A PALAVRA SAGRADA- “UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
EU SOU O QUE SOU (Êxodo 3:14)

“Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede” (João 6:35)

“Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58)

“Eu sou a luz do mundo” (João 9:5)

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vai ao Pai senão por mim” (João 14:6)

“Eu sou a ressurreição e a vida: aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25)

“Não te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13:5)

“E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20)

Numa tentativa de sondar o mistério de Deus, de explicar o que não pode ser explicado e de abranger o que não poder ser abrangido, o homem usa palavras. Mas as palavras jamais podem explicar Deus. Jamais haverá uma palavra que seja Deus. Nem mesmo a palavra “Deus” é Deus, e nem as palavras Mente, Alma, Espírito ou Verdade, pois todas essas são efeitos objetivos para a pessoa que os anuncia.

(Obs: Um dia, fazendo um curso, pediram uma redação explicando sobre a natureza de Deus; fiquem sem saber o que escrever…

 Fiz uma observação:

 Manifesto estranheza quanto a solicitação da  explicação da  razão da existência de Deus, pois talvez seja a pergunta mais difícil de responder, haja vista que não há sequer uma definição exata, mas somente termos ou ideias que possam nos transferir uma noção, que somada a nossa Chama Divina pode leva-nos a fé  de Sua existência, lembrando que a fé existe para algo que não estamos “vendo” de fato, pois à partir do momento em que vivenciamos não precisamos mais ter fé, contudo a questão quanto a explicação da   Existência do Criador é de absoluta profundidade e muito complexa, levando-nos a entender, com certa doze de fé e bom senso, que Deus pode  ser sentido e vivenciado, podemos manifestá-lo porque somos seus filhos.

Ainda quanto a complexidade da questão, imaginemos hipoteticamente que o mais sábios dos filósofos, Platão por exemplo, se aproximasse de uma árvore onde estivesse pousado um pardal e se colocasse a explicar assuntos filosóficos e existenciais, pois bem, por mais que tal mestre se esvaísse em tentativas, o pequeno alado não o compreenderia, preocupando-se apenas com a sua alimentação e o seu ninho). 

Em absoluta verdade, não há sinônimos para Deus. Esses que usamos são apenas atributos descritivos de Deus. Alma é um atributo da pureza de Deus; Espírito descreve a incorporalidade de Deus; Amor, Mente, Princípio e Lei são facetas do Deus-Ser; mas nenhum desses termos são realmente Deus.

Quando acabamos com essas palavras, não estamos mais perto de Deus do que estávamos antes: nós não encontramos Deus. E então, partimos para outra palavra, e mais outra e mais outra. Finalmente, percebemos que não podemos encontrar Deus em uma palavra, em nenhuma palavra fora daqui.

Finalmente, voltamo-nos a uma palavra que contém o segredo das eras – “Eu”. “Eu”, não é nem sujeito e nem objeto, e esse “Eu” é o “Eu que Eu Sou”, o Conhecedor. É o Conhecedor e o conhecido, quem conhece e é conhecido; e Eu Sou ambos: Eu Sou Ele.

Se todas as palavras que usamos como sinônimos de Deus realmente fossem Deus, o ambiente em que estaríamos repetindo essas palavras se encheria de iluminação flamejante, e nele não poderia haver nem doença e nem discórdia. Mas tudo o que fazemos ao repetir essas palavras é declará-las ou afirmá-las, e como nada acontece, elas não podem ser Deus. Não há palavra que possamos pensar que não seja um efeito do pensador, e o pensador tem que ser maior do que qualquer palavra que ele possa pensar, anunciar, declarar ou escrever.

Independente da palavra que proferimos – mesmo a palavra Deus – há um Eu que a profere, e algo a ser proferido. Depois que todas as palavras se vêm e vão, e não podemos mais vê-las ou ouvi-las, o Eu ainda permanece. Esse Eu tem que ser maior do que qualquer pensamento que eu possa ter, ou qualquer conceito que eu possa manter, maior do que qualquer crença ou teoria que eu possa formular ou aceitar (aqui como em vários – senão todos – os livros do autor, “Eu” com letra maiúscula é a Consciência transcendente, Deus; e “eu” com letras minúsculas é o ego mundano – nota do tradutor

GS).

Qualquer palavra para Deus, exceto uma palavra, ainda levaria a algo como “Isso” mais eu. A única palavra que elimina tudo isso menos a si mesma é a palavra “Eu“. “Eu” é a palavra definitiva por trás do que não podemos alcançar, porque esse Eu é o Pensador, o Agente, a Consciência, a Causa, aquele que “É”. Não há palavra que expresse realmente Deus, a não ser a palavra Eu. Se qualquer outra palavra for usada, ainda haverá um “Eu” que a declara, e certamente esse Eu que a declarou, pensou, inventou ou descobriu será maior do que qualquer dessas palavras.

E o que é isso, senão o entendimento da palavra Eu que teve Moisés, líder e salvador do povo hebreu? Essa palavra era tão sagrada que seu uso era reservado somente para os altos sacerdotes, e eles não eram autorizados a anunciá-la, exceto em um dia do ano, quanto então recolhiam-se no Santo dos Santos, no santuário interior do templo, e ninguém estava autorizado a estar lá para ouvi-la.

Moisés guardou essa palavra cuidadosamente, pois sabia que os seres humanos a usariam falsamente. Eles a usariam para identificar a si mesmos como Jim, Bill ou Mary.

Se fosse dito que esse Eu é Deus, eles a traduziriam como Jim sendo Deus, Mary sendo Deus ou Bill sendo Deus; e teríamos seres humanos agitando suas asas e anunciando o sacrilégio “eu sou Deus”.

Por essa razão, essa palavra Eu foi mantida sagrada e secreta. Seu conhecimento foi mantido à parte pelos sacerdotes, e foi esse conhecimento que constituiu seu sacerdócio – esse entendimento de sua Verdadeira Natureza. Com essa compreensão, eles podiam administrar a necessidade daqueles que os procuravam, porque todo aquele que conhece esse Eu imediatamente desiste de toda preocupação pelos próprios problemas, e pode, então, alimentar as multidões, suprir, sustentar e curá-las.

Também o Rei Salomão conheceu este segredo, e durante a construção de seu templo, ele prometeu que, quando o templo estivesse pronto, aqueles que trabalharam nele teriam a senha que lhes permitiria viajar a lugares distantes e ter para sempre o soldo de um mestre. A ninguém era permitido saber essa senha até que passasse por cada estágio dessa construção, desde aprendiz até chegar a mestre (alusão à Maçonaria – nota do trad. G. S.).

Simbolicamente, isso significa que o ignorante e iletrado, o ser humano não espiritual, era  aprendiz, o grau mais baixo da evolução espiritual; e naquele estágio, não poderia receber a senha, porque ela não lhe traria nenhum bem; mas se trabalhasse através dos vários estágios de humanidade, até que chegasse a um nível de discernimento, de mestrado, então receberia a palavra, porque só então era capaz de entendê-la.

(Vale à pena colocar que ignorância geralmente exime culpabilidade, isto pode er controverso, haja vista que a ignorância não exime a culpa, uma vez que, por exemplo em termos concretos, se alguém pular do 20 º andar de um prédio, a lei da gravidade vai agir, independentemente  se esse alguém é rico ou pobre, alto o ou baixo…, outro exemplo, uma pessoa não conhece leis de trânsito, vai de carro a uma metrópole e entra em uma via contramão causando graves prejuízos, o fato da pessoa ignorar a lei não muda nada e nem serve como desculpa)

E que senha era essa? EU SOU. Aqueles que conhecem o EU SOU jamais terão que procurar “o homem cujo fôlego está em suas narinas” para nada. Qualquer um que realize o EU SOU pode viajar para qualquer lugar do mundo, com ou sem bagagem.

Todo o necessário lhe será suprido a partir de sua Interioridade. Ele não tem que depender da caridade, da boa vontade ou influência de ninguém. Ele já carrega consigo tudo de que necessitará.

Esse EU SOU conhecido por Moisés, por Salomão, Isaías, era o ensino secreto de Jesus: “Eu tenho carne para comer que vós não conheceis… Eu sou o pão da vida… Eu sou o caminho, a verdade e a vida… Eu sou a ressurreição e a vida… Eu e meu Pai somos um… O Pai é maior que tudo”. Em outras palavras, a nossa parte invisível é maior do que a visível, e o Eu é maior do que o que somos, porque nós somos alimentados pelo Eu que nós já somos. Essa não é mais uma palavra inventada pelo homem, não é um outro poder, presença ou símbolo criado no tempo e no espaço. Esse é o Eu que nós somos, que nos alimenta, seja em forma de livros, leituras, comida, roupa, lar e transporte: tudo vem do Eu. O apogeu da correta Mensagem da Verdade é quando vamos mais além de usar uma palavra como Deus e chegamos onde não há mais nada, a não ser esse “Eu”, ou EU SOU. E isso basta!

“Eu” é Deus: não há dois. Quando Ele-Eu revela-se a nós, algo quente, alegre e sagrado toma lugar dentro de nós. Essa é “a pérola de grande valor”. E nós jogaríamos fora um tesouro desses para um amante de bugigangas montá-la numa moldura barata e usá-la como bijuteria? Se o Eu em nós é Deus, o que há interno ou externo que possa contrariar a Vontade de Deus? O que pode destruir a Vida de Deus, ou destruir a Mente ou o Corpo de Deus?

Há um Deus no alto dos céus? Há um Deus sentado numa nuvem? Há um Deus flutuando no ar? Há um Deus vagando pela terra? Eu não conheço nenhum. Nunca vi e nem ouvi falar. O único Deus que revelou a Si Mesmo é Aquele que vem como a pequena Voz silenciosa que é proclamada dentro de mim. Mas não há nada dentro de mim que não seja Eu. “Eu Sou” o único ser que eu sou, e se escuto a pequena Voz silenciosa, ela só pode vir das profundezas do meu próprio Ser. Mas não pode ser o que é chamado “ser” humano (ego); tem que vir daquele Ser em mim que eu reconheço como sendo divino. Se “Eu e Meu Pai Somos Um”, eu devo ser esse Um; e, portanto, a menos que eu saiba que Eu, dentro de mim, sou Ele, então não conhecerei Deus.

EU SOU – não o impetuoso e desavergonhado “eu” humano, que quer andar pelas ruas gritando “eu sou Deus”, mas o eu humano que secretamente e sagradamente recebeu a afirmação interna:

Silêncio, aquieta-te: Eu Sou Deus. Fica em silêncio! Não sabes que Eu, dentro de ti, sou Deus? Jamais te deixarei. Eu vim para que possas ter vida, e que a tenhas plenamente.

Fica quieto! Eu estou dentro de ti. Eu Sou teu ser, Eu Sou teu pão, tua carne, teu vinho e tua água. Que tua mente silencie. Que todos os temores se aquietem. Não há poderes externos a ti: não há Deus em palavras ou pensamentos. Eu sou Deus!

Essa é a “pérola” que deve permanecer oculta, para que não seja pisoteada; porém, é uma pérola que deve ser compartilhada. E ela pode ser compartilhada somente com aqueles que são confiáveis e que a podem receber como sagrada, porque, quando ela é dada à mente despreparada, essa mente quer usá-la para conquistar o mundo: “oh, eu sou Deus, então quero um milhão agora… quero dez, cem milhões! E por que não? Se eu sou Deus!”

Mas a Alma que está preparada ouve o sussurro: “oh, Eu Sou Deus, Eu não preciso de nada, Eu não quero nada. Eu tenho tudo o que preciso e o que quero, e as bobagens do mundo não me interessam“. Não podemos ser esse Eu que é Deus, se ainda estivermos interessados em nome, fama e fortuna. Essas coisas podem vir até nós, mas quando acontecer, não daremos valor a elas.

Enquanto houver um “eu” procurando Deus, ainda não teremos chegado em casa.

Somente quando percebemos que Eu Sou Deus é que estamos em casa com Ele, em paz, pois, quando sabemos que Eu e o Pai Somos Um, não temos nada por nos inquietar, nada por temer, nada por odiar e nada por ressentir. Nem vida e nem morte pode nos separar do Amor de Deus.

Ao compartilhar essa “pérola”, pode ser que alguns que aprenderam sobre ela a usem mal e destruam a si mesmos. Eles não nos destruirão; e nem destruirão o mundo: eles destruirão a si mesmos. Mesmo assim, apesar de tais pessoas, essa Verdade deve ser revelada, para que aqueles que a podem aceitar sejam completamente livres – espiritualmente livres, na percepção da grande sabedoria que Moisés ocultou de muitas pessoas, e que o Mestre foi crucificado por revelar: “EU SOU ISSO, EU SOU… Eu e o Pai Somos Um”.

Se a Graça Divina nos deu a Sabedoria de aceitá-la – e somente a Graça Divina pode nos dar isso – aceitemo-la como sagrada, mantendo-a em segredo, sem anunciar ou deixar que alguém saiba que sabemos.

Se falamos a uma pessoa não desenvolvida e nem treinada na Sabedoria Espiritual que Deus é o “Eu”, ela pensará, em seu estado não iluminado, que nós estamos deificando um ser humano. E isso não é verdade. O ser humano tem que “morrer” para que esse Eu, que é sua Verdadeira Identidade, possa ser revelado em toda a sua pureza e plenitude. Esse Eu que é Deus é o Eu em você, é o Eu em mim, pois há somente um Eu, um Ser. Há apenas uma Vida Divina que eu sou e você é.

O Caminho Infinito ensina que uma pessoa nunca deve dizer “Eu Sou Deus”, porque isso não é verdade. Nenhum ser humano é Deus. Se um ser humano fosse Deus, toda  palavra que ele dissesse curaria os doentes, ressuscitaria os mortos, abriria os olhos dos cegos, mas isso ele não é capaz de fazer. Por quê? Porque um ser humano não é Deus.

Mas quando ele se volta para o Reino de seu próprio Ser, em paz e silêncio, e escuta a Voz que lhe fala “não temas, Eu estou aqui”, é Deus dentro dele proclamando sua Voz, e então a terra derrete e o erro desaparece.

Nós somos os instrumentos, as testemunhas da Palavra de Deus, e essa Palavra é “Eu”.

Mas não devemos dizer “Eu”, nós devemos ouvir “Eu”. Essas coisas são tão sagradas que não deveriam nunca ser anunciadas por ninguém: elas só são verdadeiras se estiverem realmente dentro e forem ouvidas no Santuário Interior de nosso Ser.

Quando estamos em oração e sentimos essa atividade que mostra que Deus está em campo, uma cura ou um melhoramento pode ter lugar, porque nada pode atrapalhar o caminho do Eu, nada! Poderíamos falar dele de hoje até o juízo final e nada aconteceria, mas se Ele anuncia a Si Mesmo através de nós, então Ele se torna a Palavra feito carne.

A única coisa que cura é a Palavra de Deus, e ainda que se use uma velha linguagem familiar, Ela sempre vem como inspiração renovada, porque vem das profundezas da Alma. Este ensinamento não afirma que você e eu somos Deus: este ensino revela o Eu dentro de você e dentro de mim, não por virtude de falarmos dele, mas por ouvirmos interiormente. E esta revelação não nos faz um com o Pai: ela estabelece dentro de nós a percepção de que antes que Abraão fosse, Eu e o Pai éramos Um. Esse Eu é a Presença e o Poder, e é Onipresente e Onipotente. É a manifestação de tudo o que é necessário para o nosso desenvolvimento, de tal modo que, se precisássemos sair de casa sem levar nada, poderíamos andar onde quiséssemos pelo mundo todo, se fosse esse o nosso propósito – e alcançarmos nosso destino, mas desde que não procurássemos fora de nós mesmos, esperando que alguém nos ajudasse ou nos desse uma passagem ou um dinheiro. Tudo é possível para quem permanece no EU SOU.

Quando sabemos que o Eu está aqui, lá e em qualquer lugar, podemos usar qualquer um, ou todos, os muitos sinônimos de Deus – Vida, Verdade, Alma, Princípio. Não há diferença, porque estamos meramente usando termos descrevendo atributos de Deus.

No entanto, ninguém pode definir Deus para nós, porque Deus é indefinível. Nós não sabemos quem somos, somos um mistério até para nós mesmos. Há um Eu dentro de nós que nunca foi conhecido por ninguém.

Se, em sacralidade e segredo, mantemos protegida dentro de nós mesmos a palavra Eu, aquilo que hospedamos secretamente nos recompensará abertamente, e todos os que chegarem em nossa presença sentirão um impulso divino. É como se uma voz dentro de nós falasse “Eu, dentro de ti, sou Deus, e tudo o que Eu tenho é teu”.

Então descansamos na promessa de que o Infinito Invisível interior é a Fonte de nossa vida, que nos criou desde o princípio. Deus nos criou – não pais humanos, mas Deus.

Nós somos espiritualmente criados e espiritualmente formados, ainda que, para o sentido humano, mantenhamos um sentido físico dessa Criação Espiritual. Se aprendermos a olhar além do véu deste mundo e perceber que não dependemos de nada do mundo exterior, começaremos a compreender que o Eu dentro de nós é poderoso:

Não preciso ter fé em “príncipes“; Não preciso confiar “no homem com o fôlego nas narinas”, e nem preciso temer o que o homem me possa fazer, porque carrego comigo o grande Salvador, o grande Princípio, o Eu do meu próprio Ser, o Eu que me criou e me mantém, o Eu que é o verdadeiro pão da vida, minha carne, meu vinho, minha água, minha salvação e ressurreição.

Se este templo do meu corpo for destruído, em três dias o chamado Eu ressurgirá.

Mesmo se eu estiver inconsciente, mesmo morto, o Eu dentro de mim está vivo, e esse Eu ressuscitará até mesmo meu corpo, se houver ocasião e necessidade.

E o que é isso que restaura os anos perdidos para os gafanhotos? Eu. O que é isso que ressuscita nosso corpo, trabalho, lar, força, saúde e vitalidade? Eu. Há apenas uma única Presença Divina, um Poder, e está manifestada nisso que sagradamente e secretamente chamamos de “Eu“.

O Mestre teve grande dificuldade em transmitir essa ideia aos hebreus que seguiam as cerimônias, rituais, preceitos e dias sagrados, pois a eles foi dada pouca ou nenhuma iluminação. Toda sua instrução tinha sido no campo da mente e no acompanhamento de ritos exteriores, e isso não é suficiente. O Ensino Espiritual deve entrar no coração, precisa estar na Alma: ele tem que ser mais sentido do que pensado, precisa ser compreendido intuitivamente. Só então podemos ter a palavra Eu no sagrado e secreto abrigo do Altíssimo, e aí permanecermos com Ele. Se permanecermos no lugar secreto do Altíssimo e habitarmos com esse Eu, deixando que esse Eu habite em nós, deixando que esse Eu inunde nossa Consciência, Ele se transmitirá a Si Mesmo a nós, e nos dirá:

“não sabes que Eu Sou Deus? Aquieta-te e sabe que Eu Sou Deus; Eu em ti sou poderoso. Eu nunca te deixarei, nem te abandonarei”. Estamos procurando algum outro Deus que não o Eu por nossa saúde? Se estamos, perdemos a meta. A Árvore da Vida está verdadeiramente plantada no meio de nossa Consciência, e tudo está contido nessa pequena palavra Eu. “Sou Eu, não tenhas medo.. Jamais te deixarei”. Mantenhamos a

Palavra no Centro de nosso Ser, em nossa Consciência, em nosso coração. Não vamos desfilar ou exibi-lo, senão o perderemos. Quanto mais silencioso e sagrado o mantivermos, maior será Sua demonstração.

Ninguém pode se vangloriar de Deus; ninguém tem o direito de agir como se o segredo fosse sua possessão pessoal. É um segredo, mas não é seu e nem meu: é o segredo dos místicos de todas as eras. Foi conhecido por Lao Tzu na China; por Gautama, o Buda; é o tema central de Shankara; e é o tema central do ensinamento de Jesus Cristo, como foi revelado no Evangelho de João. É o tema central da vida de todo místico. A palavra Eu é o segredo do desenvolvimento do místico. Mesmo antes de existir um conceito de Deus na mente do homem, Eu, Deus, sempre existiu. Antes que houvesse seres humanos na terra, o Eu existiu como Poder Criativo de tudo o que existe. É difícil para uma pessoa aceitar essa ideia, a menos que haja uma resposta interior, algo que diga “sim, isso é o que sempre acreditei, mas não podia falar. Isso é o que eu sempre soube, isso é o que eu sinto”.

Eu é a palavra sagrada. É a Presença suave e gentil, mas mesmo assim, uma Presença poderosa. Se tivermos um senso de correção sobre esta Palavra Sagrada, então poderemos mantê-la dentro de nós e viver para fora, a partir do Centro de nosso Ser.

Andaremos pela Terra, abençoando todos os que chegam a nós.

Quando uma pessoa alcançou a Realização de Deus, sua presença é uma benção para os outros; e se é encarregado de cuidar de algum lugar consagrado, como uma igreja, templo ou sinagoga, a atmosfera de sua Consciência permeia tudo, e até entrar nesses ambientes pode ser uma benção. Qualquer lugar de adoração onde há um ministro, rabi, sacerdote ou qualquer pessoa verdadeiramente dedicada ao Caminho Espiritual da Vida, é solo sagrado. Tão sagrado que basta andar por ele para receber uma cura. Até as pedras proclamam com suas línguas espirituais: “a Presença de Deus está aqui!”

Não é um templo que consagra o homem: é o homem que consagra o templo. E nem precisa ser um templo, ou igreja ou sinagoga, isso é de pouca importância. Pode ser um quarto em sua casa, uma cadeira, mas se somos consagrados a Deus e se preenchemos a nós mesmos com a convicção da Onipresença de Deus, a atmosfera ao nosso redor enche-se de Poder Espiritual, e aqueles que chegam podem sentir sua influência curativa.

(As religiões são importantes, geralmente encaminham pessoas para se tornarem melhores, contudo, ao meu ver, é um sistema hierárquico onde a pessoa que frequenta pode sentir-se protegida e estar bem com Deus simplesmente por frequentá-la; é bem comum ouvir alguém falar: – fulano é uma boa pessoa, é religiosa, sempre vai (ao templo, a igreja…) – dando a entender que isto é um atestado de idoneidade moral – ledo engano)

Onde há esse reconhecimento da Presença e do Espírito de Deus, o Poder de Deus flui, mantendo nossa Liberdade mental, moral, financeira e física, e sempre que uma necessidade aparece, criamos o que parece ser um vazio dentro de nós, uma atitude de ouvir, e em seguida, a palavra certa chega a nós, a Palavra de Deus, que é imediata, afiada e poderosa, e que opera curando, sustentando e reformando.

Só há um Eu permeando cada pessoa, constituindo toda a vida individual, seja humana, animal, vegetal ou mineral. Esse Um Eu é a Alma de todo Ser, o Princípio Criativo, a Atividade, a Causa, a Vida e até mesmo o próprio corpo. É tanto causa quanto efeito. É o Eu que é a Sacralidade de nosso Ser, a Consciência de nosso Ser. É isso que nos governa, o Eu no meio de nós é poderoso. Tire seus sapatos na presença da palavra Eu, porque você está pronunciando o Nome de Deus.