Viver no Meu Reino é viver no círculo da Eternidade. “Este mundo” é o mundo da humanidade, mas o Meu Reino é de uma natureza diferente. (Já o círculo da humanidade é a roda deSansara, ou ciclo de encarnações).
Traduzido por Giancarlo Salvagni – Observações em vermelho e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
Meu Reino não é o reino da saúde física. Meu Reino não é o reino das riquezas materiais. Nós todos sabemos o que constitui saúde física, mas qual é a saúde do Meu Reino? Qual é a saúde do Reino Espiritual? Qual é o estado da saúde de Deus? E do estado de saúde do Filho de Deus?
Sabemos de que o suprimento material e riqueza material são constituídos, mas o que são riquezas celestiais? (Einstein afirmou que a realidade é mera ilusão, ainda que bem persistente…; ele se referiu à realidade concreta (material), com certeza ele devia crer que existe uma Realidade Maior)
O que significa ser “co-herdeiro de todas as riquezas celestiais”? Quais são as riquezas celestiais de que somos herdeiros e que, no entanto, não estamos desfrutando na cena humana? Elas não podem ter nada a ver com tais coisas como dinheiro, investimentos ou propriedades, porque “Meu Reino não é deste mundo”.
No Caminho Espiritual, portanto, não adianta ir ao “Meu Reino” para obter algo deste ou para este mundo. Devemos buscar primeiro o Reino de Deus; devemos aprender a orar, para que, ao rezar a um Deus Espírito, oremos apenas pelas riquezas celestiais, saúde espiritual e companheirismo espiritual.
Enquanto tentarmos obter riquezas materiais, saúde física ou companheirismo humano, é isso que vamos conseguir, e às vezes isso pode ser bom e às vezes muito mal, às vezes correto e às vezes errado, porque toda a materialidade é composta da crença em dois poderes – o bem e o mal. Mas se mantivermos nossa Consciência alinhada com a Realidade Espiritual, mantendo nossos desejos no reino da forma espiritual e bem-estar espiritual, sentiremos a alegria e a paz da Unidade Espiritual.
Procurar conhecer a natureza das riquezas celestes, da saúde espiritual, e do companheirismo espiritual não é procurar por nada de natureza material ou humana: é um descansar na Graça do Reino Espiritual . A palavra “Graça” não pode ser traduzida em tais coisas como dinheiro, casas ou famílias. Nós temos que deixar a palavra “Graça” exatamente como ela é, e se não entendemos o significado da Graça, podemos sempre orar para que Deus revele a Sua Graça para nós.
Livrarmo-nos dos problemas antes de termos atingido a Sabedoria Espiritual apenas abre o caminho para outro problema, ou sete problemas, até sermos obrigados a aprender a orar corretamente. Por exemplo, se uma dor de cabeça ou qualquer outro mal puder ser removido sem avançarmos na compreensão espiritual, o que se ganhará, exceto um período temporário sem dor de cabeça? Mais cedo ou mais tarde, outra dor de cabeça virá, e teremos que nos posicionar e perceber que esse problema estará conosco para sempre, a menos que nos seja dada a sabedoria necessária com a qual conhecê-lo. Assim como Jacó lutou a noite toda com o anjo, rogando para que ele não o deixasse até que ele tivesse recebido sua Iluminação ou a Verdade Espiritual necessária ao vencer, assim também nós devemos ser firmes na oração.
(Geralmente ou quase sempre almejamos algum paliativo ou desejo passageiro utilizando recursos mentais, e por vezestentamos barganhar com Deus)
Somente nossos problemas nos compelem a buscar o Bem Espiritual. Em sua maioria, os seres humanos contentam-se com boa saúde, uma suficiência de sustento e felicidade moderada na vida familiar, e, após estas necessidades serem satisfeitas, muitas pessoas sentem que há pouco mais a ser desejado da vida. (Infância espiritual) . Aqueles de nós, no entanto, que tiveram problemas lançados sobre si, não por Deus, mas pela sua ignorância de Deus, e tiveram que passar por algumas experiências muito difíceis, sabem disso, e, sem esses problemas, nunca teriam se elevado acima do nível de serem apenas bons seres humanos.
Viver a Vida Espiritual e rezar corretamente significa que, na medida possível, colocamos o problema de lado, e começamos com a percepção de que o Reino de Deus não é deste mundo, então é inútil orar por qualquer coisa deste mundo. Vamos, portanto, aprender a orar por essas coisas que são do Meu Reino, e buscar apenas a Graça desse Reino.
Nossa função no caminho espiritual é aprender de que consiste o Reino de Deus. Isaías disse: ” Deixai-vos do homem cujo fôlego está nas suas narinas; pois em que se deve ele estimar?” O ser humano é aquele “homem cuja respiração está em suas narinas”. Por que então, devemos pensar em tornar esse homem melhor, mais saudável ou mais rico? Por que pensar sobre ele, quando podemos pensar no Filho de Deus? Mas primeiro devemos saber o que o Filho de Deus é.
Os gregos antigos ensinavam: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. E o que é esse Ser, senão o Filho de Deus em nós? Há uma parte de nós, uma área de nossa Consciência, que é o Filho de Deus, mas quão poucos de nós tem algum conhecimento desta parte do nosso Ser ou qualquer entendimento do nosso Eu mais íntimo! Como podemos conhecer o Filho de Deus em nós?
Somente voltando-nos para onde o Reino de Deus está, tomando um tempo para estarmos sozinhos, para buscarmos o Reino de Deus dentro. Se temos que implorar a Deus, então vamos implorar a Deus que Ele se revele, que revele o Filho de Deus em nós, que revele a natureza da Sua Graça e do Reino Espiritual, e a natureza das riquezas celestiais das quais somos herdeiros.
Ao nos entregarmos à busca desse Reino Espiritual, nós descobrimos que nosso mundo exterior se encaixa sozinho; as coisas começam acontecer; e, de repente, acordamos para descobrir que a Graça de Deus nos trouxe algo de uma natureza incomum, na forma de uma cura, um enriquecimento, um suprimento, uma companhia, ou o professor cuja função é abrir nossos olhos. Mas esses não virão enquanto estivermos orando por eles.
Eles vêm, não pensando ou orando por eles, mas deixando-os fora do nosso pensamento e deixando Deus cuidar de todas as nossas necessidades à sua maneira, enquanto concentramos nossa atenção no que é o Reino de Deus realizado. Todas as coisas duradouras do reino material nos são adicionadas quando não oramos por elas, quando buscamos apenas o Reino, quando nosso pensamento não está mais nas coisas deste mundo e está centrado no Reino Espiritual.
Quando avançamos o suficiente neste Caminho, sem dúvida, nós também seremos tentados a usar o Poder Espiritual como tentado foi o Mestre, e é então que devemos resistir à tentação de realizar milagres, e sermos guiados pela Sabedoria Espiritual do Mestre para não glorificarmos ou atendermos o “eu”. Se pudéssemos transformar pedras em pão, não precisaríamos de Deus, e aqueles de nós que estão no Caminho Espiritual prefeririam ser famintos do que não precisarem de Deus.
(Não existe pensamento mágico, ou melhor, existe, contudo não passa de um pensamento mágico, com início e fim)
Seria trágico chegar ao ponto onde nós acreditássemos que subimos tão alto que Deus não teria lugar em nossa vida (tão alto quanto a Torre de Babel – nota do trad.). Em vez, então, de tentar executar um milagre para demonstrar poder, vamos vencer a tentação de orar por pessoas, condições ou circunstâncias, e tornar nossa vida de oração em uma de busca espiritual, busca espiritual de Iluminação e Graça Espiritual, orando pela compreensão da natureza das riquezas espirituais e da Realização Espiritual.
O que é satisfação? O que “na tua presença há plenitude de alegria” pode significar? Como essa plenitude expressa e interpreta a si mesma? O que é a plenitude de Deus? Quando buscamos a compreensão dessa Sabedoria Espiritual , todas as coisas nos serão acrescentadas, e elas aparecerão no devido tempo, sem pensarmos: só precisamos fazer tudo que nos é dado fazer a cada hora de cada dia, e fazê-lo no melhor de nossa capacidade, mantendo nossa mente centrada em Deus, nas coisas de Deus e no Reino de Deus.
Como já foi apontado anteriormente, um dos princípios cardeais da Vida Espiritual é que, para a Consciência Transcendental, poder temporal não é poder, seja de natureza física ou mental. Só a Graça de Deus é Poder, só a Consciência Realizada em Unidade, só o Um Poder e o não-poder de tudo o mais que não seja Deus. As orações fracassaram porque foram, em grande parte, uma tentativa para superar um poder temporal que, na realidade, não é um poder. Tal oração é como tentar superar a miragem no deserto ou como tentando superar que duas vezes dois sejam cinco. Como podemos usar um poder sobre uma inexistência?
O mundo humano está cheio de poderes temporais: doença, dinheiro, política, guerra e preparativos para a guerra. Persistir no antigo tipo de oração para “Deus vencer nossos inimigos”, ou “Deus superar aquelas bombas atômicas” é desperdiçar tempo e energia preciosos, porque orações assim nunca tiveram sucesso e nunca terão sucesso.
A luta física e mental e, afinal, a tentativa de usar Deus para superar os males deste mundo deve falhar, porque esses males não são poder, e não precisam ser superados. É apenas a nossa aceitação da crença universal de que o mal é um poder que nos faz permanecer em condições ruins. No instante em que aceitamos a Deus como Onipotência, nossos problemas começam a desaparecer.
Quando percebemos que o Reino de Cristo não é deste mundo e, mais ainda, que esse Reino é o Único Poder no mundo, então, quando somos apresentados a uma aparência maligna, não importa quem ou o que possa ser, paramos e nos perguntamos: “isso é poder espiritual? Isso é poder maligno de Deus? Pode haver um poder maligno vindo de Deus? Não é essa reivindicação de poder, portanto, apenas poder temporal?
Todo o ensinamento do Mestre foi para revelar a falta de poder daquilo que aparece como poder. Para o cego, ele disse: “abra os olhos”: ele sabia que não havia poder para mantê-los fechados. Para o homem com a mão ressequida, ele conseguiu dizer: “estende a tua mão”: ele sabia que não havia poder para deter a mão. Todo o ministério de Jesus foi uma revelação de que o que é chamado “este mundo”, enquanto existe, existe apenas como uma aparência, e não como poder, e lhe foi dada a missão de dissolvê-lo. Essa percepção nos permite sentarmos em silêncio e confiança, e perceber:
Somente Deus é poder. Isso que tem me incomodado e que eu tenho lutado contra é apenas uma aparência que eu estou mantendo em meu pensamento, como uma imagem mental: não é realmente uma coisa. Eu não posso vencer uma batalha contra nada, mas posso relaxar em quietude e confiança, e perceber que esta imagem, com a qual eu sou confrontado, não é nada mais que uma imagem – não uma pessoa ou uma condição, mesmo que pareça como pessoa ou condição.
Tão logo reconheçamos o mal como poder temporal, podemos internamente sorrir e perceber que isso não significa poder, porque aquilo que não é de Deus não é poder. Deus nos deu domínio sobre tudo isso que existe e, portanto, isso que aparece como efeito é temporal. Todo o Poder é Invisível. Este perigo tão visível e aparente não pode ser poder e não pode ser de Deus.
E quando nos sentamos ao lado de uma pessoa que está doente, e percebemos: “eu não vou dar poder a esta doença, a este pecado ou a este falso apetite; isto é poder temporal, o que significa que não é poder, e eu não vou acreditar nele”, vamos encontrá-la cada vez melhor, e então vamos saber que nós provamos, ainda que de maneira pequena, que o poder temporal não é um poder, de forma alguma.
A Vida Espiritual não é a superação do mal, mas o reconhecimento da natureza do mal: o mal não é ordenado por Deus; o mal não tem lei de Deus para sustentá-lo; o mal não tem existência de Deus, propósito de Deus, vida de Deus, substância de Deus, ou lei de Deus: é temporal, é o “braço de carne”, ou seja, não é nada.
Enquanto estivermos orando por um poder divino para vencer o mal, nós estamos resistindo ao mal, mas quando estamos ancorados na Verdade, relaxamos na percepção de que essa coisa que está diante de nós é uma miragem, e não um poder, e que não precisamos temer o que o homem mortal pode fazer a nós, ou o que ele pode pensar ou ser. Todo medo do poder mortal é dissolvido, seja poder temporal, poder material, leis de infecção, contágio, calendários ou idade, porque sabemos que nada no reino do efeito é poder. Todo poder é invisível, e aquilo que está aparecendo para nós como poder é uma imagem mental no pensamento, uma imagem, um conceito errôneo de poder.
Conhecer essa Verdade nos libertará, e então conhecendo-a, nossos pensamentos e ações devem estar de acordo com essa Verdade que estamos conhecendo. Não podemos negar o poder do efeito e no minuto seguinte entrar nele, ou, para ser mais direto, não podemos negar o poder do efeito e, em seguida, odiar alguém ou temer alguém porque ele é um parte desse efeito.
Se não conseguimos fazer isso cem por cento, ou se ocasionalmente nós falhamos, não devemos nos desanimar. É dificil para qualquer um mudar da noite para o dia de um estado material de consciência para um Estado Espiritual de Consciência, ou tornar-se total e completamente espiritual depois de apenas um ou dois anos de estudo e meditação.
Sejamos gratos, desde o momento em que pusemos os pés no Caminho Espiritual e começamos a viver dessa maneira, por, em alguma medida, estarmos atingindo aquela “Mente … que também estava em Cristo Jesus”; e nessa medida, por menor que seja, estamos demonstrando externamente os frutos disso. O ponto não é que esperamos alcançar a Cristandade de uma só vez, mas com esse tipo de oração e meditação em todos os dias, estamos alcançando alguma medida dessa Mente Crística. Ao olharmos para o universo temporal, percebamos:
Este mundo não é para ser temido, ou odiado, ou amado: ele é a ilusão, e exatamente onde a ilusão está, o Reino de Deus está, Meu Reino.
Meu Reino é a realidade. Isso, que meus olhos vêem ou meus ouvidos ouvem é uma falsificação sobreposta, não existente como o mundo, mas como um conceito, um conceito de poder temporal.
Meu Reino está intacto; Meu Reino é o Reino de Deus; Meu Reino é o Reino dos Filhos de Deus; e Meu
Reino está aqui e agora.
Tudo o que existe como um universo temporal é sem poder. Eu não preciso odiar, temer ou condenar: só preciso entender.
Quando somos capazes de entender a natureza do universo temporal, as formas deste mundo começam a desaparecer: formas de doença, pecado, falsos apetites, falta e limitação. Tudo isso vai caindo e, em seu lugar, haverá condições e relacionamentos harmoniosos, e esses serão as manifestações do nosso Estado Superior de Consciência.
Nosso mundo é a externalização do nosso Estado de Consciência: assim como nós semeamos, assim também devemos colher. Se semearmos para a carne, colheremos corrupção: pecado, doença, morte, falta e limitação. Se nós semearmos para o Espírito, nós vamos colher a Vida Eterna.
A palavra “semear” pode ser interpretada como “ser consciente de”. Se estamos conscientes de que o Reino Espiritual é o real, e que aquilo ao qual os cinco sentidos físicos prestam testemunho é sem poder, temporal, o “braço da carne”, semeamos para o Espírito e colhemos a harmonia no corpo, mente, bolso e relações humanas. Se nós continuamos a temer “o homem, cuja respiração está em suas narinas”, se continuamos temendo a infecção, o contágio e as epidemias, estamos semeando para a carne; enquanto que, se percebermos que Todo o Poder está no Invisível, nós semeamos para o Espírito e colheremos Harmonia Divina.
Meu Reino, o Reino de Cristo, é o Real e é Poder. Tudo o que vemos, ouvimos, provamos, tocamos e cheiramos, o reino temporal, é ilusão e não é poder.
O Caminho Espiritual é um campo de treinamento onde ganhamos a convicção que o mundo temporal está se apresentando apenas como uma imagem de poder temporal, e poder temporal não é poder. Somente o Invisível é Poder, o Invisível que é o “Eu” que realmente somos.
Consideremos agora nossa ideia em relação ao corpo. Porque nosso corpo é visível, não há poder nele; não pode estar bem, nem doente: o poder está no Eu que somos. Se acreditarmos que esse corpo tem poder, estamos dando poder ao universo temporal. Olhando para um mundo finito e um corpo finito, podemos mudar toda a nossa experiência ao perceber que:
Desde que você é efeito, o poder não está em você; o poder não está neste corpo: o poder está em Mim. Eu dirijo meu corpo, e meu corpo não pode me responder. Eu falo com ele e garanto que sou a sua vida, sou a sua inteligência, Eu sou sua substância, Eu sou sua lei – que Eu Sou – e então o corpo tem que obedecer.
Tal prática nos afasta da busca por um bem material. Nós não estamos pensando em termos de um corpo físico melhor: estamos “ausentes do corpo e. . . presentes com o Senhor”, e toda a nossa atenção está voltada na direção da Harmonia Espiritual, e não em melhores relações humanas, melhor saúde, e não apenas mais dólares, mas para a paz e harmonia do Meu Reino:
Meu Reino reina aqui, não o bem humano e nem o mal humano – Meu Reino, o Reino de Deus.
Se existe algum mal humano aqui, qualquer pecado, qualquer ódio, inveja, ciúme, ou malícia, e daí? Não é pessoa e não é poder. Não pode se manifestar e, portanto, tem que morrer de seu próprio nada. Isso é temporal e é impessoal; é para sempre sem uma pessoa em quem ou através de quem se manifestar. É o “braço da carne”, não é nada.
O Amor Divino, não o amor humano, é o Único Poder que opera aqui onde eu estou. A Sabedoria Divina, não a inteligência humana, é o Único Poder operando em minha vida.
Assim, mais e mais nossa atenção fica centrada no Reino de Deus e Sua Graça, e não na forma e efeito. E então, como estamos ausentes do corpo de forma e efeito, este corpo, forma e efeito aparecem harmoniosamente.