No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Traduzido por Giancarlo Salvagni – Observações em vermelho e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:1-14
A Palavra torna-se carne, isto é, a Palavra torna-se o Filho de Deus na consciência dos homens. A consciência da maioria dos homens está nas trevas e não pode receber ou acreditar no Filho de Deus. Mas para aqueles que podem recebê-lo, para aqueles que têm alguma intuição espiritual, o Filho de Deus pode vir e ser recebido, e ainda que o Filho de Deus seja recebido por uma única pessoa em todo o mundo, isso torna possível para todos os homens, para nós também, nos tornarmos Filhos de Deus.
Todos os místicos do mundo revelaram que existe apenas Um Eu, Um Ser, Um Ser Infinito. Deus criou o Ser Individual, você e eu individuais, à imagem e semelhança de Si Mesmo, não através do ato de concepção humana e nascimento, mas Ele enviou o homem como expressão e manifestação de tudo o que Ele é e tem – e isso sem nenhum processo.
Por causa deste Relacionamento Espiritual com Deus, o homem é Um com seu Criador, embora em algum momento remoto ele tenha deixado a casa de seu Pai, decidindo ser algo por si mesmo, tornando-se assim o Filho Pródigo. Ele não estava satisfeito em compartilhar a Sabedoria do Pai, Sua Riqueza, e Sua Graça; por isso, quando ele se afastou da casa do Pai, daquele divino “Eu“, ele levou consigo o senso pessoal do “eu”, tentando fazer seu caminho por meio de seus próprios esforços e sua própria sabedoria (nenhuma, na verdade… – nota do tradutor G. S.), mas falhando – falhando miseravelmente. Eis aí, em essência, toda a história da raça humana. É a história do “homem natural”, que não está sob a lei de Deus.
Essa tem sido a experiência de cada um de nós. Antes de entendermos a natureza de Deus e do Ser Individual, talvez tenhamos pensado em Deus como algum ser distante, provavelmente sentado em uma nuvem ou no céu, uma espécie de Pai super-humano, que nos recompensa quando somos bons – se é que acontece de ele perceber isso – e que nos pune quando somos maus, o que Ele já sempre nota. Nesses dias obscuros, Deus seria uma espécie de super Papai Noel que, se conseguíssemos agradar, poderia ser condescendente e fazer algo por nós; e se nós o desagradássemos, nos manteria em algum tipo de escuridão ou nos daria algum castigo.
(Um fato curioso é dizermos – Se Deus quiser tudo dará certo… – aí Deus pensa:
– Será que ajudo este filho ou não?
Outra frase comum é: – Ó Deus, ajude ou faça com que a pandemia termine.
O mais interessante, contudo, trazendo para a linguagem humana, se sabemos que Deus é Plenitude e Paz absoluta, está claro que pandemias e guerras nada tem a ver com Deus, pois tudo isto, inclusive o conceito de bom e mau é coisa que o homem criou).
Nessa fase obscura, nós tivemos que confiar em nós mesmos, sozinhos, para progredirmos na vida, ganharmos a vida pelo suor do nosso rosto, prosseguimos por uma vida sujeita a todas as suas leis materiais – saúde, economia e legalidade, muitas delas infundadas e injustas, e vivermos sob dominação, às vezes da família e às vezes do governo. Nós não tivemos acesso a qualquer coisa de natureza espiritual que pudesse resolver nossos problemas ou ser de alguma ajuda em caso de emergência. Fomos seres humanos, não esclarecidos, não iluminados. Nós estávamos na escuridão; nós nos envolvemos numa sensação de personalidade separada de Deus. Deus estava a milhões de anos-luz de distância, além das estrelas; e nesse sentido de separação, acreditamos que nossos pecados e os de todos os nossos antepassados operavam para nos manter longe de Deus.
No mais íntimo de nossos corações, sentíamo-nos insatisfeitos e incompletos, porque não conhecíamos a riqueza do Filho de Deus, nem a saúde e a perfeição da Vida Eterna. Sentindo essa ausência, esse sentido de separação e de incompletude, chegamos dentro de nós mesmos e perguntamos: “ó Deus, onde estás? Existe um Deus, ou tenho me iludido? Existe um Ser supremo, ou eu tenho me enganado em tentar encontrar um?”
Esta súplica interior testemunhou o vazio em algum lugar dentro de nós, e este vazio clamou por ser preenchido. Este vácuo, ou sensação de separação, pode ter aparecido em nós como pecado, falso apetite, doença, ou pobreza. Que diferença faz quanto à forma? No entanto, apareceu, foi realmente uma sensação de incompletude, e isso trouxe dentro de nós um desejo de sermos completos e plenos. Podemos ter interpretado isso como um desejo de sermos saudáveis, ou termos uma oferta suficiente, ou como anseio por companheirismo, mas dentro de nós, nosso verdadeiro desejo foi de reunirmo- nos com a nossa Fonte.
No entanto, ao mesmo tempo, esta Palavra se fez carne, este Filho de Deus habitou em nós, mas foi envolto com tanta escuridão que não conseguimos percebê-lo (“e as trevas não o compreenderam…”), nós não estávamos cientes de sua presença. Então, nessa escuridão espiritual, trazida sobre nós pela nossa ignorância da verdade de que, dentro de nós, está a Palavra feita carne, essa Luz do mundo, nós lutamos por nós mesmos, com a pouca sabedoria humana ou força humana que tivemos.
Mas se nós lutamos por uma cura, ou por sermos livres do pecado, falsos apetites, ou por carência, o que estávamos realmente lutando era para voltarmos para a casa de nosso Pai, para deixarmos de lado esse sentido do “eu” pessoal, e mais uma vez descansarmos, na certeza de que não somos pródigos. Lutando com desejo sincero, esse falso senso pessoal cai, e maior harmonia aparece. Em nossa ignorância, chamamos isso de cura. Mas não é: é o surgimento de nossa Identidade Divina.
Paulo justamente declarou: “Nem a morte nem a vida … serão capazes nos separar do Amor de Deus”. Na realidade, nunca fomos separados de Deus; nunca nos separamos do nosso Bem, da nossa Unidade e Completude; mas desde o momento em que éramos bebês, fomos ensinados sobre um “eu” pessoal, e temos, portanto, nos envolvido nesse falso senso do eu, que afirma: “Eu sou Maria”, ” Eu sou Bill “, ou” Eu sou Joel “, em vez de humildemente perceber: “Fique quieto e saiba que Eu Sou Deus”. Eu no Centro de mim é (sou) Deus e, portanto, eu vivo pela Graça e pela Herança Divina.
Viver por essa Herança Divina não significa que não trabalhemos. Não há provisão no céu ou na terra para parasitas. Independente da riqueza material que podemos herdar, não podemos nos sentar e assistir o sol nascer e se pôr indefinidamente, sem trabalhar e, de alguma forma, fazer uma contribuição para este mundo.
Assim, apesar de sermos herdeiros de Deus, é através de nossa Realização Espiritual, em última análise, que deriva o nosso Bem de Deus, então trabalharemos mais horas e mais diligentemente do que fizemos quando estávamos trabalhando apenas para viver, porque agora percebemos que não podemos manifestar a Glória de Deus apenas oito ou doze horas por dia: leva-se vinte e quatro horas por todos os dias para mostrar a Graça de Deus e a Glória de Deus. Toda a vida se torna uma questão de deixar essa influência espiritual fluir através de nós e, porque estamos unidos um com o outro, tudo que flui do Pai para qualquer um de nós é instantaneamente compartilhado por todos nós.
Nada pode entrar em nossa experiência, exceto através de uma atividade da nossa consciência. É através de nossa consciência que mantemos uma sensação de separação de Deus e do Bem – do bem-estar, do companheirismo, totalidade e completude – mas é também através de nossa Consciência, quando conscientemente nos tornamos Um com a Fonte de Todo o Bem, que somos restaurados por essa percebida Unidade com Deus.
Em sua consciência, o homem tem ou não tem. Ele, dentro de sua consciência, ou se separa do seu bem, ou se encontra com ele. O que for preciso, portanto, para satisfazê-lo no presente nível de vida, só pode vir a ele através de um ato consciente: e esse ato deve ser repetido uma e outra vez, até que eventualmente culmine em União Consciente com Deus.
Atingir a União com Deus geralmente não vem em um único passo. É mais do que provável que seja o resultado de anos de dedicação, estudo, meditação e serviço no estágio inicial do que poderia ser chamado de primeiro grau. Quando chegamos a este primeiro grau, começamos a aprender que existe um Deus, e que tanto somos Um com Deus que Ele executa aquilo que nos é dado fazer.
Ao persistirmos em seguir os ensinamentos do Cristo, aprendendo a perdoar setenta vezes sete, orando por nossos inimigos e não resistindo ao mal, aproximamo-nos cada vez mais da percepção de nossa Verdadeira Identidade e da Presença de Deus em nós. Mas nós não podemos chegar em Sua Presença com uma atitude cruel e condenável em relação à vida: temos que ir de modo gentil e pacífico, em silêncio e confiança, se é que esperamos ouvir essa “Voz pequena e silenciosa” interior.
Gradualmente, alcançamos uma atitude consciente com a Infinita Fonte do nosso Ser, uma Consciência cada vez maior do Infinito. Tornamo-nos cada vez mais conscientes de que existe uma Presença que vai adiante de nós para endireitar “os caminhos tortos em caminhos retos”. Nós sentimos que não estamos sós, que dentro de nós realmente existe este Infinito Invisível. Algumas vezes parece quase como se estivesse dentro do nosso peito, às vezes como se estivesse sentado em nosso ombro ou em pé atrás de nós, mas estamos sempre cientes, mesmo que vagamente, que existe um Pai, uma Presença e Poder invisíveis, e então, mais e mais nós descansamos nele. Tudo isso é progresso no primeiro grau.
À medida que nos aproximamos da última parte da experiência do Primeiro Grau, começamos a perceber que estamos vivendo mais pela Graça do que por esforço: estamos vivendo mais por um Poder que está fazendo coisas para nós, sem nossa tomada de pensamento consciente, e às vezes são feitas antes mesmo que saibamos que há uma necessidade para elas. Algo parece ir adiante de nós, mudando as relações entre nós e as pessoas que conhecemos.
O resultado final de passar por este grau é o ganho de absoluta convicção interna de que onde estamos, Deus está, que o lugar onde estamos é terra santa, que há um “Ele” (“Eu“) que executa aquilo que nos é dado fazer, que existe uma Graça Divina que provê as nossas necessidades, “não pela força, nem pelo poder”, mas pelo gentilíssimo Espírito de Deus que está dentro de nós.
Apesar dessa Consciência contínua de uma Presença Interior, ainda há outra barreira que separa todos os homens da realização e demonstração de Deus: a crença de que existem dois poderes. Nos estágios iniciais de nosso estudo da Verdade, buscamos a Deus como um Poder porque, na nossa ignorância, gostaríamos de usar o poder de Deus sobre algum outro poder. Mas a maior realização neste estágio de nosso desenvolvimento é a percepção de Deus como Um, e não como um poder sobre algum outro poder, mas como o Único Poder. É quando começamos a entrar em realização com Deus como o Único Poder que já não tememos poderes externos de qualquer tipo, nem mesmo “os exércitos alienígenas”.
Ao passar pelo Primeiro Grau, uma transformação da Consciência acontece, e na medida em que alcançamos uma Consciência da Presença de Deus e uma percepção do Infinito Invisível, nós começamos a perder nosso ódio, nosso medo e nosso apego pelo mundo externo. Nós não temos mais ódio ou medo de germes, infecções, contágios, epidemias ou acidentes; nós não mais odiamos, tememos ou amamos qualquer variedade expressa: estamos começando a alcançar a realização do não-poder de todas as formas. Nós não tememos terremotos, furacões, tornados, ciclones, ou inundações: entendemos que, por causa da Natureza Infinita do Ser Espiritual, esses “poderes” não são poder. Eles são o “braço da carne”, ou seja, nada.
Através da construção e do fortalecimento de nossa percepção de Deus como Presença, como Lei, como Vida Eterna e como Paz, nós estamos, ao mesmo tempo, perdendo o medo de todas as formas materiais, quer apareçam como condição ou pessoa. Começamos a sentir-nos como o Mestre sentiu-se diante de Pilatos: “tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado pelo Alto”. Através de nossa Consciência Iluminada, percebemos que todos os males deste mundo são apenas sombras trazidas pela crença universal em dois poderes, e vamos perdendo essa crença, na medida em que Deus torna-se mais e mais real como Uma Presença e Um Poder.
A Consciência Iluminada é um Estado de Consciência Individual – sua e minha – no qual o medo e o ódio pelas coisas externas começam a desaparecer. O amor indevido pelas coisas deste mundo diminui, embora isso não signifique que não devamos apreciar as coisas belas da vida, experimentá-las e, se servirem a um propósito, até mesmo possuí- las. Isso não significa que não devemos desfrutar de uma bela casa: se assim tiver que ser, ela será trazida para a nossa experiência; isso não significa que não devemos desfrutar de riqueza, pois se a riqueza vier, isso significa que não devemos nos apegar a nenhuma forma material, fazendo disso uma necessidade, algo importante em nossa vida, quando realmente sabemos que são apenas parte de uma imagem passageira.
Perder nosso ódio, medo ou amor pelo reino externo não é algo alcançado de boca, por palavras ou elaboração de afirmações ou declarações, mas somente pelo desenvolvimento da nossa Consciência, através da realização da Presença Divina que, afinal, percebemos ser o próprio Eu, o próprio Eu de nosso Ser.
No começo de nossa jornada espiritual, estávamos na escuridão, na ignorância espiritual grosseira; nós não sabíamos a Verdade. Por causa disso, nós vivíamos na consciência material e todo o nosso sentido da vida era materialista; tudo o que pensávamos era do ponto de vista material, e foi atribuído poder à matéria ou à forma, tanto para o bem quanto para o mal. Nós estávamos conscientes de nós mesmos como indivíduos, vivendo nossas próprias vidas, flutuando entre sucessos e fracassos, tudo porque estávamos limitados à nossa própria mente, nossa força física e nosso senso pessoal de certo e errado.
Uma das primeiras coisas que aprendemos foi que não estamos sozinhos, há uma Presença dentro de nós, uma Presença maior do que qualquer coisa do mundo, uma Presença que, no começo, nós chamamos de “Ele”, não por qualquer razão particular, porque esta Presença não tem gênero: não é homem nem mulher; é incorpóreo e espiritual; nunca pode ser visto, ouvido, provado, tocado, ou cheirado. Só o conhecemos por nossa experiência. Podemos dizer que o sentimos, mas não o sentimos através de qualquer sensação de tato que temos. Mais corretamente, nós podemos dizer que estamos conscientes da sua Presença.
Nós praticamos esta Presença, a qual mais tarde identificamos como Deus, acordando de manhã e reconhecendo que Deus nos deu este dia, que Deus rege o dia e a noite e, assim como Deus governa todas as forças da natureza, assim Ele também nos governa. Como seres humanos, não somos governados por Deus, nem estamos sob a Lei de Deus; e por isso, tudo pode nos acontecer, qualquer coisa, desde escorregar na banheira até correr na frente de um automóvel, ou pegar um pequeno germe e ficar de cama por semanas. Tudo pode acontecer conosco, até nos tornarmos conscientes da Presença e começarmos a praticar a Verdade dentro de nós mesmos, todo dia.
À medida que continuamos nessa prática, ocorre uma quietude interior. Nós tornamo-nos mais quietos, mais pacíficos. Nós temos maior confiança em nós mesmos, porque agora sabemos que há algo maior do que nós mesmos trabalhando conosco, em nós e através de nós. Pode ser que ouçamos a Voz pequena e silenciosa nos falar tão claramente quanto qualquer pessoa pode falar, dando-nos instruções específicas, em uma linguagem que nós não podemos entender mal. Às vezes estamos cientes de uma grande Luz dentro de nós, e apenas a Presença dessa Luz já muda toda nossa experiência externa.
Há muitas maneiras desta Presença anunciar e revelar a Si mesma para nós, e um modo pelo qual podemos saber se é uma experiência espiritual verdadeira é que ela sempre é seguida de sinais: podem ocorrer na forma de cura de algum problema físico, mental, moral ou financeiro, ou de alguma discórdia. A experiência pode trazer relacionamentos humanos mais felizes com outros; pode aumentar nosso suprimento; ou pode encontrar emprego para nós. De um jeito ou de outro, uma experiência espiritual é sempre acompanhada de sinais se seguindo, o que na metafísica é chamado de”demonstração”.
Enquanto este processo está acontecendo, algo está acontecendo ao mesmo tempo. Em vez de colocarmos toda a nossa esperança, fé e confiança no mundo externo, e em vez de vivermos pelos padrões da vida mundana, agora começamos a ver que existe um Algo Espiritual que é de muito maior importância do que o material. Existe um Espírito dentro de nós, e é esse Espírito que está cumprindo o papel mais importante em nossa vida.
Se surge alguma necessidade em nossa experiência que envolva uma soma de dinheiro, nós não definimos imediatamente um planejamento, esquema ou como podemos obter essa quantia em dinheiro, mas percebemos: “espere um momento! ‘Nem só de pão vive o homem’ – nem de efeitos exteriores, o homem não vive só de dinheiro”. Então nós descartamos o problema, e muito em breve, o que for necessário para a sua solução entra em nossa experiência. Pode custar dinheiro, mas se assim for, o dinheiro será fornecido; ou pode até vir sem a necessidade de dinheiro. Não é o dinheiro que é a necessidade: é a Palavra de Deus que é a necessidade, e quando a Palavra de Deus vem, ela fornece o dinheiro, ou qualquer coisa necessária sem dinheiro.
Durante os dias de nossa dependência de formas e meios humanos, se tivéssemos um problema físico, como o coração causando problemas, toda a nossa atenção estaria centrada na correção do funcionamento do coração; mas agora, através desta prática da Presença e através da meditação, algo dentro diz: “O homem não deve viver somente pelo coração, pelo fígado, pulmões, digestão ou eliminação, mas de toda Palavra que vem da boca de Deus”! Então não pensamos mais em termos de coração, fígado ou pulmões; não pensamos em termos de digestão, eliminação ou músculos: mas percebemos que o homem vive pela Palavra de Deus. Como resultado dessa percepção, tanto o orgão quanto a função do corpo são reparados, ou somos capazes de viver confortavelmente com eles.
Com o desenvolvimento interior, aprendemos neste primeiro grau que antes pensávamos que precisávamos de coisas do plano externo, e nossa vida toda foi uma luta para alcançar mais dessas coisas, mas agora nós nos libertamos dessa luta e percebemos que “nem só de pão vive o homem”.
Ao darmos os primeiros passos para o Reino, fomos levados a esta Revelação Espiritual: “não sabeis que o Reino de Deus está em vós? Não sabeis vós que sois o Templo de Deus? Não sabeis que o Filho de Deus, o Cristo, habita em vós? Estas palavras vieram com alguma medida de convicção de sua Verdade, e nosso coração respondeu: “é nisso que eu acredito, e isso me faz acreditar que eu não estou sozinho no mundo, que Deus não me jogou neste mundo para depois me abandonar. Deus me trouxe a esta Terra para que eu possa glorificá-lo. Mas como eu posso glorificar Deus de algum modo, amarrado, como eu pareço ser, aos meus pecados, minhas doenças, meus falsos apetites e minha pobreza? Como posso glorificar a Deus na minha luta para sobreviver, na minha luta para sustentar minha família? Como posso glorificar a Deus?”
A resposta é: “você não pode! Mas se o Espírito de Deus habita em você, então você se torna o Filho de Deus e é o herdeiro de todas as riquezas celestiais”.
Nossa primeira instrução na Sabedoria Espiritual revela que não temos mais tempo para procurar nos céus, e que as colinas nas quais buscamos ajuda referem-se aos altos níveis de Consciência. Quando nos voltamos para o sentido mais elevado do nosso Ser, para o Cristo de Deus erguido em nós, estamos olhando para as colinas. Nossa visão volta-se para dentro e para cima, nessa altitude da Consciência, onde podemos discernir que a Palavra se tornou carne, e habita em nós.
Quando, num instante, Saulo de Tarso, na estrada para Damasco, foi cegado pela sua ignorância, pelo seu passado, por tudo que ele conheceu antes, e quando todas as suas crenças anteriores foram eliminadas, ele se tornou um vaso puro, com a visão restaurada para ele, uma visão além da visão física – Visão Espiritual. Ele reconheceu que a Luz brilhando dentro dele era o Cristo; ele sabia que o Filho de Deus havia sido despertado nele.
Ele viveu sozinho com este segredo sagrado, retirando-se do mundo para celebrar e comungar com este Verbo feito carne dentro dele. Ele aprendeu a se preocupar menos com o sentido físico da vida e suas necessidades, desejos ou realizações. Ele foi elevado em Consciência, e estava comungando em sua mente com este Espírito que tinha sido levantado, este Espírito que nasceu no humilde ambiente mental humanamente sábio, mas espiritualmente ignorante, de Saulo de Tarso. E assim como José e Maria levaram o Bebê ao Egito por vários anos, então Paulo levou o seu Cristo para a Arábia, escondendo-se lá e deixando-o crescer e desenvolver-se até o ponto dele próprio tornar- se plenamente Consciente e Um com Ele. E assim, o velho Saulo tinha morrido, e o novo Paulo vivia cada vez menos, já que o próprio Cristo vivia nele cada vez mais.
Finalmente, chegou o dia em que o Cristo pôde falar com Paulo: “Comece seu ministério. Saia pelo mundo e pregue. Pregue a todos homens que Eu, o Verbo feito carne, habito em você, e não somente em você, Paulo, mas em todos aqueles a quem você se dirige. Diga a cada um deles que ‘o Espírito de Deus habita em você’. E quando seus amigos, discípulos e outros tentarem alertá-lo para dar esta Palavra apenas para os hebreus, para os hebreus que são os escolhidos de Deus, dizendo que só eles são dignos de receber esta Palavra, você sofrerá a perseguição deles; você será julgado por defender a verdade de que a Palavra que se fez carne habita na consciência de toda a humanidade, seja judeu ou gentio, cristão ou pagão. Você vai levar para o mundo a universalidade da Palavra que se fez carne. Você vai quebrar essa escravidão à uma religião, a um ensino, a um professor; você revelará a toda a humanidade que o Verbo se torna carne e habita na Consciência de todos os homens, aguardando o seu Reconhecimento”.
Paulo saiu ao mundo espalhando a boa nova para aqueles de todas as crenças religiosas: “eu trago a vocês a mensagem do Filho de Deus. Eu trago a revelação da Palavra feita carne, que habita entre vocês como a Luz do mundo – como a Luz para o seu mundo. Eu lhes trago a revelação de que vocês são Filhos de Deus. ‘Nem a circuncisão serve para alguma coisa, nem a incircuncisão’, nem jejuar e nem festas servem para nada: você já é Filho de Deus, porque o Espírito de Deus habita em você”.
O Verbo feito carne é o Filho de Deus, ou Cristo, e está no meio de nós com o propósito de realizar a Vontade de Deus. Neste exato momento há dentro de nós o Filho de Deus, o Cristo, e sua função é curar e nos ressucitar de nossa humanidade “morta”, para restaurar os “anos perdidos para o gafanhoto”, para nos perdoar quaisquer pecados que nós cometemos enquanto ignorávamos nossa Verdadeira Identidade. Este Cristo está sempre nos dizendo:
“Eu vim para que todos tenham Vida, que todos tenham Vida plenamente. Relaxe, descanse! Você me procurou. Eu estava aqui o tempo todo, mas agora você me encontrou.
Agora você conhece a loucura do pecado, agora conhece a estupidez disso. E agora sabe algo ainda mais importante: não há necessidade do pecado. Não é mais necessário roubar, não é mais necessário prestar falso testemunho, planejar, conspirar ou tirar vantagem, pois Eu, no meio de você, sou poderoso; Eu, no meio de você, sou seu pão e seu suprimento para a eternidade. Eu sou a fonte de oportunidade e de inspiração. Eu Sou a Luz para o seu mundo. Eu Sou a Ressurreição, e se o seu corpo foi derrubado pelo pecado ou pela doença, Eu o levantarei. Eu – a Palavra feita carne, o Cristo que habita no meio de você – estou aqui para ressucitar seu corpo do túmulo do pecado, do túmulo da doença, e até mesmo do túmulo da velhice.
Não deixe que o calendário o derrote, porque Eu sou a Ressurreição, e Eu estou aqui para ressuscitá-lo desse velho corpo para um corpo não feito com as mãos, um corpo espiritual, eterno nos céus. Você não tem que passar pela morte física para atingir este novo corpo: apenas habite na realização do Eu no meio de você! Manhã, meio dia, e noite, pense em Mim, habite em Mim, confie em Mim, confie!
Saiba a Verdade que estou no meio de você, e sou poderoso. Estou realizando a função de Deus em você e através de você. Eu no meio de você sou o mediador entre você e sua Fonte Infinita.
Aquelas coisas que recebo do Pai, eu concedo a você. O dom da Graça, a Força, o Poder de Cura, o Poder da Redenção e o Poder de Perdoar que me foram dados do Pai,
Eu, por minha vez, dou a você. Olhe para mim e seja salvo! Creia no Filho de Deus, aquele Filho de Deus, a Palavra que se fez carne, o Cristo que está no meio de você.
Desde “antes que Abraão fosse, Eu sou”, aqui, no meio de você. Eu nunca o deixarei, nem o abandonarei. Mesmo que seus pais o abandonem, Eu não vou abandonar você. Eu estarei com você até o fim do mundo. Eu devo ir adiante de você, para iluminar seu caminho e preparar mansões para você.
Independentemente das provações ou tribulações que nos confrontam em nosso caminho humano, o nosso recurso é lembrar conscientemente da Palavra feita carne que habita dentro de nós e de sua função. Se cometermos um deslize, sua função é nos resgatar novamente; se pecarmos, sua função é nos perdoar, setenta vezes sete vezes.
Depois que esta Verdade nos foi revelada, então começamos a mais parte difícil da nossa jornada, porque agora vem esse período em que temos que fazer da Verdade uma parte do nosso próprio Ser, e trazê-la à fruição em nossa vida individual. A maneira de conseguir isso é através da prática da Presença de Deus.
Esta prática da Presença muito breve se torna uma segunda natureza para nós, e mal podemos respirar sem perceber isso, e se não fosse pela Graça de Deus, nós nem respiraríamos. O corpo por si já não pode respirar; o corpo por si mesmo não pode ficar de pé. Um corpo separado da Consciência desmorona e cai. Nós não podemos viver um momento sequer sem a realização consciente da função deste Espírito de Deus em nós.
Quando o pleno significado da Palavra que se fez carne alvorece em nós, e percebemos que ela é o mediador entre Deus e o homem, começamos a ver que esta Presença e poder de mediação está em nossa Consciência e, portanto, tudo o que o Pai pretende para nós individualmente é realizado pela Graça do Filho de Deus erguido em nós.
Esta prática continuada da Presença de Deus leva a um silêncio interior e uma quietude, para que o tumulto do mundo não entre em nossa prática, e quando nos sentamos, entramos em meditação em União Consciente com Deus, e somos testemunhas de que agora o Cristo que está vivendo nossa vida, por nós que contemplamos a Sua Glória.
Nós não estamos mais vivendo pelo poder ou pela força; nós não estamos mais vivendo pela sabedoria humana, mas por uma Sabedoria Divina que flui para fora através de nós, no que parece ser um caminho humano. Nós vivemos agora, não mais pela força, mas pela Graça, como se houvesse algo sempre aqui fora, sabendo nossa necessidade antes de nós, e suprindo isto. Isso vem através do desenvolvimento e revelação que são alcançados na meditação, quando entramos em contato com aquela Fonte Interior da Vida, aquela Força Interior que é a nossa Verdadeira Individualidade.
Desistindo do esforço consciente, luta, poder, força, preocupação e medo, a Glória de Deus pode se manifestar através da nossa vida pessoal, para que todos os homens a testemunhem e saibam que, quando o Espírito de Deus revela-se à Vida Individual, a vida torna-se uma Vida de Glória e Serviço. A vida de ninguém torna-se glorificada por se achar possível levar a vida nas nuvens; a vida é glorificada por ser uma de serviço e dedicação ao Criador de tudo, o Espírito de Deus que habita em nós.
Durante o Primeiro Grau, chegamos à conclusão de que existe esta Substância, Atividade ou Lei Espiritual Interior, e que está fluindo através de nossa Consciência, tornando-se a Substância de nosso novo mundo. O homem da carne “morreu” e, em certa medida, aquele homem que tem o seu Ser em Cristo está agora começando a se tornar vivo, ressuscitado do túmulo das crenças materiais, e subir para a Realização de sua Identidade Espiritual.