O MESTRE ALQUIMISTA – UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

Muitos ocidentais acreditam que a Vida Mística não apenas é impraticável, mas é, em grande parte, uma invenção da imaginação.  Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão

Nesta era, no entanto, o Caminho do Misticismo está sendo mostrado, e não é algo mítico, misterioso ou oculto, mas Espiritual, e um modo de vida muito mais prático do que qualquer outro ainda concebido no reino humano. Isso muda a vida da experiência humana cotidiana e monótona, com suas tentativas e tribulações, seus altos e baixos, para um tipo de vida totalmente diferente, um vida a partir de dentro e, no entanto, não vivida por nós, mas sim vivida através de nós – uma vida em que passamos da vida tomada pelo pensamento e pelo nosso próprio esforço para viver pelo Espírito.

O Mestre Jesus Cristo ensinou seus seguidores a “não resistirem ao mal”, para cessarem contendas de todos os tipos, seja pela espada ou pela lei, e para dar o dobro em troca, se algo fosse tirado deles. Tal ensino soa muito impraticável para os dias de hoje, mas, de fato, é muito mais prático do que viver uma vida dependente de sua segurança por um exército, marinha ou força aérea: não só seríamos aliviados da despesa impressionante de mantê-los, mas também seríamos aliviados de qualquer perigo de um suposto inimigo, porque, neste modo de vida, não há inimigos. Seria tão impossível viver com esta Presença Transcendental e ter um inimigo quanto seria viver com Ela e depois encontrar- se em perigo de cobras, animais selvagens, fome ou qualquer outra forma de discórdia mental.

Essa é uma idéia muito difícil para a mente humana entender. O que a mente não iluminada vê, ouve, degusta, toca e cheira parece tão real, e o universo material e mental parecem tão reais que nada poderia ser considerado tão ridículo quanto estar diante da mais alta autoridade temporal da época e calmamente declarar: “tu não terias nenhum poder contra mim, se não te fosse dado pelo Alto”, ou para dizer: “destrua este templo e em três dias Eu o levantarei”. A mente humana é simplesmente incapaz de entender tal atitude, mas essa é a mente humana. A mente incondicionada, a mente iluminada, a
mente que compreende o significado da palavra Eu, essa mente é um instrumento para a atividade da Consciência Divina.

Quando podemos nos elevar ao Estado Quadridimensional de Consciência, nós não precisamos de mais nada do que alguém possua: nós então não vivemos em liberdade do medo, pois não há nada a temer; vivemos em paz, segurança e liberdade de todas as discórdias da experiência humana. Quando a Consciência do Mestre torna-se nossa

Consciência, e quando entramos nesse círculo da Eternidade, nós também podemos saber:

Dentro do meu próprio Ser, eu tenho o Reino de Deus. Não está fora, ou nos céus: o Reino de Deus está dentro de mim.

(Gostaria de narrar brevemente uma experiência pela qual passei na ocasião em que permaneci mais ou menos 100 dias em estado de coma: No meio de várias paradas cárdio- respiratórias eu sabia que iria passar para uma outra dimensão, estava sofrendo muito, ouvia vozes dizendo ele está morrendo, ele está morrendo… Eu caí sobre um pedalinho sobre um lindo lago. O cenário talvez seja um tanto inenarrável, todos me aplaudiam por ter chegado lá. Ali eu estava saudável e toda a minha vida talvez tivesse sido um pesadelo. Ali todos me conheciam, era bom estar ali, era MARAVILHOSO estar ali, não sei explicar, nada me incomodava, era tudo Divino… Se o que senti foi um décimo do que significa Plenitude, A PLENITUDE É MARAVILHOSA.)

Neste momento de quietude, eu ouço Deus dizer: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que eu tenho é teu. Eu tenho carne que o mundo não conhece. Eu sou a carne, o vinho e o pão. Eu sou a Ressurreição, Eu sou a Vida Eterna”.

Tudo isso está dentro de mim; tudo isso está incorporado na minha Consciência. Tudo isso constitui a plenitude do meu próprio Ser.

Eu mesmo incorporo o Reino de Deus e tudo o que está nele. Eu não tenho que cobrar o favor de “príncipes”, porque eu incorporo o meu pão, carne, vinho e água, por toda a Eternidade.

Dentro de mim há uma Presença que diz: “Eu nunca te deixarei, nem te desampararei. Eu estarei contigo até o fim do mundo. Eu souo teu pão, a tua comida e a tua água”.

Este Reino já está estabelecido dentro de mim, e eu não preciso buscar qualquer coisa fora do meu próprio Ser.


Tal relacionamento com nossa Fonte faz com que nosso relacionamento com cada pessoa seja de amor e partilha. É literalmente verdade que agora nós não precisamos de mais nada que alguém tenha e que ninguém precisa de qualquer coisa que tenhamos, porque dentro de nosso próprio Ser está estabelecido este celeiro infinito, este Infinito Bem, esta Plenitude de Deus. Conforme continuamos a olhar para dentro, Ela se transborda abundantemente como o que precisamos, e ainda sobrando doze cestos cheios para compartilhar com os outros.


A chave para viver uma vida completa e plena está na percepção de que existe uma Presença Mística Transcendental dentro de nós, que já supriu nosso sustento infinito por toda a eternidade, que contém em Si Mesma nossa companhia para a eternidade, e contém dentro de Si o Poder de nos preencher.


Que milagre acontece em nossas vidas, quando nossa visão é removida de olhar para uma pessoa como uma possível fonte de algo, e a realização que nasce quando percebemos que tudo o que podemos precisar da Abundância Infinita está dentro de nós
pela eternidade! Que coragem e força é a nossa! Não mais vivemos de nosso poder intelectual, nosso poder físico, nossa herança, ou em virtude de nossos negócios ou emprego: agora vivemos porque sabemos que há uma Presença Mística chamada “Eu” dentro de nós, um Eu que é nossa Substância Eterna, e para a qual podemos olhar realizando a Si Mesma e multiplicando-se.

Mas assim como não temos como provar que uma macieira tem vida, porque nunca vimos a sua vida, também nunca podemos ver, ouvir, provar, tocar, ou cheirar esta Interioridade Invisível. Nós sempre seremos capazes de testemunhar seus frutos, assim como, em todas as primaveras, vemos a Vida Interior Invisível da macieira fluindo e se manifestando, produzindo botões, flores, folhas e, eventualmente, frutos. Olhando para a árvore em plena floração, temos pouca dificuldade em acreditar que aquela árvore tem uma vida bela e abundante, uma vida presente mesmo nessas temporadas em que a árvore parece estar morta e estéril. A Vida é Invisível, e apesar de nunca vermos a vida, vemos os frutos dela.


É assim que, apesar de nunca vermos o Cristo do nosso próprio Ser, e nem com os nossos olhos veremos o Cristo do Ser do outro, sua Presença é fácil e rapidamente reconhecível naqueles que vivem na Consciência constante da Interioridade: brilha uma Paz Interior, Integridade e Alegria que tornam-se imediatamente aparentes. Mais do que isso, existe a medida necessária de abundância em sua vida, bem como a saúde, proteção e segurança.


Em algum momento do progresso do iniciado no Caminho, ele sente essa Presença Invisível que se agita e, ou fala com ele em Voz silenciosa suave e pequena, ou de alguma outra forma lhe dá a garantia de que está com ele e que nunca o deixará:

Vive, move-te e tem teu Ser em Mim; viver, mover e ter o teu Ser na percepção de que Eu estou aqui, que Eu vou adiante de ti e endireito teus caminhos, e preparo mansões para ti.

Eu vou adiante de ti para multiplicar os pães e os peixes. Eu vou adiante de ti para ser o cimento do amor entre ti e todos os que conheces em teu trabalho e vida familiar.


Eu sou Ele que é teu descanso e o teu lugar de permanência.

Fica quieto e sabe que Eu, no meio de ti, sou Deus, uma Presença Invisível, Intangível para o sentido humano, mas tangível em expressão e prática na vida.

Sobre esse momento que chega, eu não daria a ninguém a impressão de que, até esse momento, não há muitos períodos de dúvida, frustração, e às vezes até falsas esperanças – e depois disso, há outro período em que há muitas alegrias e muitos sucessos; e depois, ocasionalmente, mais dúvidas e frustrações, porque a plenitude da Realização ainda não foi experimentada. Até que essa plenitude chegue, temos o
benefício de professores e a companhia um do outro, e depois, surgindo essa Plenitude, toda uma nova vida se abre, uma vida de dedicação, cheia de novas alegrias e novas experiências. Capacidades ocultas e talentos ocultos vêm à luz conforme essa Presença percebida abre um novo caminho de vida e novas perspectivas de experiência.

Até que a Iluminação ocorra, não vivemos uma vida plena, e nem mesmo uma vida protegida por Deus, porque estamos vivendo separados e à parte de Deus – não que Deus esteja ausente de nós, mas se Deus não é conscientemente percebido, é como se Ele não estivesse lá. É a experiência da Iluminação – darshan ou satori – que nos desperta para a Presença e o Poder invisíveis que viverão nossa vida por nós, instruindo, ensinando, orientando, dirigindo, apoiando, mantendo e nos sustentando. Isso não é realizado pela nossa direção ou ordenação da Presença, mas sim pelo relaxamento na Presença, deixando-a tomar as decisões quanto à direção devemos ir, em que capacidade devemos funcionar, e quando, onde e porquê. Toda essa atividade permanece no plano interior, sem tomar pensamento consciente, e ainda assim, os frutos aparecem na vida exterior.

Nesta fase da nossa vida, entramos no que pode ser chamado de vida de oração, uma oração sem cessar. De manhã cedo à noite, e às vezes no meio da noite, estamos vivendo constantemente e conscientemente na percepção:

Tu dentro de mim és poderoso. Tu dentro de mim és a Presença e o Poder em que eu descanso. Tu és o meu pão e a minha carne; Tu és a inspiração da minha vida e sua realização.

Há uma comunhão constante acontecendo com essa Graça Interior, e antes que a conheçamos, estamos testemunhando experiências em nossos vida que não colocamos conscientemente em movimento e que reconhecemos ser o resultado da Graça, um ato de Deus trazido para a nossa vida, sem qualquer vontade humana. Quando isso começa, nossa fé e confiança se aprofundam; nós relaxamos sobre nossos medos do amanhã, próximo mês, ou próximo ano, na garantia: “o que mais posso ter do que a Presença Divina do próprio Deus dentro de mim, a Fonte de tudo, o Criador de tudo, o mantenedor e sustentador de todos? E tudo isso está muito próximo, dentro de mim!”


Tal garantia nos permitiria olhar todo homem, mulher e criança no rosto, e dizer: “você nunca terá que me temer. Tenho acesso a uma Fonte Divina da qual você não sabe. Eu tenho carne que o mundo não conhece. Mantenha o que você tem; aproveite o que você tem: eu não tenho planos sobre isso”. O milagre é que nunca seríamos chamados a dizer ou mesmo pensar isso, porque agora que temos essa Fonte Infinita dentro nós mesmos, ninguém poderia entrar em nossa presença sem sentir que ele não tem que colocar uma parede mental de proteção contra nós. Linhas de ansiedade e preocupação
desaparecem do nosso rosto: brilha a confiança e certeza de nossa própria abundância, e também nossa vontade de compartilhar. Nossos olhos são puros: não desejam mais olhar para fora deles; não têm mais medo a assombrá-los. Toda a nossa atitude testemunha o fato de que encontramos a lâmpada de Aladim.

“A lâmpada de Aladim” geralmente é colocada na categoria do conto de fadas, mas é realmente a história mais verdadeira em todo o mundo, construída sobre a Verdade, mas escrita de tal forma a esconder a Verdade daqueles muito grosseiros para perceber isso. Esta é a história do Eu, o Eu que está dentro do nosso Ser, o Filho de Deus, a Presença que é o Poder da Ressurreição para o nosso corpo, trabalho, casa e família. Seja qual for o templo da nossa vida que tenha sido destruído, Eu vou levantá-lo novamente. Este Eu que está dentro do nosso próprio Ser, Este é a lâmpada de Aladim – e nós não temos que esfregá-la, nem precisamos contar nossos desejos. Conhece a nossa necessidade antes que possamos pronunciá-la, e é de Seu agrado cumprir isso. Nossa única parte é lembrar que temos a lâmpada de Aladim escondida; nós temos o Poder da Alquimia.

Cada um de nós tem um Mestre Alquimista dentro de si mesmo, e seu nome é “Eu”. Esse Eu vai levar as impurezas da natureza humana e refiná-las. Esse Eu levará a ignorância e proverá o conhecimento necessário em seu lugar; levará a natureza humana mais densa, mais material, e nos fará evoluir para o Cristo; levará o humilde pescador ou o cobrador de impostos e fará dele um discípulo espiritual.


Ponce de Leon saiu procurando no tempo e no espaço pela fonte da juventude, e todo o tempo ele a estava carregando em seu próprio peito. Não há maior fonte de juventude do que EU SOU: Eu é a Fonte de Juventude; Eu Sou a Fonte da Vida Eterna.


O Mestre não disse à mulher de Samaria no poço “Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”? E Eu posso – esse Eu que está no meio de nós, se é que sabemos quem esse Eu é e o que esse Eu é. Se pudéssemos conhecer o Eu que está no Centro do nosso Ser, nós teríamos a Fonte da Vida Eterna, a Fonte da Juventude, dentro do nosso próprio Ser.


A Vida Mística tem a ver com o segredo da nossa Verdadeira Identidade. “quem dizem os homens ser o Filho do homem?…E vós, quem dizeis que eu sou?” Se nós subíssemos ao nível espiritual de um discípulo, nós responderíamos: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Tu és o Amado do Pai. O Pai está em Ti e Tu estás no Pai, pois Tu e o Pai são Um, assim como Eu estou no Pai e o Pai está em mim. E Tu estás em mim e eu estou contigo, e somos Um no Pai”. Isso conclui o círculo. Quando percebemos que, por causa desse Eu que somos, porque o Eu dentro de nós é Um com Deus, e porque existe apenas Um Deus e, portanto, apenas Um Eu, nós somos Um com toda Identidade Espiritual no mundo do passado, do presente e do futuro. Somos Um com toda a
Identidade Espiritual, seja no nível do santo, do ser humano, do animal, vegetal, ou mineral.

Somos Um com o Infinito por causa da nossa Unidade com o Eu que somos. O Eu que eu sou é o Eu que você é, pois só existe Um Eu, o Pai no Céu; e ele é seu Pai e meu Pai; Ele é o Eu do seu Ser e o Eu do meu Ser. Portanto, quando Eu Sou Um com meu Pai, Eu Sou Um com você, Um com sua Identidade Espiritual, com o seu Amor, com a sua Vida, com a sua Verdade, mas não só com você que é ser humano, mas com você do mundo animal, do mundo das aves, do reino vegetal e mineral.

Todos nós nos conhecemos, por causa de nossa União com o Eu que somos. Não há nada de ficção sobre a alquimia, a transformação de impurezas ou metais comuns em ouro. Isso não é ficção: isso é fato. Quando a alquimia acontece em nós, quando esse catalisador, o Espírito Divino, nos toca e transmuta a parte básica e inútil de nossa natureza em Ouro de nossa Natureza Espiritual, na Pureza da Consciência Divina, em algum grau somos menos humanos do que éramos, e agora mais Divinos.