VIVER ACIMA DOS PARES DE OPOSTOS – UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

Desde o tempo da criação, segundo o capítulo dois do Gênesis, o homem tem vivido em um mundo de dois poderes, oscilando entre o bem e o mal, e muitas vezes experimentando mais do mal do que do bem. Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão

Quando ele ganha o conceito de Um Poder, Um Só, e percebe que não existe nem um bom poder nem um poder do mal, ele não é mais fascinado pelo bem ou o mal da experiência humana, e ele se torna menos identificado com sensações que surgem, de um ou de outro.

O homem gradualmente aprende a olhar para o mal sem emoção, sem ligá-lo a qualquer um, pode-se dizer quase sem empatia. Ele reconhece a natureza da aparência e, em vez de aceitá-la como real, ele a aceita como uma aparência, ou como uma experiência ilusória. Isso nem sempre é fácil de fazer, e é muito mais fácil ver a natureza ilusória de uma aparência do mal do que ver a natureza ilusória de uma aparência do bem; mas, fácil ou difícil, a atitude que deve ser alcançada e sustentada é que, se o bem não é de Deus, não será permanente, e, portanto, não há utilidade em regozijar-se com isso.

É óbvio que essa atitude retira muito prazer dos aspectos humanos da vida, assim como retira também muita miséria dela, mas substitui essas emoções humanas por uma convicção interior de que, por trás dessa cena visível, há uma Realidade Espiritual, que a qualquer momento pode chegar à plena vista.

Quando um pedido de ajuda chega, nossa primeira reação humana natural é o desejo de mudar a aparência do mal para uma boa. Se somos bem sucedidos na Vida Espiritual, no entanto, devemos trazer muito rapidamente para a Consciência o entendimento de que o objeto de um ministério espiritual não é transformar a doença em saúde, pois a saúde é apenas uma daquelas condições temporárias que se tornam doenças amanhã, na semana seguinte, ou no próximo ano; não se deve condenar o mal e tentar trazer o bem, mas sim afastar-se da aparência e manter nosso olhar no Caminho do Meio, percebendo que exatamente onde há uma aparição do bem ou do mal, existe a Realidade Espiritual.

Uma aparência maligna de hoje pode mudar para uma boa aparência amanhã, e, como bem sabemos, toda boa aparência pode em breve ser transformada em má: um dia de paz na Terra pode ser apenas uma pausa momentânea antes de outra guerra; saúde perfeita hoje é apenas uma condição temporária que germes ou a passagem do calendário podem mudar. Na cena humana, somos como uma ciranda, que roda e roda sem parar; na cena humana, nós balançamos como um pêndulo, entre doença e saúde, entre falta e abundância, entre guerra e paz, indo e voltando, mas nunca chegando a lugar nenhum.

Mas os pares de opostos não operam no Meu Reino: Meu Reino é um Reino Espiritual em que tudo está intacto; Meu Reino está sob a direção, proteção, manutenção e sustento do seu Princípio Divino, Deus.

No Meu Reino não há trevas. Essa afirmação parece implicar que a escuridão é má, mas no momento em que chegamos ao terceiro grau, nos elevamos à estatura espiritual do salmista que disse que “as trevas e a luz são a mesma coisa para ti”. Aos olhos de Deus não há diferença entre elas. No Reino Espiritual não há nem luz nem escuridão, em qualquer sentido físico: existe apenas Espírito, uma Luz que não tem semelhança alguma com o que conhecemos como luz. Luz, no sentido espiritual, é a Consciência Iluminada, não iluminada por uma luz, mas iluminada pela Sabedoria. “Considerando que eu era cego, agora eu vejo” não se refere à cegueira ou à ausência de visão. Ela é o modo figurativo de afirmar que, enquanto antes estávamos na ignorância, agora alcançamos a Sabedoria. A ignorância é freqüentemente referida como escuridão, e Sabedoria como Luz, mas não existe real escuridão ou luz a respeito delas (são metáforas, assim como, muitas vezes, a palavra “coração” – nota do trad.).

São necessários meses de experiência espiritual, às vezes anos, antes de percebermos que, no Meu Reino, a luz e as trevas são a mesma coisa, e que não estamos tentando mudar a escuridão para a luz, ou nos livrar da escuridão para obter luz. Escuridão e luz são Um. Alcançar esse conceito é um grande salto para qualquer um, mas para a pessoa ignorante da Sabedoria Espiritual, destreinada em metafísica e misticismo, é um salto ainda maior – quase impossível – compreender a ideia de que doença e saúde são uma coisa só.

Realmente elas são apenas extremidades opostas do mesmo bastão. Quando podemos afirmar com convicção: “no que me diz respeito, a escuridão e a luz são uma só; eu não estou procurando me livrar de uma para obter outra: estou procurando apenas perceber a Sabedoria Espiritual, a Verdade Espiritual e a Presença Divina”, então nós começamos a perceber a Natureza Espiritual deste universo.

É quando estamos tentando nos livrar de algo, ou conseguir alguma coisa, que deixamos o universo espiritual para aderir ao universo de conceitos humanos. Nem doença e nem saúde têm qualquer parte na Vida Espiritual: tudo o que existe na Vida Espiritual é Deus, o Espírito infinitamente e eternamente manifestado como Ser Individual incorpóreo. O Ser incorpóreo não pode ser conhecido através dos sentidos da visão, audição, paladar, tato ou olfato: só pode ser experimentado em nossa Consciência. Mas uma vez que essa experiência vem a nós, realmente entendemos que a escuridão e a luz são uma só. E enquanto não chegamos a esse entendimento, cabe perguntar: o que é isso?

Ilusão Mortal, Maya, Aparência. Tudo o que estamos conscientes através dos sentidos – doença e pobreza hoje, ou saúde e riqueza amanhã – é uma ilusão. Nós não estamos vendo a realidade até que, através da nossa Consciência Espiritual, vejamos o Ser Espiritual incorpóreo. Quando podemos olhar para este mundo humano e perguntar: “o que lucrou o mundo com todas as suas guerras? “e receber a resposta “nada”, estamos começando a alcançar o objetivo. De mãos dadas com essa pergunta, deve vir, em seguida: “o que lucrou o mundo com todos os dias em que não houve guerra?” e isso também deve receber a resposta: “nada”.

Espiritualmente, não é guerra ou paz que estamos buscando: é o Governo de Deus, Governo Espiritual, Governo Divino. E onde isso acontece? Em nossa Consciência. É aí que deve ser realizado.

Não importa quantas soluções sejam oferecidas hoje para os problemas do mundo, amanhã eles surgirão em novas e mais sérias formas. O fim de toda essa mudança para frente e para trás virá apenas quando percebermos a natureza do Poder Espiritual, e percebermos que Poder Espiritual não tem nada a ver com boas condições hoje ou más condições amanhã. Pelo contrário, tem a ver com o nosso entendimento de que não estamos buscando mudar as condições da matéria, mas perceber a Onipresença do Espírito, perceber que não procuramos doença e nem saúde, nem guerra e nem paz: estamos buscando o Governo de Deus, a Revelação e a Realização de Deus como nossa Consciência.

Isso muda todo o nosso modo de vida. Sob nosso antigo modo de viver, o melhor que podíamos esperar era transformar alguma condição maligna em uma boa, alguma condição negativa em uma positiva, e mesmo que houvesse o medo sempre presente de não ser permanente, nós estávamos sempre nos esforçando por aqueles momentos temporários de saúde, de paz ou de harmonia.

A revelação e compreensão do Um Poder nos ajuda a chegar à Consciência pela qual nós não procuramos mudar o negativo para o positivo. Na percepção de Um Poder, não só paramos de procurar algum poder material para satisfazer nossas necessidades, mas também deixamos de procurar um poder espiritual.

Desde que há apenas Um Poder, então, não há nada contra, ou para o qual usar esse poder. O que, em essência, pode isso realmente significar? O que significa alcançar um ponto na consciência onde renunciamos a todo pensamento de usar Deus como poder? Não temos nós, assim, realmente libertado Deus da responsabilidade? E não é exatamente isso o que todos nós deveríamos fazer?

Deus cuida sempre do que é seu. Deus é o Princípio Criativo, que mantém, influência e sustenta o universo espiritual. Deus governa seu universo pela Graça, mas não amanhã ou na próxima semana. A Graça Divina, que esteve em operação pela eternidade, continuará de eternidade a eternidade, sem a nossa tentativa de subornar ou tentar influenciar Deus, sem a nossa oração, súplica ou qualquer outra coisa para persuadir Deus a fazer o seu próprio trabalho. Deus “é”, e isso inclui a verdade de que Deus sempre cuida de ser Deus.

Nossa função na oração e meditação é “conhecer a Verdade”, e a Verdade nos fará livres: conhecer a verdade de que existe apenas Um Poder; saber a verdade de que “tu não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado pelo alto”; conhecer a verdade de que, no Reino de Deus, luz e trevas são a mesma coisa. Este é um conhecimento constante, consistente e dedicado da Verdade, que irá desenvolver um Estado de Consciência que não muda de uma coisa para outra, do mal para o bem: ele se mantém, afinal, com alguma medida de estabilidade no Caminho Espiritual e na Realização Espiritual.

Deus “é”, mas a fim de perceber que Deus é, temos que nos elevar acima do tempo e espaço, porque em ser, nesse “é”, não há tempo nem espaço. A Vontade de Deus é de eternidade a eternidade; portanto, nada está fora da jurisdição e da condição de Deus; nada no Reino Espiritual nunca deu errado. Todo o nosso Estado de Consciência tem que mudar de uma base material, do seu funcionamento em dois poderes, para um descanso na condição de Deus.

Em todo o Reino de Deus não há nada de natureza mutável, nada de natureza discordante ou desarmônica, nada que precise de cura ou melhoria. Nesse Estado de Consciência, nós já não somos hipnotizados pelas aparências, nem somos obrigados a mudar o mal para o bem, ou tentar reter qualquer boa aparência que possa haver. Isso não afeta de forma alguma nossa vida exterior. Quando essa percepção espiritual vem para nós e nossa vida torna-se mais harmoniosa, não estamos mais lidando com uma boa aparência que já foi má: estamos agora lidando com a realidade espiritual que surgiu.

Às vezes os alunos não estão felizes com o desapego que deve vir a até eles enquanto continuam no Caminho Espiritual. Muitas vezes eles sentem-se como se estivessem
perdendo algo que vale a pena na vida: objetos de arte preciosos, seus animais de estimação e suas amizades duradouras não serão mais tão importantes para eles como foram até agora. O mundo está se tornando mais objetivo para eles – seu corpo e até mesmo sua vida. Olhando para fora neste mundo como um observador, muito do que constitui uma grande parte da vida humana, isto é, a emoção, está perdida.

É verdade que há uma reorientação dos valores humanos conforme os estudantes avançam na Vida Espiritual: eles não são tão feridos pelos aspectos negativos da vida humana, mas nem eles podem se alegrar tanto sobre as coisas boas como já fizeram. Sentimentos e emoção não entram na vida diária na mesma medida em que entraram anteriormente. Conforme essas coisas caem fora, no entanto, há ganhos que superam as perdas.


Quando nos tornamos contempladores da vida, não olhamos para a vida perguntando o que vai acontecer, nós vemos o que Deus está fazendo. O observador no Caminho Espiritual desperta pela manhã e percebe, “este é o dia de Deus”, este é o dia que o Senhor fez. O que Deus vai fazer nesse dia em seu relacionamento comigo? Que experiência a atividade de Deus trará para mim neste dia?”


Nesse caminho objetivo e imparcial, nós passamos o dia com a expectativa de algo ao nosso redor, a sensação de que, seja o que for que Deus faça acontecer nesta hora, na próxima hora, e na hora depois disso, é o produto de Deus, o efeito da atividade de Deus. Entramos agora na experiência de uma Harmonia Imutável.


Estamos nesse ponto em que não estamos mais preocupados com efeitos exteriores como nós estivemos uma vez; chegamos a esse ponto de olhar para a aparência, seja ela boa ou ruim, e perceber sua natureza ilusória.


Ocuparmo-nos com a natureza da aparência tolera e perpetua o hipnotismo. Manhã, tarde e noite, devemos manter dentro de nós um equilíbrio espiritual, na percepção de que não há nem bem nem mal no Reino de Deus: só existe Espírito; e no reino deste mundo, a aparência do mal e a aparência do bem são igualmente ilusórias. Se quisermos trazer uma demonstração espiritual da Cristandade, não podemos nos preocupar com as aparições momentâneas, mas devemos nos apegar à Verdade Espiritual dentro de nós mesmos.

Embora o Reino de Deus seja invisível e incorpóreo para a visão humana, é tangível e real para aqueles que têm Visão Espiritual para contemplá-lo. Somente através da Consciência Espiritual, através da Consciência Quadridimensional, da Consciência Crística, podemos ver a Identidade Espiritual. Nós não podemos ver a Identidade Espiritual com nossos olhos, mas assim como Deus pode olhar através da luz e

escuridão e contemplá-las como sendo um, assim pode o espiritualmente iluminado olhar através da aparência da humanidade boa ou má e contemplar a Cristandade.

Em um Ensinamento Místico, não temos o direito de olhar para um ser humano com a idéia de transformar o mal em bem, doença em saúde, ou falta em abundância. O que devemos fazer – e é imperativo que façamos – é olhar através da aparência e perceber:

Invisível aos meus olhos humanos, este é o Cristo, o Filho de Deus. Não procuro mudá- lo, melhorá-lo, reformá-lo ou enriquecê-lo. Eu olho através da aparência, e lembro-me que, embora eu não possa vê-lo, aqui está a Identidade Espiritual.

Para aqueles que foram treinados para ver a irrealidade das aparências errôneas, isso pode não parecer muito difícil de fazer, mas a razão pela qual a maioria de nós não tem sucesso em olhar através das aparências é que nós não aplicamos este Princípio quando vemos boas aparências humanas. Por que deveria haver alegria por uma aparência saudável, rica, bem sucedida ou feliz quando toda imagem pode ser revertida em menos de uma hora?

Não é fácil para ninguém, nem mesmo para o estudante espiritual, ser capaz de olhar para si mesmo, seus amigos ou seus parentes, quando eles estão mais saudáveis, mais ricos e mais puros, e perceber que isso é apenas aparente; mas invisível à visão humana está o Cristo, o Filho Espiritual de Deus, a Realidade. Se uma pessoa é capaz de fazer isso, no entanto, ela sempre estará comungando com a Identidade Espiritual de seus amigos, parentes e estudantes. É o próprio Amor de Deus fluindo através dela que está fechando os olhos para as aparências e mostrando-lhe a Alma de cada um, daqueles que são bons, assim como aqueles que são ruins – a mesma Alma Pura que é Deus.

Na proporção em que podemos estar neste mundo, mas não sermos dele – nele, e ainda não sermos fascinados pela identidade humana das pessoas, mas perceber que cada pessoa é realmente a Alma de Deus tornada evidente nesta Terra, estaremos vivendo em “Meu Reino”. Isso pede uma visão interior desenvolvida, que vê a Presença de Deus em cada pessoa.


É incrível ver que milagres acontecem, quando desistimos de todas as tentativas de fazer boas as pessoas más ou doentes, e começamos a habitar nessa percepção:

Deus, revela-me a Tua Individualidade Espiritual; revela Teu filho Espiritual; mostra o Filho de Deus em cada indivíduo.
Com esta visão, começamos a ver e a sentir a Filiação Espiritual em volta de nós. As pessoas agem de forma diferente em relação a nós e nós em relação a elas porque não estamos mais tratando-as como achamos que merecem ser tratadas. Não temos ninguém em condenação, porque sabemos que é apenas a sua ignorância do que ele está fazendo, sua ignorância de sua Filiação Divina, que o faz agir assim. Crimes contra a sociedade e indivíduos – mentir, roubar, trapacear, defraudar – podem ser cometidos apenas enquanto pensamos que você é você, e eu sou eu.

Tudo isso pára no minuto em que descobrimos que somos irmãos, filhos do mesmo Pai, e que pertencemos à mesma família e vivemos na mesma mesma casa. De uma vez só isso torna o mundo menos real e Meu Reino mais real, revelando o universo como um Reino Espiritual onde nada tem que ser conquistado pela força.

Esta é a Vida Mística: não olhamos para a boa aparência humana e nem alegramo-nos com isso, mas olhamos através do bem, assim como através do mal, da aparência humana, eis a Cristandade. Nós podemos fazer isso. Todos nós podemos fazer isso. É verdade que requer alguma disciplina e algum treinamento, porque o que estamos tentando fazer é superar os efeitos de centenas de gerações daqueles que nos deixaram como herança a crença em dois poderes.

Estamos deixando de lado tanto o bem quanto o mal para contemplar o espiritual, deixando de lado tanto a boa saúde quanto a má saúde, a fim de atingir a realização dessa Cristandade, que é nossa identidade permanente em Deus. Somente nossa Identidade Espiritual como o Filho de Deus nos permite comer daquela carne que o mundo não conhece.

Não é em virtude de ser um bom ser humano que qualquer um de nós pode alegar que somos “co-herdeiros com Cristo” porque a boa humanidade está tão longe do céu quanto a humanidade ruim. Os escribas e os fariseus eram o melhor dos hebreus: os mais religiosos, os maiores adoradores do Único Deus, os maiores defensores do templo. Ser bom era uma obsessão para eles e, no entanto, o Mestre disse a seus seguidores que sua bondade deveria transcender a da escribas e fariseus. Humanamente, isso teria sido quase impossível, porque já haviam praticamente atingido a perfeição.


A Verdadeira Bondade reside na capacidade de perceber que o Reino de Deus é nosso, não em virtude de nossa bondade, mas em virtude de nossa Identidade Espiritual. Isso significa ser corajoso o suficiente para jogar de lado todo o pensamento passado ou presente de nossa maldade, e no mesmo fôlego deixar de lado a nossa bondade també
– jogando-os para fora e não tomando crédito para nós mesmos pelo bem e nenhuma condenação para o mal, mas reivindicando para nós somente nossa Identidade Espiritual em Deus. Neste relacionamento com Deus, vamos descobrir que somos Um com Deus, que nós somos co-herdeiros de Deus de todas as riquezas celestiais; mas se pensarmos que os nossos maus caminhos estão nos impedindo dessas riquezas, ou que o nosso bem está nos aproximando delas, estaremos perdendo o caminho.

Aquele que acredita que algum erro, algum mal temporário, ou algum erro por ato ou omissão é capaz de separá-lo de Deus está tão longe dele quanto a pessoa que acredita que a sua bondade está ganhando a Graça de Deus. Ninguém alcança a Graça de Deus somente pela bondade: a Graça de Deus é alcançada pela realização da Identidade Espiritual; e no reconhecimento de nossa Identidade Espiritual, nós seremos bons em todos os aspectos espirituais. Como assim? Pela bondade humana não há como saber, mas a Totalidade Espiritual só pode vir através do nosso relacionamento com Deus, e não por virtude de quaisquer boas qualidades, de quaisquer sacrifícios ou esforços pessoais.

Nossa experiência humana do passado e do presente, com seu bem e seu mal, é o sonho mortal; mas, dentro da nossa Alma, somos deuses em nossa Luz Interior, somos Filhos de Deus; nas profundezas de nosso Ser Interior, somos Um com Deus; e nós temos “carne” não por ganharmos ou merecermos, mas ainda assim a temos em virtude da herança divina.

Muitos de nós recebem ou receberão muito do que sabemos em nosso coração e alma que não merecemos. Muito mais isso será verdade em nossa experiência espiritual quando encontrarmos a bondade de Deus derramando-se sobre nós, mais rápida do que podemos aceitá-la, e percebermos que nada em nossa vida humana nos dá direito a isso. Ela vem para nós como a Graça de Deus, da qual nem a vida nem a morte podem nos separar.

Não há lugar onde possamos ir e sermos separados do Cuidado de Deus, da Jurisdição de Deus, da Vida de Deus e da Lei de Deus. Se vivemos de um lado do véu ou do outro, isso não tem importância, exceto às poucas pessoas que temporariamente sentirão falta da nossa presença física.


Mas muito breve, quando essa sensação de ausência é curada, percebe-se que nada mudou, ninguém perdeu nada, ninguém foi ferido, porque, em Deus, a vida e a morte são a mesma coisa, são aparências mortais, ilusões humanas. Entender que ambas são da mesma substância, o tecido do nada, e que não há diferença entre a vida e a morte, traz uma compreensão do significado da Imortalidade.


A Imortalidade não tem nada a ver com vida ou morte, pois a vida e a morte são apenas imagens ilusórias, ao passo que a Imortalidade é espiritualmente real, a Eternidade é espiritualmente real, a Incorporeidade é a espiritualidade real. Vida e morte são duas fases da ilusão humana, assim como são doença e saúde, pobreza e riqueza, pecado e pureza.

No caminho espiritual, temos que superar tanto o mal quanto o bem, e embora seja verdade que, em nosso primeiro estágio, nós tentávamos mudar saúde doente em boa saúde à medida que avançávamos neste caminho, percebemos que temos que nos elevar acima da boa saúde, assim como nos elevamos acima da enfermidade, para o Reino, a Realização e a Consciência da Presença de Deus como Espírito. Para a Consciência Iluminada, a escuridão e a luz são Um.