Desde os tempos antigos, este mundo, com toda sua magnificência, ainda que pontuado por tragédias, tem sido um mistério; e o homem ele mesmo, o maior enigma de todos.
Traduzido por Giancarlo Salvagni – Observações em vermelho e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
Aqui um homem, ali outro, buscou penetrar nesse mistério, mas a maior parte dos homens cuidou de seus negócios, fazendo humanamente todo o necessário – alguns com grande integridade, outros com menos, uns com habilidade, outros não, mas todos com uma coisa em comum: tudo o que existia para eles era o que podiam ver, ouvir, provar, tocar e cheirar, ou ainda analisar e pensar a respeito.
Eles podem ter olhado para o céu ocasionalmente – uma passada de olhos, um vislumbre, um pensamento ligeiro – mas isso não tinha significado para eles, exceto, talvez, o sol estar acima durante o dia, sempre muito desconfortável, e a lua e as estrelas à noite, muito bonitas. Essas coisas não tinham significância: eram apenas coisas que viam ou sentiam, coisas das quais estavam cientes, mas das quais não tinham conhecimento e , naquele momento, nenhum interesse.
Para essas pessoas, era como se não houvesse outro mundo, exceto o que viviam. Viam o horizonte e era tão real que, para eles, representava a beirada do mundo e não ousavam sair e investigar. Se soubessem da natureza global da terra e das leis de navegação, poderiam navegar em torno do mundo, descobrindo continentes, ilhas e uma riqueza ilimitada, mas por causa de sua ignorância, ficaram confinados dentro dos limites de seu ambiente imediato.
De modo similar, não é o mundo de hoje cheio de pessoas educadas ou não, ainda sem nada saber além do que podem ver, ouvir, provar, tocar, cheirar ou sentir? A raça humana, como a conhecemos, é composta de homens e mulheres vivendo completamente desligados da Ajuda Divina, do Sustento Divino, da Providência Divina.
Desde os mais antigos dias até os tempos modernos, o homem não só tem vivido do suor do seu rosto, mas tem se empenhado em conflitos para defender seus fins, seja como indivíduos, ou como companhias sob a marca da competição, ou nações sob o signo da guerra.
(Geralmente materialistas egoistas que acreditam no poder ilusório e efêmero que a traça há de roer)
Em algum lugar no meio da estrada, o homem perdeu sua identidade e começou a olhar para si mesmo como uma pessoa separada, à parte de sua Fonte, sob a necessidade de ganhar a vida e sustentar sua família; mais tarde, foi compelido a proteger sua família e comunidade dos povos vizinhos, que também perderam o conhecimento de sua verdadeira identidade, e que, lutando por sua sobrevivência, pouco se importavam se o faziam ganhando, roubando ou indo à guerra por isso.
Depois, desenvolveram este mundo de seres humanos, cada um vendo a si mesmo como uma individualidade separada dos outros, com seus próprios interesses, com responsabilidades em seus ombros, de prover não só para o presente, mas também para o futuro.
Entre os povos primitivos, no entanto, sempre houve alguns não tão terrenos, alguns capazes de se erguerem acima de suas circunstâncias, de se elevarem em suas consciências e, enfim, começarem a se questionar sobre as maravilhas deste universo.
Aqueles que olharam para as estrelas distantes do céu num deserto ou talvez uma lua próxima em uma noite clara, ou aqueles que estiveram sozinhos no mar certamente sentiram o mistério da atmosfera, do céu, e alguma coisa até mesmo do deserto e do mar incompreensíveis.
A grandeza desse universo impressionante levantou questões, sem dúvida, na mente da pessoa que já estava sintonizada com seus mistérios, ou que, por uma razão ou por outra, veio sem amarras a este mundo, sendo terrena, mas não da Terra, andando nela,mas não sendo dela. À noite, conforme olhava para aquelas maravilhosas, distantes e inacessíveis estrelas, deve ter sentido que havia um mistério escondido, algo desconhecido da mente do homem. Então aí estava: isso tudo existia. Devia haver um significado para essas estrelas no céu, devia haver uma causa.
Para essa pessoa, seja na terra ou no mar, vieram as questões inevitáveis: o que há por trás desse mundo visível? Como esse mundo entrou na existência? O que estou fazendo na Terra? Será esta vida – nascer, caçar, pescar, cuidar de uma família e de um negócio, e depois envelhecer e morrer? Será este universo produto de algo maior do que eu, ou eu sou uma porção de protoplasma atirado aqui na Terra, num momento qualquer e sem uma boa razão? * Será este um mundo acidental? Sou uma vítima do acaso e da mudança, vítima de um deserto impiedoso, de um maremoto, um furacão, dilúvios, fogo ou outros cataclismos?
O planeta Terra está a um UA (unidade astronômica = 150.000.000 KM) do Sol. A Lua está orbitando mais ou – 300.000 KM da Terra, a Terra orbita o Sol e a Lua orbita a Terra.
No sistema solar existem 9 ou 8 planetas, isto é, descartaram Plutão como planeta.
O sistema solar está na periferia da Via Láctea, nossa galáxia (100 mil anos luz de diâmetro um tanto elíptico), e nossa galáxia faz parte de trilhões de outras que conseguimos captar; mas pelo que sabemos o Universo não tem fim, embora afirmem que esteja se expandindo; para onde?
Deixando as incógnitas astronômicas de lado por um instante, vamos nos ater ao que conhecemos.
Se a Terra se afastar do Sol um pouquinho… sejam bem-vindos a nova era glacial e adeus vida humana; já e a Terra se aproximar um pouquinho do Sol, adeus vida humana e bom churrasco.
Se a Lua se afastar ou se aproximar da Terra, adeus humanidade.
Parece que somos um tanto arrogantes por ser tão vulneráveis, né?
Com certeza, que uma ordem cósmica, organizada por uma Inteligência muito superior, está “operando” para que possamos existir neste momento!Certo? Logo, na nossa existência não é acidemtal.
Deve ter havido na experiência dos homens tempos em que buscaram penetrar no mistério da vida, quando imaginaram a possibilidade de serem mestres, em vez de vítimas, quando passaram a acreditar que este mundo foi dado a eles, e que era deles.
Podem ter tido vislumbres fugazes, mas mesmo assim, certamente ainda estavam lá.
Provavelmente longos dias e noites montando um camelo através do deserto, ou esperando na margem por um pequeno bote para pescar levaram a períodos de introspecção, especulação e reflexão. Na verdade, isso pode não ter acontecido com freqüência, mas alguém, em algum lugar no escuro, no passado sombrio, milhares de anos antes da história escrita, captou um vislumbre do homem interior, do “Eu” interior, e cada um deve ter interpretado e avaliado diferentemente.
Com o passar dos séculos, o registro de muitas dessas revelações nos mostram claramente e inequivocamente que esses homens do passado distante sabiam que eles, como seres humanos, não eram os homens da Criação de Deus. Eles descobriram, séculos antes de Abraão, Isac e Jacó, que há dentro de toda pessoa o que veio a ser chamado de Cristo, o Homem Espiritual, o “Eu” Divino, o Infinito Ser, o Filho de Deus. E, embora cada um desses místicos antigos cunhassem novas palavras e novos termos para expressar essa Interioridade, todas eles descreviam a mesma experiência.
Quatro mil anos antes do nascimento do Mestre Cristo Jesus, havia mestres de visão espiritual, revelando a seus seguidores a Verdadeira Identidade do homem e instruindo os como viver por uma Graça Interna, mais do que por um poder externo. Esses que eram totalmente receptivos foram atraídos para esses ensinamentos e, sem dúvida, alguns deles fizeram a transição do homem da Terra para o homem que tem seu Ser em Cristo. Talvez não tenham sido muitos, porque a humanidade, como um todo, permaneceu em completa ignorância do Caminho Espiritual da Vida. Essa ignorância pode ser comparada a um grupo de pessoas nascidas e trazidas para uma ilha, sem qualquer conhecimento ou contato com o mundo exterior, e, depois, vivendo como se sua ilha particular fosse a circunferência do mundo inteiro, com nada acontecendo, a não ser o que ocorresse em sua pequena e isolada esfera.
Da mesma forma, o homem tridimensional, o homem da Terra, vive num mundo circunscrito pelo seu próprio conceito limitado de si mesmo e do mundo, acreditando que isso é o mundo todo que existe, e que, para poder sobreviver, é necessário mentir, enganar e usar todos os truques do comércio, até mesmo a guerra. Para ele, o poder é um caminho certo e normal, e qualquer outra coisa é sinal de fraqueza.
Essa é a vida vivida pelo homem que está na ignorância da Verdade, que pertence a outro reino da consciência, na qual ele até poderia entrar e encontrar uma vida mais gloriosa, um mundo no qual poderia viver em paz com seus vizinhos, com seus competidores e com todas as outras raças e religiões da face da Terra.
(Grande engano)
Assim como as pessoas na ilha isolada não poderiam se mover para fora, para um mundo que elas não sabiam existir, ou como os índios americanos de quinhentos anos atrás não poderiam se mover para a Europa, porque não tinham conhecimento de que existia tal lugar, assim nunca foi possível em qualquer tempo dos milênios passados dizer ao homem que ele estava vivendo numa prisão de sua própria mente, cercado pelas suas próprias limitações. Ora, como o homem poderia visualizar tal coisa! Como ele poderia acreditar em algo tão além de sua imaginação selvagem!
Deve ter havido indivíduos, no entanto, que, primeiro de tudo, tiveram algum tipo de convicção interior de que existe algo além e maior do que esse estado de limitação, esse estado de aprisionamento mental, e captaram existir um reino tetradimensional ou espiritual sobre o qual nada sabiam. Eles apenas tiveram o sentimento dentro de si mesmos de que deveria existir algo mais do que a vida para a qual nasceram, de cuidar da família, ganhar a vida e morrer. Então pensaram que deveria haver algo melhor, alguma coisa além disso tudo.
Os poucos que experimentaram essa inquietação interior foram os mesmos que começaram a busca. Mas por onde e como começar a busca pelo desconhecido? Não havia livros naqueles dias, nem escolas e nem bibliotecas públicas. Então, como poderia o homem iniciar sua jornada, e por onde? Nós só podemos especular o que ele fez, mas ele tem que ter começado por si mesmo, disso estamos certos: não havia mais para onde se voltar. Então provavelmente ele começou por levantar questões para si mesmo, ponderando sobre as circunstâncias que o cercavam, pensando sobre o significado delas, e tentando ver além das aparências.
Milagres são milagres, e um dia algo maravilhoso aconteceria, e ele encontraria outro homem com quem sentisse afinidade e atração, e logo esses dois homens estariam dialogando, trazendo à luz suas tentativas de sondar o mesmo mistério e rasgar o véu da ilusão.
Pode ser que um deles tenha dito “sabe, eu ouvi falar de um homem do próximo vilarejo que parece saber de alguma coisa, um homem muito estranho, vamos encontrá-lo“. E então iriam atrás desse estranho personagem da comunidade vizinha. A princípio, podem não ter conseguido uma única palavra dele, mas com sua persistência, seu novo conhecido os teria reconhecido como situados à parte pelo Caminho, e ele pode ter começado a revelar a eles os pequenos segredos que descobriu. Pode ter dito a eles que, bem distante dos homens, haveria um templo usado como local de encontro.
Num templo, caverna ou nas montanhas distantes, aqueles que descobriram alguma verdade podem ter se juntado em grupo. Com o tempo, esses grupos teriam se multiplicado, e então haveria alguns que receberam a Luz Plena do Entendimento Espiritual. A experiência logo deve ter mostrado que não adiantava sair pelas estradas e falar sobre isso com as pessoas, porque a maioria vivia dentro de suas próprias mentes, limitados pela própria ignorância, incapazes de enxergar qualquer coisa além de seu presente modo de vida e, portanto, não poderiam aceitar qualquer ensinamento novo.
Dada a ignorância da humanidade, não é um espanto que Jesus tenha encontrado toda uma dúzia de discípulos a quem poderia pedir que deixassem as redes para segui-lo? (de fato) O homem da Terra, vivendo em sua concha de ignorância, só poderia responder “como posso ganhar a vida sem rede para pescar ou campo para arar? E você me diz para largar, para largar tudo! Como posso fazer isso?” Mas é evidente que aqueles que foram atraídos para o Mestre tinham suficiente intuição interior para compreender que, mesmo sem saber para onde os estava conduzindo, podiam confiar nele, pois tinham o discernimento para virem a saber o que o Mestre sabia.
Hoje em dia, assim com antes, se dizemos que não há necessidade de viver num mundo de “cachorro comendo cachorro” (“mundo cão“), mas que há outro caminho, a questão volta: “mas qual é ele?” E fica sem resposta. O materialista não tem como compreender o que significa viver pela Graça, ou viver “não pela força ou poder”, mas pelo Espírito de Deus. Isso para ele é uma linguagem tão estranha quanto o sânscrito, e hoje, como antes, a Mensagem Espiritual alcança somente aqueles que, por alguma razão, tiveram seus olhos abertos para Algo além de si mesmos e de seu mundo de lutas e competição- não porque alguém lhes disse isso ou porque leram a respeito, mas por causa de seu sentimento interior. Essas são as pessoas que, eventualmente, são levadas ao Ensinamento Espiritual. Esses são aqueles que já têm olhos de ver e ouvidos de ouvir, são aqueles iniciantes do Caminho Espiritual que, enquanto vivem nesse plano humano da mente e do corpo, estão expandindo sua visão e captando centelhas de um outro
Estado de Consciência. Eles já começaram sua busca.
Para alguns, a busca pela realidade definitiva é bastante longa, um andar em círculos com muito e muitos passos falsos, mas no fim, nada disso é importante. A única coisa importante é a busca que foi iniciada, mantendo uma suficiente firmeza de propósito, pois mesmo que tenham um caminho longo, com pedras e barreiras, desânimos e problemas, eles não desistem, na esperança e na convicção de que há um caminho para esse Reino da Verdade. Com essa convicção interior, desenvolvendo-se passo a passo, encontrar-se-ão habitando em Deus. Isso sempre esteve garantido, desde o início de sua jornada.
A razão pela qual não puderam dar um passo rápido e direto é que a meta é algo que os seres humanos não podem conceber, eles não sabem como atingi-la diretamente, então seguem cada pequeno atalho que se abre para eles, com as promessas que os trouxeram até aí, muitas vezes chegando a um beco sem saída ou a uma estrada bloqueada, tendo que retomar seus passos e recomeçar tudo de novo. Se pudessem ao menos saber qual é a meta, aí sim poderiam buscá-la mais rápida e diretamente.
As coisas de Deus são loucura para o homem da Terra, e são de tal forma que, mesmo que lhe fosse falado o que a Verdade é, pareceria tão ridículo a ele, que não seria capaz de aceitá-la; e por esse motivo ele seria levado a todos os tipos de caminhos tortos, tentando seguir os que lhe parecessem mais razoáveis e certos. Mas ao “homem que tem seu fôlego nas narinas“, o Caminho Espiritual é absolutamente impraticável e nem um pouco razoável.
Para esse homem da terra, tudo no mundo é efetivado por atividades externas, e então, quando ele começa a procurar a Verdade, ele tende a continuar procurando nas coisas exteriores, buscando em montanhas ou templos sagrados, pensando que vai achar aqui ou ali, mesmo que o Mestre tenha afirmado muito claramente que o Reino de Deus “não está aqui e nem está ali, pois eis que o Reino de Deus está dentro de vós”. Essa é uma linguagem simples, mas os humanos não podem aceitá-la ou acreditar nela, porque não a compreendem. É tão estranha ao seu modo de pensar que não tem registro entre eles como sendo plausível, ou sequer como uma possibilidade. Depois de uma pessoa estar no Caminho Espiritual por um longo período, no entanto, eventualmente chega uma revelação a ela, vinda de seu próprio Ser, ou então ela é levada a um mestre que possa revelar a Verdade, e a essas alturas, provavelmente já alcançou uma prontidão que lhe permite assimilar a Verdade que lhe é transmitida.
Seres humanos não são iluminados; nascem na completa ignorância de sua Verdadeira Identidade, ignorância daquele Algo que habita em nós, sem serem instruídos pelo Divino Mestre. Essa é a raça humana como nós a conhecemos; essas são as pessoas sobre as quais lemos nos jornal: aquelas na prisão, na prisão da escassez, do pecado, da doença, na escravidão política e religiosa, na ignorância acadêmica – essas são as não iluminadas, as pessoas terrenas.
Desde o início de toda revelação, tem sido destacado que isso não precisa ser assim, pois a qualquer momento você pode voltar-se para dentro e começar sua ascensão para fora da tumba de nossa escuridão, para fora da prisão em direção á Luz, fora da ignorância para o entendimento. O não iluminado pode se tornar iluminado. O homem vivendo nas trevas pode tornar-se a Luz do mundo. O homem vivendo em pecado, doença e pobreza pode tornar-se Filho de Deus, e conseqüentemente herdeiro de Deus, co-herdeiro de todo o céu.
Saber disso marca o início de nossa Jornada Espiritual, a meta e o propósito final, que é a Iluminação. Na literatura mística, essa Iluminação costuma ser chamada de Iniciação, que é alcançar a mente que estava também em Cristo Jesus. Que diferença faz em que termos isso é expressado? O significado é claro, e quando nossos passos forem dirigidos para a via espiritual, inevitavelmente chegaremos.
Os antigos descobriram que dentro de si mesmos estava Algo que, fosse o que fosse, reconheciam que os tinha tocado, mas não estava flutuando no ar, e nem tinham razões para acreditar que estivesse acima, no céu. Eles sentiram que era Algo residente em si mesmos, Algo com “A” maiúsculo, Algo que tinha uma Voz, Algo que poderia transmitir, revelar – e então tornaram-se receptivos. Aprenderam sobre a natureza dos ouvidos de ouvir. Comungaram dentro de si mesmos, e então a resposta veio e souberam que, de algum mar profundo dentro de si mesmos, de alguma profundeza de Interioridade, pérolas de Sabedoria lhes estavam sendo dadas.
E assim foi que um ou mais entre esses antigos declararam, e depois escreveram, que há uma Presença permanente, há um Cristo ou Filho de Deus Interior, mas eles eram sábios o suficiente para perceberem que isso, na verdade, era apenas outra dimensão de si mesmos. Não era uma outra pessoa se apossando deles: era um “Eu” mais profundo, mais pleno, e gradualmente aprenderam a comungar com esse “Eu” Interior, Divino e Espiritual. Aprenderam a receber instrução, e a instrução que receberam tornou-se a base dos ensinamentos religiosos das grandes escolas de mistério da Índia, Tibete, Egito, e mais tarde Grécia, Roma e a Terra Santa.
Há muitos e muitos séculos antes de Jesus, já foi revelado que há este Ser Interior que é o nosso Verdadeiro Ser, e que é o mediador entre o homem e Deus. O elo de conexão entre nós e nossa Fonte é esse Centro Divino dentro de nós, esse Cristo do qual fala Paulo, o Pai que habita em nós, como diz Jesus. Esse é o Mediador por meio do qual alcançamos a definitiva e absoluta Fonte de nosso Ser, de onde recebemos nossa experiência na Terra, nossa função, dever, missão, vida, imortalidade, harmonia e a preparação para a próxima fase de vida, que virá quando estivermos graduados nesta experiência terrena.
Ninguém pode comungar com seu Mediador, com esse “Eu-Cristo”, a não ser empenhando-se em períodos de introspecção e comunhão interior. Mas se nos mantemos tão despropositadamente ocupados no mundo exterior, de modo a não termos períodos freqüentes para nos voltarmos para dentro, perdemos a experiência definitiva de receber a Palavra de Deus, vinda da boca de Deus.
O propósito de todo ensinamento místico é revelar o Filho de Deus interior. Não é nos convencer a adorar uma outra divindade, na pessoa de um fundador de uma religião. Na verdade, todo mestre espiritual deve despertar em nós gratidão e reconhecimento por conta de sua vida de dedicação, mas não adoração. A missão real do mestre e seu ensinamento é nos trazer de volta para dentro de nós mesmos, até que nós também, como o mestre, recebamos transmissões. Quando isso começa em nossa experiência, a terra derrete, os problemas desaparecem; os conflitos terrenos são resolvidos e dissolvidos – não por alguma sabedoria que tenhamos, ou que tenhamos aprendido em livros, mas pelo trovão deste silêncio que está dentro de nós.
Não precisamos ouvir uma voz audível – até podemos, mas não é necessário.
Não precisamos ter visões – podemos, mas não é importante.
O que é necessário e importante é entrarmos no Santuário, esse Templo de Deus que nós somos e no qual Deus habita. Quando o reconhecemos e entramos nele, começamos a comungar com esta Presença. Muito cedo veremos os frutos em nossa vida e coisas começarão a acontecer, coisas pelas quais sabemos não sermos humanamente responsáveis. Alguma coisa foi adiante de nós para endireitar os caminhos tortos; Algo foi adiante para nos preparar mansões; Algo anda ao nosso lado para nos proteger das discórdias e conflitos da vida terrena.
Somente quando começamos a entender que há um Reino Interior, somente quando podemos concordar que há um campo de conhecimento desconhecido para o “homem natural”, somente então nossa busca se inicia.
Devemos chegar ao ponto em que somos capazes de perceber o significado do que disse o Mestre: “Meu Reino não é deste mundo… Guarda tua espada na bainha, porque todo aquele que tomar de sua espada, morrerá pela espada”.
O Caminho Místico, o Caminho Infinito, não é o caminho da espada. Não é o caminho da força e do poder, é o Caminho do Silêncio. Mais cedo ou mais tarde, devemos ver que dentro de nós há um Reino Interior. Isso responderá toda e qualquer questão. Isso nos ensinará que o único lugar onde podemos ser ensinados – é dentro. A pequena e silenciosa Voz nos instruirá em cada dom particular, cada talento ou área que possa ser, Sabedoria Espiritual ou matemática, arte, literatura, ciência ou música.
Um grande gênio como Einstein estava consciente de que há um ponto na matemática em que os mais brilhantes matemáticos chegam a um limite da razão e do pensamento, e então afastam-se para a intuição. Então, se desejarmos ser limitados pelo que outros disseram da matemática, ou o que outros escreveram sobre música, nós o seremos; mas não precisamos ser.
Toda a arte, ciência, matemática e religião vieram da Alma do homem através dele voltar-se para dentro, trazendo para fora glórias nunca dantes vistas ou conhecidas na Terra, e ainda há coisas muito maiores por serem reveladas. Quão longe estamos de sequer tocar os recursos internos de nosso ser! Isso já é suficiente para deixar claro o quanto é necessário conseguirmos a capacidade de meditar, nos inspirar e comungar com nosso Ser Interior.
Não é muito difícil aprender a fazer isso, depois que chegamos ao entendimento de que há uma Presença que habita em nós. Essa é a dádiva de Deus desde o começo, e sem esse dom de Deus, o homem seria apenas um animal. O fato, portanto, de termos nos erguido acima do estágio animal prova que temos dentro de nós algo que foi desenvolvido num grau mais elevado. Entretanto, estamos apenas no começo, e assim como a aranha tece a sua teia a partir de dentro de seu próprio ser, assim também nós precisamos desenvolver a Graça, a Divina Sabedoria e o Divino Poder a partir de dentro de nosso próprio Ser.
Aquele que não é iluminado e é inconsciente de que podemos recorrer à Infinita Fonte Interior tem que suportar todas as limitações deste mundo. Os iluminados que tocaram a
Infinita Divindade no Centro de seu Ser nunca são limitados pelo tempo, espaço, local ou por valores. Não há limitação, quando percebemos que todo o Reino de Deus está seguro dentro de nós. Ele não tem que ser alcançado; não temos que ir a Deus por ele: temos que soltá-lo a partir de dentro de nós mesmos.
Deus, no princípio, plantou a Si Mesmo em nós e soprou em nós o seu sopro de Vida.
Deus não soprou em nós vida humana: Ele soprou em nós a Sua Vida. Deus não nos deu uma alma limitada, mas Sua Alma – Infinita, Eterna e Imortal – mas temos que ir a esse Centro.
Quando abrimos essa Fonte dentro de nós mesmos, lá devemos encontrar o Mestre. Nós nunca somos o Mestre, nós sempre somos os servos. Mas uma vez iluminados, o Mestre dentro de nós passa a se expressar e agir.
“Maior é Aquele que está em vós do que o que está no mundo”. Mas quem é “Aquele”? O Mestre, o Espírito de Deus, o Filho de Deus que é erguido em nós pelo nosso reconhecimento e humildade – não humildade no sentido humano de permitir a nós mesmos sofrer imposições ou suportar abusos, mas humildade no sentido de perceber que, seja lá o que formos, é por causa do Mestre fluindo através de nós.
Sem isso, não seríamos nada, menos do que nada. O Espírito de Deus nos ergueu acima do homem animal, como pessoas que podem viver não somente pelos Dez Mandamentos, mas bem além deles, segundo o Sermão da Montanha, numa vida de Graça, no Reino Interior.