verdade, deixando essa Verdade mudar nossa Consciência.

Manter a Verdade na Consciência não é para o propósito de comprar automóveis caros, iates, palácios ou casas magníficas; não é com a finalidade de reduzir a febre ou de se livrar de uma doença. O propósito de acolher a Verdade na Consciência é espiritualizar mente e corpo para trazer ao nosso conhecimento a Luz da Verdade, de modo que todo o nosso Ser possa ser transformado de um senso materialista para um senso espiritual. Pela Verdade mantida em nossa Consciência, por essa renovação de nossa mente, somos transformados do homem da terra para aquele homem que tem seu Ser em Cristo.

Mas essa Verdade deve ser a Verdade sobre Deus. Não há verdade sobre o homem; não há verdade sobre o suprimento; não há verdade sobre saúde; não há verdade sobre segurança. A única Verdade que existe é a Verdade sobre Deus, a Verdade de que Deus é a substância do nosso corpo, de nossos negócios e de nossa vida. Deus é o cimento dos nossos relacionamentos humanos, Deus é nossa fortaleza e nossa torre alta. Nele, e não em estruturas materiais ou físicas, nós vivemos, nos movemos e temos nosso Ser.

Deus deve estar em tudo que fazemos ao longo de nosso trabalho no Segundo Grau – Deus! Habitando nesta Consciência de Deus como nosso Ser e Natureza, gradualmente todo ódio, medo e amor pelo mundo exterior desaparecem, e seu lugar é tomado por uma realização do Espírito Interior.

Cada palavra de Verdade que incorporamos em nossa Consciência se torna o sopro de vida para nós, até mesmo a própria atividade dos órgãos de nosso corpo. Nós não temos que pensar em nenhuma das nossas funções corporais: temos que pensar é em Deus como a Atividade e a Lei para o nosso Ser, e então toda a ação é realizada harmoniosamente e perfeitamente de acordo com a Lei Divina.

Originalmente, como foi criada, a mente era – e deve retornar a ser – um instrumento de Consciência e Conhecimento. Por exemplo, através de nossas faculdades mentais, podemos saber que Deus governa o clima, mas com a nossa mente não podemos tornar o tempo bom ou ruim, embora, percebendo Deus como a própria natureza, substância, e atividade do clima, possamos trazer um clima harmonioso em visibilidade. Usar a mente para criar algo ou atrair alguma pessoa para nós seria tirar a mente de sua órbita natural, e poderíamos, assim, trazer algo que poderia se tornar um Frankenstein para nós.

(Neste parágrafo  foi colocado que a mente pode ser usada como um instrumento, contudo a Mente de Deus não se enquadra neste contexto, pois nos foge qualquer termo para a sua referência)

Quando a mente é usada com o propósito de conhecer a Verdade, a Verdade então se torna a Lei da Harmonia para nossa experiência e nos liberta de todo sentido de limitação: física, mental, moral e financeira. A Verdade que nós mantemos em nossa Consciência assume nossa vida, eliminando discórdias e desarmonias e trazendo paz, harmonia e segurança.

É nesse Segundo Grau que decidimos se serviremos a Deus ou Mamom; e se decidirmos servir a Deus, devemos determinar quantas horas por dia vamos servi-lo. Eventualmente, aqueles que seguirem este caminho aprenderão que não há um momento sequer do dia em que sua mente não permaneça na Verdade. Eles não precisam declarar a Verdade conscientemente: eles estão vivendo isso. É o mesmo que viver uma vida honesta. Pessoas honestas vivem honestamente: elas não se pegam pensado idéias de desonestidade, mas isso não significa que eles têm que sair por aí declararando ou afirmando serem honestas. Se atingiram um estado honesto de Consciência, simplesmente vivem honestamente.

No desenvolvimento da nossa Consciência Espiritual, que significa nosso progresso ou viagem de um sentido material de vida para a volta à casa do Pai, podemos ter que conhecer e afirmar a Verdade por horas e horas e horas, para romper a aparência discordante. Nós temos que viver com esta Verdade até que, através das nossas meditações, venha o momento em que o contato com a nossa Fonte seja tão bem estabelecido que nós nunca teremos que usar a mente novamente para o propósito de conhecer a Verdade: a Verdade surge de dentro do nosso próprio Ser e se pronuncia para nós. Nós não a declaramos mais: ela declara a si mesma.

Quando a Voz se expressa através de nós, a cura é instantânea e completa. E é assim quando estudamos a Verdade, trabalhamos e vivemos com ela, enchemos nossa Consciência com a Verdade dia e noite; e então, um dia em nossa meditação, descobrimos que, sempre que for necessário que uma Verdade apareça, só temos que fechar os olhos, voltarmo-nos para dentro, numa atitude tipo “fala, Senhor pois teu servo escuta”, e então a Verdade surge de dentro e se anuncia a nós. Quando isso acontece, há sinais seguindo-se.

A princípio, enchemos nossa Consciência com a Verdade, até que a mente seja transformada de uma base material para uma espiritual; então paramos de usar nossa mente como um poder mental para fazer algo acontecer, e deixamos ela tornar-se uma via ou um instrumento de Consciência através do qual recebemos a Graça de Deus. Em última análise, nós vivemos pela Graça que flui do Espírito Interior, e isso se torna perceptível para nós através da mente.

Desde o momento da nossa entrada no primeiro grau, trabalhamos em direção ao objetivo da experiência de Deus. Mas enquanto, nesse grau, preocupamo-nos apenas com a prática da Presença de Deus e com a meditação, no segundo grau, começamos a aplicar toda Palavra de Verdade Espiritual que pudermos para a nossa vida diária, assim espiritualizando a mente, até que, eventualmente, nossa mente não mais busque qualquer tipo de arma – seja mental, verbal ou física – mas automaticamente volte-se para dentro por uma Palavra da Verdade.

Nesse estágio de Consciência, independente do problema apresentado, buscamos em nossa Consciência uma Palavra da Verdade com a qual o enfrentamos. Considerando que a mente humana pensaria em correr a um policial, a um tribunal de justiça ou a algum outro tipo de arma, corremos para dentro de nós mesmos pela Verdade, com a qual enfrentamos a situação. Agora estamos aprendendo a não usar os modos ou meios de vida comumente aceitos, mas confiar na Palavra da Verdade que está dentro de nossa Consciência. Eventualmente, nós vamos trazer de dentro de nossa própria Consciência Verdade suficiente para mudar todo o nosso mundo, porque estamos aprendendo, neste segundo grau, que nossa Consciência incorpora toda a Verdade que já foi conhecida desde o início dos tempos.

Por mais anos do que se pode ser contado, a religião teve a conversão de indivíduos como um dos seus objetos, na esperança de que, se todas as pessoas do mundo pudessem ser convertidas, um novo mundo emergiria. O que a maioria desses fanáticos não conseguiu perceber é que, no momento em que todos fossem convertidos, uma nova geração teria nascido, e eles teriam que começar todo o mesmo trabalho novamente.

O Caminho Infinito revela, no entanto, que a conversão do mundo ou mesmo de toda uma geração não é necessária: só é necessário que um número suficiente atinja a capacidade de voltar-se para dentro e extrair seu Bem Espiritual dessa Interioridade, e assim, a próxima geração nascerá em meio a essa nova Consciência. Mas ainda está fora do entendimento que o bem e o mal são impessoais e que o Estado de Consciência da próxima geração está sendo construído. O Estado de Consciência que estamos formando não é meramente a sua consciência ou a minha.

Pode ser a Consciência limitada ao tempo ou espaço? Não é toda Palavra da Verdade que está transformando nosso Estado de Consciência? E também, em certa medida, transformando o Estado de Consciência do mundo inteiro? Uma vez que a Verdade for trazida à luz na Consciência Individual, a próxima geração nascerá no mesmo Estado de Consciência que nós desenvolvemos.

A Consciência não pode ser limitada. Deus é a Consciência Individual e Deus é Infinito; portanto, nossa Consciência é Infinita. Através da percepção deste Infinito, um compositor poderia transbordar melodias originais para o mundo, ou um escritor poderia inventar novos enredos e ideias pelos próximos cem anos. Esta confiança completa na Consciência Infinita não implica em sair para o mundo por nada: significa ir para dentro de nós mesmos, trazendo todas as coisas necessárias como efeitos de um Impulso Espiritual, e contemplando como este Infinito forma a si mesmo no plano exterior.

A parte que a mente desempenha em tudo isso fica então aparente. Através da atividade da nossa mente, somos nós que nos voltamos à nossa Consciência, para o Centro do nosso Ser, para extrairmos a Verdade Espiritual. Assim, estamos enriquecendo toda a nossa vida – nosso corpo, assim como nossa mente.

A terra tem que ser fertilizada, tem que ter água e sol; e na medida em que recebe isso, produz frutos abundantes. Também conosco, a mente deve ser enriquecida; deve ser alimentada com carne, vinho e água espirituais; e o único lugar de onde se pode conseguir isso é da Alma, do nosso profundo Interior. Enquanto trazemos esse alimento para nutrir nossa mente, estamos construindo em nós essa Mente que também estava em Cristo Jesus, e essa mente se torna a substância do nosso corpo. Qualquer que seja a natureza dos alimentos, alimentamos nossa mente, e essa é a natureza da qualidade do nosso corpo, uma vez que a nossa mente é a substância do nosso corpo físico.

Toda vez que nos voltamos para dentro de nós e trazemos a Palavra da Verdade, nós a liberamos em nossa Consciência, e não só fertilizamos e enriquecemos nosso próprio Estado de Consciência, mas nós enriquecemos o Estado de Consciência do mundo.

A mente, em si mesma, não é boa nem má. A mente é incondicionada. Permanecendo “por trás” da nossa mente, temos o poder de preenchê-la com o bem ou com o mal, com abundância ou falta. Nós podemos encher a nossa mente com a Verdade, deixá-la vazia, ou podemos deixar que ela seja preenchida com o mesmerismo do mundo. A mente é incondicionada, e nós é que deixamos que ela seja permeada com o lixo “deste mundo” ou com sabedoria, com pensamentos materiais ou com espirituais.

Por ser a mente um instrumento, pode tornar-se consciente da Verdade em sua totalidade (???), ao passo que, se depender inteiramente do que já é conhecido, nunca pode sair de suas limitações auto-impostas e aprender o que se espera com sua abertura. Se não limitarmos nossa mente ao que ouvimos ou lemos enquanto estamos dispostos a nos voltarmos para o nosso Ser, poderemos ser ensinados por Deus – recebendo sabedoria, segurança e direção. Isso, no entanto, envolve uma rendição do pequeno “eu” e a capacidade de se aquietar e saber que o “Eu”, no Centro do Ser, é Deus; isso envolve uma vontade de escutar e deixar Deus dirigir e iluminar a mente.

Quando nós progredimos no Segundo Grau até o ponto de espiritualizarmos a mente, entendendo a mente como um canal incondicionado da Sabedoria de Deus e aprendendo a aquietarmo-nos, então, quando os problemas nos são trazidos para solução, não nos preocupamos em produzir pensamentos, mas voltamo-nos para dentro e permitimos que Sua Voz se pronuncie, deixando-nos instruir de dentro e deixando Seu Poder se manifestar.

Embora os estudantes levem, geralmente, de cinco a nove anos para abranger o Segundo Grau – não é um processo rápido – eles não têm mais que esperar longos anos para que os frutos apareçam. O fruto começa vir muito rapidamente: é apenas a “plena” realização que não vem tão depressa.

“Escolha você hoje a quem você servirá.” Devemos servir às discórdias e desarmonias deste mundo, juntamente com alguns dos seus prazeres, ou nos elevaremos acima de suas discórdias e prazeres, e aprenderemos o segredo de “Meu Reino”?

No primeiro e segundo grau, a maioria de nós atinge a harmonia do corpo, do bolso e das relações humanas, mas isso é apenas um passo no Caminho Espiritual, porque ainda não discernimos a real natureza da Imortalidade, da Eternidade e do Infinito, da Completude e da Perfeição. Isso está bem na nossa frente – mas não até que tenhamos englobado esses dois graus.

“Na quietude e na confiança está sua força… e saiba que Eu Sou Deus”. Eu, esse Eu bem lá no fundo, esse Eu que nos conforta, o Eu que é a Presença, esse Eu vai nos instruir. Então nós nunca teremos que usar nossa mente como um poder, mas esse rica comida espiritual que jorra de dentro de nós vai alimentar nossa mente e se tornar a substância e atividade da nossa vida e do nosso corpo.

(Deixo registrado aqui que considero toda esta explanação sobre a mente um tanto prolixa e confusa – nota do trad. G.S.).

(Acredito que, levando em consideração a época em que o livro foi escrito e por se tratar não somente de um tema metafísico, mas Divino (a Graça), algumas colocações podem se contradizer se observadas em determinados contextos, uma vez que primeiramente buscamos a racionalidade ao ler uma obra, e por vezes nos encontramos um tanto confusos, para mais tarde termos tido uma compreensão melhor do assunto)