DEUS, A CONSCIÊNCIA DO INDIVÍDUO- “UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
Muita gente pensa que entende o mistério da vida porque podem planejar o crescimento e o desenvolvimento próprio e de seus filhos, desde uma pequena semente no tempo da concepção ao nascimento, e do nascimento à maturidade plena.

Mas isso não é o mistério da vida: esse é o efeito do mistério da vida. O mistério está no que produziu e no que trouxe essa semente em expressão. Não importa o quanto os cientistas possam teorizar sobre a origem da vida, eventualmente chegam ao ponto que desafia qualquer explicação, porque, além das aparências de tudo o que é visível, há o Infinito, Algo que podemos chamar de Consciência da Vida, e esse Infinito expressa a si mesmo como forma, como o mundo, e tudo o que está nele.
(O vácuo quântico percebido por sofisticados equipamentos, poderia ser Deus?
Pergunto então como surgiu ou quem criou o vácuo quântico?
Teoria e especulações não podem responder a esta questão.
Qualquer explicação efetiva quanto a razão da existência de Deus seria mera especulação filosófica ou religiosa e agora científica. baseando-se no efeito para explicar a causa, sim, porque mesmo que o vácuo quântico seja um manancial inesgotável, ele não surgiu por acaso, ainda que, como explicar o Infinito utilizando termos finitos? Deus é Absoluto, Criador de todas as coisas pela união harmoniosa do Superior com o inferior, do céu com a terra, do positivo com o negativo, tudo com perfeito Amor e Harmonia. O Imponderável, Infinito e Eterno).

Tudo o que é visível primeiro teve que ter um Algo Invisível para aparecer como forma, e esse Algo Invisível é a Consciência, que manifesta a Si Mesma em expressão como uma semente, e tudo o que vem a partir da semente (este é um conceito platônico que permeia quase a totalidade do pensamento do místicos – sugiro pesquisa da “Teoria das Ideias“, de Platão – nota do tradutor G. S.).

Se não fosse pela Consciência, não haveria nada a se expressar como forma. Independente do quão maravilhosa possa ser uma coisa, quão bela ou abundante, devemos olhar o que está por trás e perceber que não poderia existir se a Consciência não a tivesse formado.

Anos atrás, um inverno rigoroso estava previsto para algumas regiões dos EUA, uma previsão baseada no fato de que os animais estavam desenvolvendo pelos muito mais grossos do que o normal, e também estavam estocando comida para o inverno mais do que o normal. Mas pode um animal decidir quanto pelo vai nascer em sua pele? O animal sabe que o pelo está crescendo tanto quanto nós sabemos que o cabelo cresce? Então, qual a causa subjacente do crescimento do pelo no animal, e por que os pelos são mais grossos em alguns anos e mais finos em outros? O que faz um animal estocar mais comida num ano do que noutro?

Mais recentemente, outra previsão foi feita, de que o inverno por vir seria muito ameno porque não se encontrou praticamente nenhuma gordura na carne de veados e ursos.

Esses animais sabem ou não quando produzir gordura? Para aqueles no Caminho Espiritual, a resposta é óbvia: cada animal tem uma consciência que determina a espessura dos pelos, a gordura da carne e a quantidade de comida a armazenar. Ela também prevê as misturas de cores para proteção no habitat nativo.

Todo pássaro tem uma consciência. Sabe um pássaro onde é o sul, norte, leste ou oeste? E, no entanto, voam para o norte numa estação e para o sul em outra, sem que precisem recorrer a mapas. Somente nós precisamos de mapas quando viajamos, não os pássaros. Eles sabem para onde estão indo, por quê e quando. Por que um pássaro sabe disso? Será seu cérebro, coração, pés ou asas, ou será sua consciência-de pássaro que o leva de norte a sul? Não é a consciência agindo sem a vontade consciente? Isso não explica, mas dá significado à passagem das Escrituras: “Eu, de mim mesmo, nada posso fazer… É o Pai que habita em mim quem faz as obras”. Há alguma coisa sobre nós muito maior do que aparentamos ser. Um dia descobriremos que esse Algo é nossa Consciência: está conosco acima, num avião; está conosco num submarino; está conosco sobre o oceano, sobre a terra. Para onde podemos fugir de nossa Consciência?

Se fizermos nossa cama no inferno, ela estará lá, para nos elevar e retirar de lá. Se ao menos percebêssemos que Deus é nossa Consciência Individual e entendêssemos como essa Consciência nos guia pelo caminho que devemos trilhar, então pela primeira vez, poderíamos dizer honestamente: “oh, como te amo, Senhor meu Deus! Como te amo, Deus da Criação!”

Somente quando discernimos que Deus, o Infinito Invisível, age como nossa Consciência Individual, podemos entender o verdadeiro significado desta passagem: “jamais te deixarei, nem te abandonarei… Estarei contigo sempre, até o fim do mundo“. E quem ou o que pode estar conosco o tempo todo, senão nossa Consciência? O Mestre chamou essa Consciência de “o Pai interior”, e disse: “Eu e meu Pai Somos Um“. Certamente, nós e nossa Consciência somos Um! Como podemos ser separados de nossa Consciência? Você percebe que um corpo humano não se sustenta por si mesmo?

Remova a Consciência do corpo e ele desaba e cai. Somente a onipresença de sua Consciência pode manter seu corpo em pé. E o que dizer sobre seus órgãos digestivos?

Podem eles digerir e assimilar alimentos? Você não vê que, se a Consciência não estivesse funcionando em seu corpo, o estômago e os órgão digestivos seriam somente matéria morta, sem poder de movimento? O que, então, causa a atividade de órgãos e funções do corpo? Estará Deus no alto do céu, ou é a mesma Consciência que faz crescer pelos mais grossos em animais e governa os pássaros em seu vôo -Consciência, Consciência deles, sua Consciência?

Essa Consciência de tudo sabe e molda nosso corpo de acordo com nossas necessidades. Para aquelas pessoas que viveram por gerações nos climas tropical e subtropical, a Consciência desenvolveu uma pigmentação da pele mais escura e mais profunda, como provável proteção contra o calor intenso do sol. De novo, a Consciência age de acordo com onde ela se expressa.

Não é um Deus desconhecido que faz isso, é a Consciência Individual atendendo a cada necessidade. “Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas… É do agrado do Pai dar-vos o Reino”. Quem é esse Pai? Não há um Pai dentro do seu corpo: há a sua própria Consciência. Sua Consciência sabe do que você precisa; forneceu-lhe um corpo, com a exata forma necessária para a sua presente experiência.

Desde o momento de nascimento, você foi ensinado a buscar em outros o que precisava; você foi advertido sobre um diabo aqui, e um Deus lá acima do céu, e você começou a ser separado de sua Consciência. (Eis o grande equívoco que gera a crença errônea)  Logo depois, você já estava tão dissociado de sua Consciência que passou pela vida, sem ser atraído por ela. Então você começou a culpar aqueles que não lhe deram o que você precisava ou queria, quando o tempo todo sua própria Consciência é que era a Fonte, a Substância e a Atividade de cada experiência sua. Se você sobe ao céu, você leva sua Consciência consigo; se faz sua cama no inferno, ela está lá com você; não importa se surgem problemas, voltar-se para sua Consciência pode lhe trazer libertação.

O tipo de prece mais profundo poder ser um sorriso que você dá a si mesmo, quando pensa nos animais com pelo mais grosso antecipando o inverno rigoroso, ou nos pássaros voando para o norte ou sul, dependendo da estação: “se a Consciência deles é capaz de prover antes de um inverno frio, a minha pode prover para a eternidade. Se pássaros têm uma Consciência que os guia para o norte ou para o sul, eu também tenho uma Consciência que me guia para o norte, sul, leste e oeste, e que enche meus celeiros e despensas, ainda com doze cestos sobrando”.

A Consciência tem um jeito de prover os animais com pelos mais grossos no inverno e pelos mais finos no verão, e este Deus, que é nossa Consciência, tem um jeito de nos prover, seja qual for o clima ou estação que estivermos vivendo. Essa Consciência forma e molda a si mesma, de acordo com o que precisamos. Uma vez que você entenda que Deus é Consciência Infinita, Divina, Espiritual e Perfeita, ainda que individual, você chega perto de conhecer Deus. Como você poderia não amar a Deus – talvez não agora, neste momento, mas depois de um ano em que você descobriu que Deus foi à sua frente para preparar o caminho para você, que Deus andou a seu lado como protetor, e atrás de você como guardião? Depois de um ano relaxando nessa Infinita e Divina Consciência, e descobrindo o milagre do mistério da vida, mais perto do que sua própria respiração, como seria possível não amar o Senhor Deus?

Você só tem que se lembrar desses pássaros no céu e dos animais na floresta, e só pode sorrir ao perceber que a Consciência deles providenciou tudo tão sabiamente, sem que eles precisassem rogar: “Pai, que tal me dar um casaco mais pesado?” ou então “que tal me tirar daqui em férias neste inverno?” Você não vê que a Consciência funciona sem tomar pensamentos conscientes – sem tomar pensamentos de sua vida, o que comeremos, o que vestiremos, beberemos ou se faremos a passagem com trinta, sessenta ou noventa anos?

Quando você trouxer Deus mais próximo do que sua própria pele, quando observar que a Consciência dos animais providencia suas necessidades antecipadamente, você entenderá que também você tem uma Consciência. Então você poderá relaxar, satisfeito de que não terá mais uma fé cega em um Deus desconhecido.

Atente para a diferença na sua visão de vida quando você conhece Deus corretamente, e então lê os Evangelhos e compreende a vida como é apresentada pelo Mestre. Posso estar errado, mas posso até detectar um piscar de olhos de Jesus ao falar às multidões: “por que temeis? Por que vinde a mim por pães e peixes? Não vos mostrei o mistério ontem? Existe algum poder fora daqui que vá engolir-vos ou deter-vos? Vinde, segui meus passos!”

Se Deus é a Consciência dos animais, pássaros e abelhas, não é nossa também? Deus veste as flores em sua beleza e dá a elas sua forma e perfume, e não a nós? Todos têm um Deus que lhes opera maravilhas, e nós não? Não, apenas temos “orado errado“.

Com o olho da minha mente eu posso ver Gautama antes de se tornar o Buda. Posso vê-lo andando pelas florestas da Índia, indo de professor em professor, ouvindo que, sentando em posição de lótus, de cabeça para baixo (ásana – posição de Yoga), deitando numa cama de pregos, abstendo-se de comer carne ou parando de rezar a Deus por qualquer coisa, certamente ele encontraria Deus. O pobre homem fica perplexo: ele é honesto, sincero. Ele faz tudo isso, mas não encontra Deus. Então ele decide comer e ficar confortável, senta-se sob a árvore Bodhi e lá, sozinho com Deus, ele O encontra face a face e recebe sua Iluminação. Ele procurou Deus em práticas, exercícios, dietas e austeridades, e Deus não foi encontrado em nada disso, somente no interior de simesmo. Não é fácil calar o mundo e entrar no Santuário dentro de seu Ser, mas se você faz isso e se mantém afastado do mundo por um ano, ou sete anos, isso tem seu valor, porque quando você encontrar Deus, encontrará a Vida Eterna. E então você jamais morrerá.

Você pode sumir de vista, mas você nunca morrerá e nunca mais ficará ansioso; e não importa qual aparência ou circunstância humana – guerra, perseguição, desastre – você continuará, sabendo que tudo isso é o mesmerismo dos sentidos externos. Deus não abandona você, e se você ficar firme e sereno, a tempestade vai passar, e você sairá a céu aberto novamente.

O capitão de um navio tem que atravessar tempestades, mas como ele confia nos princípios de navegação, passará pela tempestade. Nenhuma tempestade dura para sempre. E assim é conosco. Há tempestades na vida humana, algumas causadas por nós mesmos, mas muitas vezes nos envolvemos em tempestades de nossas famílias ou de nossos alunos, que são incapazes de encontrar sua paz. Cada professor deve aceitar os fardos de seus alunos e pacientes. Ele não pode evitá-los. Algumas vezes, ele pode perder noites; pode levar semanas com os problemas desta ou daquela pessoa. Ele está assumindo o fardo daqueles a quem ele tenta elevar acima da adversidade; mas isso também torna a vida interessante, porque nesse caso também não interessa o quão severas são as tempestades, não importa o quão difíceis ou profundas, ele prova para si e para outros que a saída é conhecer Deus corretamente.

Conhecer Deus corretamente é Vida Eterna, mas não conhecemos Deus corretamente até que o conheçamos como a Consciência Divina e Infinita, que criou o sol, a lua, as estrelas e planetas, que nos informa, governa, sustenta, guia e dirige ao nosso destino final, que é a realização de nossa Verdadeira Identidade como esta Consciência. Eu não creio que poderíamos ser trazidos mais próximos de Deus sem esbarrarmos nele.

Através dos anos, sempre houve homens que perceberam que a meta da vida poderia ser atingida somente se encontrassem Deus, mas a maior parte deles pensou em Deus como algo separado e à parte de si mesmos; e eles, portanto, saíram procurando por Ele, onde Ele não pode ser encontrado. Sucesso nessa busca só é possível quando se compreende que a Consciência é a substância de toda forma de atividade, não somente de toda a vida, mas até mesmo do corpo, esse mesmo corpo com o qual andamos, comemos e dormimos.

Se não houvesse uma Consciência invisível expressando-se como forma, não poderia existir uma árvore, ou mesmo uma folha na árvore. Mas a Vida Una expressa a Si Mesma como centenas de espécies diferentes de árvores, flores, ervas e folhas. A Vida expressa a Si Mesma como essas formas, mas a Vida não deveria estar presente, nesse caso, antes de suas formas surgirem como seres ou manifestações?

As emanações da Vida são invisíveis na Consciência, e conforme um maior entendimento desta Verdade é adquirido, a Consciência, então, surgirá em maior proporção em nossa experiência. Nós somos essa Consciência Infinita, mas não estamos manifestando o Infinito neste estágio de nossa experiência. Estamos manifestando apenas o grau de Consciência que podemos perceber neste momento, mas porque estamos desenvolvendo esse Estado de Consciência, ao menos ele deveria ser bem maior do que era há vinte ou trinta anos atrás. De fato, um dos propósitos da vida neste plano é prover nossa Consciência Individual com a oportunidade de evoluir, evolui através e como nós, conforme nos abrimos para o Infinito.

O Reino de Deus está dentro de nossa Consciência, e quando nos voltamos para dentro, em meditação, para que essa Infinita Consciência possa fluir, nós mostraremos mais desse Infinito que somos e sempre fomos, e no próximo ano em maior grau, e ainda mais um pouco no ano seguinte. Em outras palavras, estamos expressando tanto da Consciência Infinita quanto no momento a compreendemos.

Comecemos com a percepção de que não somos forma: nós somos Consciência, e pela nossa devoção à meditação, chegamos a um grau maior e a uma compreensão mais profunda do Deus – Consciência. A Consciência sempre se expressa em formas individuais de inteligência. Quer tome a forma de um músico compondo um oratório, um poeta escrevendo um poema épico, uma artista dando uma Mona Lisa ao mundo, um escultor entalhando David ou um engenheiro construindo uma ponte, trata-se de uma só Inteligência que se revela exteriormente na vida como forma, como múltiplas expressões de seus próprios dons infinitos.

Quando percebemos que nós somos Deus-Consciência expressando a Si Mesmo em grande variedade de formas individuais, já não sentimos uma tão grande responsabilidade de perpetuar nossos pequenos egos, e nem ficarmos excessivamente preocupados sobre nosso conforto mundano. A Consciência que existia antes desta forma individual de experiência ter sua forma individual é responsável por manter e sustentar a Si Mesma “como” nós, como nossos negócios, nossa profissão, habilidade e nossa integridade. O governo de tudo está sobre Seus ombros: a responsabilidade pela vida não é nossa. Nossa responsabilidade é viver no presente, com o mais alto sentido de retidão.

Não podemos ser algo que não somos num dado momento, não mais do que um girassol não pode ser uma orquídea, ou do que uma folha de grama não pode ser uma rosa. E se um girassol ou uma folha de grama se esforçassem por ser outra coisa do que são – se pudessem – destruiriam a si mesmos. Muitos estudantes do Caminho Místico recriminam a si mesmos por não serem mais espirituais e querem saber como podem ser mais espirituais. Eles não podem! Se ao menos cada um de nós pudesse relaxar e perceber:

“Eu sou o que Eu Sou, e não posso ser outra coisa do que Eu Sou. Aquilo que criou a Si Mesmo como esta forma perpetua-se na eternidade”.

Isso não significa que devemos nos agarrar à forma para mantê-la, assim como não podemos manter uma criança de seis anos para sempre, e não podemos manter nossa própria forma nesta terra. Todos nós superamos nossos corpos: infantis, adolescentes, adultos. A vida é um processo contínuo de superação.

A vida não pode ser vista com olhos físicos. A Vida Ela Mesma é invisível; vemos apenas as formas que a Vida assume. A Vida manifesta a Si Mesma como belas flores e folhas, mas sabemos que, com o tempo, todas serão descartadas. Mas a vida não será descartada, somente a folha ou a flor será. A Vida continua para sempre e sempre, sempre aparecendo como novas formas. Nós somos Vida-Consciência.

Não somos aquilo que é visível: nós somos o Ser Invisível aparecendo como forma, mas nem a forma e nem a personalidade são o nosso Ser Real. Nosso Ser é a Consciência Individualizada, a grande e Infinita Consciência, que manifesta a Si Mesma como tantas formas e variedades de beleza e harmonia.

Viver assim com o Invisível produz uma mudança milagrosa em nossa vida. Treinamos a nós mesmos para não comermos ou bebermos sem uma pausa consciente de um minuto, para perceber que qualquer coisa vamos consumir vem do Invisível. Deus aparecendo como nossa Consciência Individual, essa é a Fonte. Sempre voltemos nosso pensamento para Deus como a Fonte Invisível, e então observaremos, em poucos dias ou semanas, coisas começando a acontecer em nossas vidas como nunca aconteceram antes.

Com qualquer coisa que entre em nossa experiência, nós permanecemos por um segundo na natureza invisível de sua Fonte, percebendo que isso tem seu fundamento na Consciência que somos. Essa mesma Consciência Divina e Infinita que nos enviou como expressão também traz todo o bem em nossa vida, senão nem estaríamos aqui, porque nada que não seja parte de nossa Consciência pode aparecer para nós. Tudo o que aparece ou é expressado por nós tem que primeiro estar em nossa Consciência, ou não poderíamos vir a ter conhecimento disso.

Isso pode ser provado por qualquer pessoa que, depois de caminhar por uma via pública, para e começa a fazer um balanço do que viu na rua, e depois, refazendo seus passos, observa quanta coisa deixou de ser registrada por ela. Por quê? Porque não eram parte de nossa Consciência. O ponto é que uma pessoa caminha e vê cada joalheria em sua passagem, enquanto que outra pessoa só vê lojas de roupas, e quase nada mais. Tudo o que aparece em nossa vida deve primeiro ser parte de nossa Consciência (podemos entender com clareza a ideia do autor; contudo, hoje sabemos que uma pessoa pode dar um descrição detalhadíssima de todo o caminho, com auxílio da hipnose. Então esse “filtro” seria bem característico da consciência “humana”… Na minha opinião, isso não invalida a opinião do autor, mas torna o exemplo inadequado e difícil de entender, já que o comportamento consciente/inconsciente é bastante complexo. – nota do trad. G. S.).

Portanto, quando reconhecemos qualquer forma, seja uma mesa diante de nós, dividendos que entram, salário, subsídio, juros, o que quer que seja – é um produto de nossa Consciência, então toda a natureza de nossa vida começa a mudar. Em vez de vivermos uma vida material centrada em coisas, passamos a viver uma Vida Espiritual centrada na Causa, e aí as coisas aparecem em nossa experiência como coisas acrescentadas, e daí em diante não mais as odiamos, tememos ou amamos; nós meramente desfrutamos delas conforme vêm e vão, mas não temos mais apego a elas.

Não há como romper um apego indevido, a não ser permanecendo firme no fato de que há uma Causa ou Fonte invisível de tudo o que aparece.

E o que é esse Invisível, senão a Consciência? E Consciência de quem, senão nossa mesmo, já que é nossa Consciência que atrai nossas experiências? Quando percebemos Deus como substância e tecido de nossa Consciência, começamos a atrair dela somente o Bem, mas se atraímos da consciência humana, há sempre a possibilidade de atrairmos tanto o bem quanto o mal.

Consciência é a Essência e Substância de tudo o que existe. Isso, no entanto, seria tão sem sentido quanto dizer que Deus é a Substância de todas as formas, ou que Deus é a Essência de nosso Ser, a não ser que compreendamos que estamos falando de uma Consciência Individual, não “uma” consciência ou “a” consciência, mas a “nossa” Consciência.

Tendo isso como base, nossa única preocupação é com nosso próprio estado de consciência, porque é ele que determina a nossa experiência individual. Toda pessoa se beneficia ou sofre por seus próprios atos, e por isso é o indivíduo que determina diretamente a natureza de sua própria experiência. As Escrituras de todos os tempos mostraram que o indivíduo é responsável por sua experiência.

Quando entendemos isso, entendemos a passagem bíblica que diz “lança teu pão às águas”. E por que deveríamos lançar nosso pão às águas? Porque esse é o pão que deve retornar a nós. Não podemos esperar desfrutar o pão que outro alguém jogou nas águas, e quer o desejemos ou não, não seremos capazes de fazê-lo. O Mestre revelou essa verdade quando ensinou que “o que você planta, você colhe”, e isso, corretamente interpretado, significa que toda a sua experiência é uma emanação de sua própria Consciência. Deus-Infinito, Eternidade, Imortalidade – é nossa Consciência em seu estado mais puro. Não somos um ego separado e aparte de Deus: nós somos Deus expressado como seres individuais. É isso que nós somos quando somos como Adão e Eva no Jardim do Éden.

Somente quando a crença em dois poderes entra em nossa Consciência é que somos expulsos do Jardim do Éden e passamos a viver como seres humanos, que têm que ganhar a vida com o suor de seu rosto. Somos humanos que vivemos vidas às vezes boas, às vezes más, saudáveis ou enfermas, ricas ou pobres, e para a maioria das pessoas predominam os aspectos negativos. Todas essas coisas acontecem para nós porque agora desenvolvemos, através dessa crença do bem e do mal, transmitidas a nós por eras, uma consciência, uma mente, uma vida por nós mesmos, às quais nos referimos como “minha” vida ou “sua” vida. E por causa dessa identificação, achamos que temos uma vida a perder, uma mente a perder. A busca pela Verdade tem sido e sempre foi uma via de retorno ao Deus-Consciência. O Filho Pródigo teve uma certa quantia da substância de seu Pai, com a qual ele começou, mas a cada dia que vivia, usava um pouco dela, até terminar sem nada. Assim é a experiência humana.

Começamos na vida com alguma medida de Deus-Vida, mas por acreditarmos que nossa vida é separada de Deus-Vida, começamos a chamá-la “nossa” vida e começamos a usá-la. Quanto atingimos uns sessenta anos mais dez ou vinte, já gastamos toda nossa força e capacidade mental.

Viver a Vida Espiritual significa encontrar um caminho de retorno à casa do Pai e ser vestido com o manto real da filiação e receber o anel da autoridade espiritual. No Caminho Espiritual, buscamos “morrer” para nossa vida humana, uma vida feita do bem e do mal, e então renascermos em nossa Essência original, nossa Divina Consciência, ou Deus-Vida.

A plenitude começa a aparecer com o reconhecimento de que Deus constitui nossa Consciência, e que essa Consciência é Infinita: ela inclui nossa Vida e nosso Ser até o Infinito e a Eternidade; e, portanto, nosso bem se desenvolverá a partir de dentro de nós, e os caminhos humanos pelos quais deve aparecer serão abertos.

Nós somos Consciência: Consciência é nossa Identidade; Consciência é o Infinito de nosso Ser, é a Fonte de nosso Ser, é o Princípio Criativo. E é nosso estado de Consciência que manifesta a si mesmo como nossa forma e experiência particulares. O mais importante fator em nossas vidas e em nosso progresso no Caminho Espiritual é a Consciência – nossa Consciência Individual.