INTRODUÇÃO “Um Parêntese na Eternidade” de Joel Goldsmith

Há, em algum lugar da Consciência, uma terra não descoberta, uma terra ainda não
revelada pela religião, filosofia ou ciência. Eu sei que ela existe, porque continuamente se
impõe à minha Consciênciaça

(Creio que todo ser humano sente, cada um em seu grau. Algo que nos chama bem intimamente, algo inexplicável e Divino) Jeff Trovão

Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão

Eu sei que, quando ela se revelar, mudará a natureza da humanidade: guerras cessarão e o cordeiro se deitará com o leão (O cordeiro se deitar com o leão significa  paz plena). Eu sei seu nome, porque ela é revelada como Meu Reino, ou Minha Graça. O Cristo Jesus falou desse Reino, mas nem as palavras faladas e nem os manuscritos descobertos mostram seu pleno significado.

Em meus primeiros momentos, vivi e experimentei esse Reino, e às vezes sua atmosfera me envolvia por dias, mas então novamente ele me escapava. Algumas vezes, em curas, eu testemunhei sua ação, mas captava apenas vislumbres dele. Ele me mostrou sobre a mente humana e suas atuações, como os homens podem usar a mente para o mal, tanto quanto para o bem. (livre arbítrio)

Esse mundo espiritual, esse mundo interior, é tão real quanto o mundo que vemos, ouvimos, provamos, tocamos e cheiramos. Na verdade, é mais real. Tudo aquilo que conhecemos pelos sentidos eventualmente muda e desaparece; mas esse mundo interior, essas Glórias Espirituais que são reveladas a nós, essas Luzes Espirituais que nos guiam para o Tabernáculo – nunca desaparecem.

(vale à pena lembrar que diversas doutrinas orientais colocam que este mundo concreto é efêmero (passageiro), como também Allan Kardec nos sinalizou este fato, e eis que a Mecânica Quântica nos prova que a matéria é mera energia acelerada, o  elétron se movimenta em algo como (quarenta casas decimais de segundo) é muito rápido e foge astronomicamente à nossa percepção, contudo algo muito mais profundo rege a tudo isto).

Esse é o mundo que o Mestre Cristo Jesus revelou, um Reino que existe bem aqui onde estamos, desde que recebamos o Espírito de Deus em nós. Ele já está estabelecido aqui na Terra, esperando apenas pela nossa percepção e pelo nosso reconhecimento. Encontrar esse Reino não nos tirará, de modo algum, do mundo: estaremos no mundo,mas não seremos dele. Vamos desfrutar de todas as alegrias e coisas boas que fazem de uma vida plena e afortunada. Não nos tornaremos ascetas, mas não mais
desejaremos ou esperaremos por essas coisas.

(Vejam o pequeno grande detalhe explicito na frase: (esperando apenas pela nossa percepção e pelo nosso reconhecimento)

(As religiões são boas, caminhos que orientam as pessoas, contudo o Mestre Jesus não nos deixou uma religião especificamente, mas memsagens atemporais e eternas, para aferirmos nossas bússolas morais). 

E ainda que aspectos da riqueza façam parte de nossa experiência, estaremos totalmente livres delas interiormente, porque todo o nosso Ser será vivido em Deus. O mundo místico é um mundo real. É um mundo de coisas e pessoas, formado pela Consciência esclarecida e iluminada. E como nos tornamos esclarecidos e iluminados?
Como encontramos esse mundo místico? O que é misticismo?

O misticismo é “a experiência da união mística ou da comunhão direta com a realidade última, relatada pelos místicos. É uma teoria do conhecimento; é a doutrina ou a crença de que o conhecimento místico, direto de Deus, da verdade espiritual, da realidade final,  pode ser atingido através de intuição ou iluminação imediata (insight), de forma
diferenciada da percepção sensorial comum”(dicionário Webster).

A mensagem mística de todos os tempos é sempre a mesma  (atemporal)
. A linguagem e a

abordagem podem ser diferentes, mas a mensagem e a meta – chegar a uma União
Consciente com Deus (isso nunca muda).

Ninguém pode se tornar um buscador de Deus somente pela sua humanidade, mas quando Deus toca a pessoa e a desperta em alguma medida, ela é conduzida a algum Ensinamento Espiritual. Ela pode permanecer no mesmo caminho até o fim de sua busca, ou pode ir de ensinamento em ensinamento, até que finalmente encontre algo que preencha suas necessidades, até então insatisfeitas, e a traga para a realização de Deus. Ainda que seja revelado em diferentes linguagens, diferentes termos e formas, o desenvolvimento interior conduz infalivelmente para o objetivo único.

(O parágrafo acima é importantíssimo, assim como os demais)

Nada pode se igualar à fascinante aventura da Vida Mística. É uma vida de descobertas que estão sempre adiante de nós, nunca atrás. Talvez tenhamos vivido uma experiência ontem que nos elevou ao topo da montanha, mas não podemos viver pela pérola de ontem, pelo maná de ontem, porque a experiência de ontem, a despeito de quão incrível e instigante para alma possa ter sido, foi apenas uma preparação para experiências maiores, mais adiante. Sempre há o desafio de coisas intangíveis esperando pela nossa descoberta, aqui e agora.

O Reino de Deus é sem limitações ou fronteiras, e toda a Verdade que foi dada ao mundo nos milênios passados é apenas uma centelha, em comparação com tudo o que ainda está por ser descoberto. E ninguém ainda experimentou um milionésimo do que já foi revelado.

Pode alguém revelar a última palavra sobre a Verdade Espiritual? Pode alguém penetrar
nas profundezas de Deus? Pode alguém sequer supor a Totalidade de Deus? É verdade que místicos de todas as eras nos deram lampejos da Verdade, e suas palavras eram carregadas de convicção, porque, por trás das palavras, havia a própria experiência. Mas
quanto do que lemos sobre a Revelação Espiritual nós realmente experimentamos?

(Aqui cabe uma colocação com relação a Mecânica Quântica: Na Mecânica Quântica nossos “poderosos” instrumentos chegaram até o “vácuo quântico”, de onde supõe surgir a onda primordial, mas Deus é muito acima de tudo isto).

Quanto dela ainda permanece entre as capas de um livro? Quanto dela pudemos testemunhar? Quanto de Verdade chegou como desenvolvimento interior, renovando a força e o poder dessa revelação?

Todo aspirante do Caminho Espiritual deveria estar constantemente alerta para alguma
revelação original da Verdade. Mas se ele estiver satisfeito em se manter apenas nas palavras, sem mergulhar em busca de significados mais ricos e mais profundos dos quais essas palavras são apenas símbolos, então ele não é alimentado a partir de dentro, mas
somente pelas páginas de um livro. Tinta preta não tem bom sabor, e nem páginas impressas podem sustentar essas pessoas que estão vivendo da palavra impressa, que continuarão tão mal alimentadas quanto aqueles que sofrem de desnutrição. A substância capaz de sustentar alguém, encontrada em palavras impressas ou gravadas,
está na Verdade que pode ser trazida à Consciência.

As verdades reveladas na literatura espiritual são sementes plantadas na Consciência, e se essas sementes são plantadas no solo fértil e ativo da Consciência, elas brotam e dão frutos; mas se são semeadas na consciência adormecida – inconsciente, morta ou vivendo na forma, no ritual ou pelos pensamentos de ontem – não podem brotar e amadurecer.

Cada palavra da Verdade que ouvimos ou lemos deveria ser tomada como semente em nossa Consciência, a qual deveríamos nutrir e cuidar; o solo deveria ser fertilizado com meditação, ponderando e colocando-a em prática, até que, num momento de silêncio e serenidade, as sementes podem romper-se, criar raízes e dar frutos. Portanto, o que lemos não pode ficar estagnado. Sempre há a expectativa de que o próximo parágrafo tenha “a pérola de grande valor” para nós. O próximo parágrafo, ou aquele que leremos amanhã, pode ser a “pérola” também para o nosso vizinho ou alguém mais. Não existe algo como uma única “pérola”.

A Vida Espiritual é como um colar envolvendo todo o globo – um colar de muitas pérolas. Toda declaração da Verdade é uma pérola, cada Princípio é uma pérola, cada experiência, quase toda meditação, se pudermos buscar isso mais fundo, dentro de nossa própria Consciência. Cada grão da Verdade deveria ser usado como um degrau ou uma ponte para nos levar a um conhecimento mais profundo, permitindo que mais e mais Verdade possa vir à tona, conforme avançamos em nossa viagem. No entanto, se não estivermos em alerta, mantendo mente e ouvidos abertos, bem abertos para o que está à nossa frente, será a mesma coisa que cruzar o oceano num pequeno barco, adormecido
no leme.

A literatura espiritual e os Princípios Espirituais certamente são degraus e pontes pelas quais podemos prosseguir, mas degraus e pontes que levam aonde? Sempre para nossa própria Consciência! Esse é o único lugar para o qual um verdadeiro Ensinamento Espiritual pode levar – para nossa própria Consciência.

(Eis que alguns ensinamentos ocidentais também sinalizam a Nossa Consciência)

“Deus não faz diferença entre as pessoas”, tudo que é possível para um é possível para todos, mas somente para aqueles que buscam. Busque e encontre; mas busque dentro do reino de sua própria Consciência. A sua e a minha Consciência são tão infinitas quanto a de qualquer vidente espiritual, e qualquer grau de desenvolvimento que tenha uma alma iluminada, nós também o podemos ter, no mesmo nível de profundidade. Podemos não expressar esse Infinito em toda sua plenitude, mas, sem dúvida, essa é a verdade sobre nós.

No entanto, a despeito de quanto de Verdade possa revelar-se para nós, ou quantas
experiências de natureza espiritual possamos ter, tão logo tenham servido a seus propósitos, deixemos elas saírem de nossa memória e olhemos para a frente, porque as próximas serão maiores. Se deveríamos escrever uma centena de livros sobre a Verdade, ou curar cem mil pessoas, nunca acreditemos que chegamos ao fim de nossa Consciência, pois ela tem uma profundidade muito além daquela do oceano, e uma circunferência maior que este inteiro universo e quaisquer outros universos ainda desconhecidos. Não há limite de profundidade do nosso Ser e nem de fertilidade de nossa Consciência, mas devemos mergulhar mais profundamente em nós mesmos para trazermos a revelação da Natureza de Deus, e, consequentemente, a natureza de nosso próprio Ser. E então descobriremos que Deus, na verdade, é nosso verdadeiro Ser e nossa verdadeira Vida.

Buscar, encontrar e experimentar esse brilho interior, essa percepção interior da Presença, essa comunicação interior com Deus, e então perceber que, a cada vez que isso se repete, a experiência torna-se mais e mais profunda e rica, mais frutífera, e que nunca pode chegar a um fim ou sensação de tédio ou monotonia, nisto consiste a
verdadeira aventura da Vida Espiritual.

Deus é Infinito. A Verdade é Infinita. Devemos nos elevar nesse Infinito, explorar novas vias da Verdade, abrir novas áreas de nossa Consciência, porque toda essa Verdade é a nossa Consciência, nossa própria Consciência! Num certo nível de Consciência, podemos trazer literatura, arte, invenções e descobertas. Num nível mais profundo, podemos trazer experiências espirituais, incluindo a mais suprema, conhecida como a União com Deus. Tudo depende do que se busca. E o que estamos buscando?

Meramente algum tipo de cura? Mais conforto no mundo humano? Uma companhia mais feliz, ou um pouco mais de dinheiro? É certo desfrutar de saúde. É certo ter suprimento em abundância e ter uniões afetivas mais satisfatórias. Todas essas coisas inevitavelmente se seguirão, mas, se somente elas são o objetivo de nossa busca, então estamos degradando a Verdade. A meta em si mesma é descobrir a essência da Sabedoria Espiritual, explorando cada canto do Reino Espiritual, cada profundidade e altura dele. Eis a aventura espiritual.

(Cura, curar o corpo? Um dia ele se desintegrará! Curar o Espírito? O Espírito não adoece, o homem adoece, eis a ilusão que ele próprio cria e sofre nela! Aí melhora um pouco, cria mais ilusão, sofre e se angustia neste ambiente; causa, prova o efeito… Deus não criou isto, este  é lei humana).

Quem sabe que grande Verdade nos será revelada? Quem sabe que coisas maravilhosas estarão à nossa frente daqui uma hora? Quem sabe que revelações surpreendentes podem vir a nós? É maravilhoso quando elas surgem; é lindo quando
acontecem, mas elas não podem vir, se permitirmos que uma mensagem em particular se torne cristalizada em nós, se vamos para a cama à noite pensando que conhecemos a Verdade, ou se acordamos achando que alcançamos a Verdade definitiva da Sabedoria Espiritual. Por todos os dias da semana, cada dia é um dia novo. A cada dia deveria sempre haver uma saudade interior, não no sentido de recordar algo que nos foi revelado no dia anterior, mas num reconhecimento de nosso vazio e vontade de alcançar: “Pai, Pai, vem! Vem e revela-me Tua mensagem! Dá-me uma visão hoje; deixa-me conhecer-Te corretamente; deixa-me entrar mais profundamente em Tua Consciência!”

Há maiores Verdades enterradas em nossa Consciência do que quaisquer outras que já
surgiram. Assim como a Verdade pôde vir por um humilde sapateiro como Jacob Boehme, a Verdade que abala o mundo pode vir por mim ou por você, e se ela não vem, pode ser porque não a queremos incondicionalmente, como a quiseram os grandes místicos do mundo, ou porque nosso interesse tem estado mais na superfície da vida do que em suas profundezas.

Às vezes, estudantes desencorajados, de pouco tempo de estudo, um ano talvez, escrevem-me sobre sua insatisfação e desapontamento, sua falta de progresso e de desenvolvimento espiritual. Minha resposta é sempre “mas somente em um ano, um ano? Há talvez mil milhões de anos à sua frente, e ninguém conseguirá a transição do “homem cujo fôlego está nas narinas” para o homem que tem seu Ser em Cristo em apenas um ano de estudo e meditação! Se o Reino de Deus fosse tão facilmente alcançado, todos o teriam feito. Mas tão poucos o fizeram…

Não se engane, esse é um dos caminhos mais difíceis; essa é a vida mais difícil que há.
É muito mais fácil para uma pessoa tornar-se um Creso (rei muito rico da Lidia, 560 A. C. – nota do tradutor G. S.), com uma fortuna fabulosa ou conseguindo grande fama, do que ser bem sucedida em alcançar a Vida Espiritual. É bem mais fácil conseguir qualquer
coisa no mundo humano do que no espiritual, porque, no mundo espiritual, você e eu
somos chamados para “morrer” antes de conseguirmos o que buscamos.

A Vida Espiritual não é alcançada por desistir de fumar, beber, comer carne, estudar por
alguns anos ou freqüentar igrejas e aulas. Ah, se fosse tão fácil! O Reino é conseguido morrendo diariamente“. Todo dia da semana, como parte de nosso envolvimento na Vida do Espírito, devemos ver que traço de humanidade nos resta ou é enviado para as nossas coisas. Cada problema deve ser visto como uma oportunidade de se elevar acima da situação que se apresenta, e se isso parece tão difícil assim, é melhor nem começar.

Mas se há um impulso que nos compele a prosseguir, então precisamos ser pacientes e persistirmos.
A realização é possível para todo aquele que se lança na aventura espiritual, e isso é possível sem se pagar um preço – com exceção de um grande preço. Este é o preço: “vai e vende tudo o que tens“. Esse é o preço, e ele é pago na moeda de nossa devoção. Esse é o preço pedido pelo Mestre a seus seguidores, quando disse: “aquele que ama pai e mãe mais do que a mim não é digno de mim… vende tudo o que tens… segui-me, e Eu vos farei pescadores de homens“. Podemos entender, então, quão difícil é a Realização Espiritual, e porque nosso progresso é tão lento; mas não reclamaremos.
Ficaremos satisfeitos, percebendo que, se os seguidores de Jesus, em seus dias, tiveram
que seguir seus passos, nós também o faremos.

Mas, ainda que possamos sondar as profundezas até o limite de nossa capacidade e
possamos falhar em atingir nossa meta, a busca ainda será valorosa, mesmo que atravessemos anos e anos acreditando que não fizemos nenhum progresso. A verdade é que, com cada esforço, cada diligência, cada busca, cada meditação, estamos nos movendo lenta e inexoravelmente em direção à meta de toda a vida – a União com Deus.

Problemas e circunstâncias afetam as vidas de diferentes pessoas, de diferentes modos. Eles podem levantar ou derrubar a pessoa, podem deixá-la ou encontrá-la. Não há nada trágico ou desgraçado na queda ou no fracasso, nada mesmo. A pessoa que falhou tentou, em geral duramente, e há uma satisfação nisso, e há uma esperança também, porque, se a pessoa continuar a tentar, ela poderá não mais cair, e mesmo que caia, ela se erguerá novamente. A tragédia, se é que há uma, ou a desgraça, é querer seguir no dia a dia, acordando pela manhã e dormindo à noite, e estando em lugar nenhum
amanhã que já não tenha estado ontem.

Pense nas oportunidades ilimitadas que existem, numa área metropolitana, para adquirir
conhecimento e apreciação de arte, literatura, música, religião e ciências naturais do mundo, e então pense nas milhares de pessoas sem rumo, andando pelas ruas da cidade, sem consciência dessas oportunidades e, freqüentemente, sem se importar com
isso: eis a tragédia.

Não é a mesma coisa, ou mais, a respeito de qualquer ensino ou mensagem verdadeiramente espiritual? Não há incontáveis pessoas no mundo que são expostas à Verdade uma vez e outra vez, de algum modo e por algum meio, mas mesmo assim
passam batido, “do outro lado da rua“? Isso é triste, porque encontrar uma Mensagem Espiritual poderia e deveria ser o início de uma vida de aventura. Mas é verdade, isso nem sempre acontece assim. Ela poderia nos deixar onde nos encontrou. Ela não pode nos derrubar – jamais poderia – mas ela pode nos levantar, e deveria abrir a vida para a alegria e o estímulo espiritual de buscar e encontrar. Ela deveria ser nosso impulso para rodar e rodar e começar de novo, para ver o quanto podemos nos manter e avançar neste Caminho.

Não há Deus fora, no espaço. O Deus que existe está oculto dentro de nós, esperando que cada um de nós descubra a Si Mesmo. Nós não temos que ir a nenhum lugar no tempo e no espaço. A Jornada Espiritual, a maior de todas as aventuras, não é realizada no tempo e no espaço. É uma jornada na Consciência – e esta jornada ninguém pode
fazer por nós.

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