Muito poucas pessoas no mundo estão realmente interessadas em viver espiritualmente ou em alcançar o objetivo espiritual e, certamente, há ainda menos pessoas que têm alguma ideia do que significa “morrer diariamente” e renascer do Espírito.
Traduzido por Giancarlo Salvagni – Observações em vermelho e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
Muitos devem inevitavelmente cair pelo meio do caminho, mas aqueles poucos que entendem essa verdadeira grandeza, essa verdadeira sabedoria e verdadeiro sucesso colocam-se na direção oposta de glorificar o ego ou impor sua personalidade; quem permanecer e persistir, atingirá o mais alto grau de Desenvolvimento Espiritual e Consciência Espiritual.
Fazer submergir a personalidade e torná-la subserviente àquilo que é maior do que ela própria é quase impossível para a maioria das pessoas, e dá origem a conflitos internos que irão desviá-las do caminho. Através da meditação e da prática da Presença, no entanto, a mente silencia, e uma Consciência desse Algo Maior que elas é desenvolvida. Eventualmente, ao alcançar um estado de quietude completa, em que não há pensamento ou planejamento, o ser humano cederá à Vontade Divina.
Esta entrega da vontade humana ao Divino pode ser mais prontamente entendida se usarmos a analogia de um cubo de gelo flutuando em um copo de água. O gelo repousa na água, embalado por ela: não tem poder de se mover. Apenas a água pode impulsioná- lo de um lugar para outro. (Ótima analogia). O gelo em si é inerte, imóvel, passivo, e todos os seus movimentos são dependentes do movimento da água. Vamos pensar em nós mesmos como o gelo e a Consciência como a água, enquanto esperamos em silêncio e quietude pelo movimento da Consciência. Em outras palavras, devemos esperar pacientemente pela vontade de Deus de se fazer conhecido; devemos estar tão completamente entregues quanto o pedaço de gelo.
Tal estado só pode ser alcançado quando todo desejo foi renunciado, porque o desejo nutre o sentido pessoal do “eu”. Enquanto houver um desejo, haverá uma projeção para o futuro; se há um arrependimento, então há um retorno ao passado, ambos os quais são mortos, sem substância e sem vida. Ontem e amanhã, portanto, devem ser descartados Agora. Agora é a Única Vida; Agora é a Única Realidade; Agora é a única hora.
Não pode haver desejo, nem mesmo o desejo de dar, pois isso também alimenta a sensação de “eu” e incha o ego. Deve haver um descanso completo, como o gelo repousa na água, ou como a seiva flui das raízes aos ramos para formar os botões, flores e folhas da árvore. O gelo não tem preocupações, nem temores: deixa a água movê-lo para onde e como quiser. A árvore não tem preocupação se haverá chuva ou sol suficientes na época devida: espera pacientemente, sem tentar interferir no fluxo normal e natural da vida.
Assim, também, não devemos interferir no livre fluxo da vida, projetando um “ego-ísmo” na imagem já completa, um ego que se manifesta como medo do passado ou temor do futuro: preocupação, ansiedade, desejo.
(Talvez aqui se enquadre a entrega total)
A diferença entre viver a vida do “ego-ísmo” e a Vida Espiritual é a diferença entre o sucesso permanente e algum senso temporário de sucesso. A vida do “eu-mim-meu” é limitada e dificultada por esse “eu” – que depende da experiência pessoal, da educação, do senso pessoal do que é certo ou errado, ou do que é oportuno. No entanto, no grau em que podemos relaxar em um silêncio interior, tranquilidade e paz, podemos ser guiados pelo Espírito, influenciados por uma Sabedoria Infinita, uma Inteligência Infinita e um Poder Infinito. Então nossas ações realmente se tornam o cumprimento da Vontade Divina, e não da nossa vontade. Essa é capacidade de ficar quieto e deixar a Graça Divina nos levar a uma vida governada, dirigida e impulsionada por Deus.
A princípio, pode não ser fácil fazer a transição da vida do “eu” comum para a vida de orientação e proteção espiritual, mas na verdade, leva apenas alguns meses de meditação e prática realmente séria da Presença para chegar a um ponto em que podemos aceitar a Orientação Divina, a Vontade Divina e o Movimento Divino.
Para começar, recolher-se em um estado calmo não deve durar mais do que dois ou três minutos no máximo – provavelmente apenas um ou um minuto e meio seria até melhor, mas isso deve ser repetido tantas vezes no dia quanto possível, e deve ser repetido à noite, toda hora que alguém acorde do sono, durante a noite, e então novamente, de manhã cedo. Se nós cultivarmos o hábito de nos voltarmos para dentro, mesmo naquele um minuto, estaremos preparando nossa Consciência para a experiência de receber a Graça Divina.
Foi viver como seres humanos que nos separou do Reino de Deus que está dentro de nós, e o que estamos fazendo em nossos períodos de silêncio e quietude é manter um contato com essa Interioridade, na qual todo o nosso Bem já está estabelecido. O Reino de Deus está dentro de nós. Está dentro de nós, em toda a sua plenitude e perfeição. Isso significa que a Plenitude da Vida, sua Integridade e Perfeição, já está estabelecida em nós para Eternidade. E se nós deveríamos viver mil anos na terra, nossa Plenitude para todo esse tempo está dentro de nós: Realização, Provisão Infinita, Sabedoria Infinita, Graça Infinita – Infinito em Si Mesmo. Resta-nos abrir um caminho para que este Infinito liberte-se e encontre expressão.
Mas como abrir caminho para a Sabedoria Infinita, a Vida Eterna e o Amor Divino fluirem de nós? Primeiro de tudo, devemos começar a reconhecer que o Infinito “é”, e se nós reconhecermos que já é, que está dentro de nós, devemos então desistir de todas as tentativas de obter ou alcançar qualquer coisa fora de nós mesmos. Em vez disso, devemos centrar nossa atenção em deixarmo-nos libertar de dentro de nosso próprio Ser. Então, todo momento em que fechamos os olhos, mesmo que seja apenas por quinze segundos, reconheçamos:
O Reino de Deus está dentro de mim. Senhor, deixa fluir em expressão.
Depois desse momento de reconhecimento, voltamos ao nosso trabalho, seja qual for a sua natureza, e entramos em atividade naquilo que nos foi dado fazer hoje. Nós não pensamos no amanhã; o que todos nós somos chamados a fazer é viver neste momento, viver na garantia que a completa Cristandade, a Plenitude do Ser Espiritual, está estabelecida dentro de nós.
Isso é fazer uma transição do sentido humano da vida, em que procuramos os outros pelo nosso bem, para a Vida Espiritual, em que buscamos dentro de nós mesmos e deixamos a Graça de Deus fluir de dentro de nós.
Não se pode esperar que alguém prove isso além da capacidade que alcançou: ninguém deve tentar andar nas águas até que receba uma garantia interna de que ele pode tentar. Se a “Voz pequena e silenciosa” diz-lhe para dar um passo que, no momento, você não pode humanamente ver como certo, o passo deve ser dado somente após o contato interior ser tão certo que não possa haver dúvida, que a Voz, e não a vontade humana ou desejo, tenha falado (exemplo: por que Abraão não duvidou de si mesmo, de sua própria sanidade, ao ser chamado para sacrificar seu filho Isaac? – nota do tradutor G. S.). Quando a Voz fala, nunca deixa uma pessoa com a responsabilidade de fazer algo sozinho através de sua força e sabedoria humana, mas está sempre ao lado dele, realizando aquilo que lhe foi dado a fazer.
Nos estágios iniciais, pode parecer que esse voltar-se para dentro não está produzindo nenhum fruto, e é por isso que tantas pessoas perdem a fé e desistem. É como as centenas de pessoas que tomaram aulas de piano e hoje seriam capazes de tocar muito aceitavelmente, se elas tivessem perseverança suficiente para continuar praticando escalas e exercícios que teriam desenvolvido proficiência na arte; mas, em vez disso, desanimaram e perderam o interesse, porque, em relativamente pouco tempo, descobriram que não podiam executar com a facilidade de um pianista de concerto. Então, também na Vida Espiritual, quando os resultados não chegam rapidamente, alguns de nós param de fazer qualquer esforço.
A Vida Espiritual difere tão completamente da experiência humana que, quando embarcamos neste curso, estamos realmente nos preparando para mares desconhecidos… Não que os outros não tenham estado lá antes de nós, mas o registro da jornada de outra pessoa nem sempre indica o caminho para nós.
Temos que ter paciência para avançar devagar, mas com firmeza de propósito. Acima de tudo, a partir desse momento, nunca devemos aceitar qualquer senso de limitação, nunca devemos sentir que qualquer bem está além da nossa capacidade ou alcance, ou que qualquer altura seja muito alta para se atingir, pois não há limites para o Eu que somos, depois de termos feito contato com ele.
Na proporção em que entendemos que somos Um com o Pai, nessa mesma proporção entendemos que tudo o que o Pai tem é nosso: a Mente de Deus é nossa, a Vida de Deus é a nossa Vida, a Alma de Deus é nossa Alma. Existe apenas um Espírito, uma Vida, uma Alma – e ela é sua, e ela é minha.
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
Gênesis 1:26
Esse domínio não nos foi dado como algo de nós mesmos, mas em virtude do Eu que somos, o Eu que está dentro de nós, o Eu que constitui nosso Ser Individual. É por isso que podemos descansar como se fôssemos pedaço de gelo flutuando na água, e deixar a água nos levar, deixando a água ser a Substância do nosso Ser, sua atividade, qualidade e quantidade.
A substância da água e a substância do gelo é a mesma, H20, e tudo o que é verdade sobre a água é verdade sobre o gelo. Tanto faz que qualidades a água tem, pois o gelo também as tem. Não são duas substâncias separadas, não são duas qualidades separadas: o gelo e a água são Um – sob duas formas diferentes, é verdade, mas elas são Um em essência, Um em substância e Um em qualidade. O gelo não volta-se para a água procurando por qualquer coisa que o gelo ainda não tenha, mas seu movimento é dependente da atividade da água.
Esse mesmo relacionamento existe entre o homem e Deus. É verdade que Deus é invisível para a visão humana, mas, mesmo assim, Deus é a substância da qual o homem é formado e a substância na qual ele vive, se move e tem seu Ser. As qualidades de Deus são as qualidades do homem, e, ainda assim, Deus é sempre maior, pois Deus é o criador, a lei e a atividade do homem.
Para entender isso, fique claro que, em nossa Identidade Espiritual, tudo o que Deus é, nós somos. Não há necessidade, portanto, de recorrer a Deus por algo: há a necessidade de reconhecer apenas essa relação de Unidade, e depois criar dentro de nós um vácuo, para que possamos perceber:
Meu ser é constituído da Qualidade, da Substância e da Essência de Deus; e é a Lei de Deus que me governa, me orienta, me dirige e me instrui.
A Natureza do nosso Ser é a mesma que a Natureza do Ser de Deus, porque somos Um. Relaxando nessa Unicidade, permitimos ao Invisível nos governar, defender, sustentar, mover, alimentar, vestir, abrigar, dirigir e instruir. Isso é diferente de pensar em nós mesmos como algo separado e fora de Deus, ter que pedir a Deus ou tentar influenciá-lo: esta é a diferença entre a Vida Espiritual bem sucedida e a vida mal sucedida de qualquer tipo.
A Graça de Deus nos governa. A Graça de Deus é nossa suficiência, mas essa Graça não é trazida para a nossa experiência pela oração a Deus no sentido de pedir, implorar ou procurar por ele. Pelo contrário, vem por relaxar em uma atmosfera de receptividade.
Neste exato momento, vamos nos voltar da cena humana que está se apresentando para nós para perceber que vivemos, nos movemos e temos nosso Ser em Deus. Onde quer que estejamos, relaxemos no Invisível. Nós não podemos ver, ouvir, provar, tocar ou cheirá-lo, mas através da fé, através de uma convicção interior, podemos entender que o lugar onde estamos é terra santa, que onde o Eu em nós está, Deus está, que o Reino de Deus está dentro de nós, exatamente onde estamos, e então, sentindo isso, relaxemos.
O Deus que fez e formou este universo é certamente capaz de manter e sustentar a sua e a minha identidade para a Eternidade. Então, por que não deixar a Inteligência de Deus nos mover conforme Sua Vontade – alimentando, vestindo, abrigando, dirigindo, ressuscitando, restaurando os anos perdidos do gafanhoto, e fazendo-nos retornar à Casa do Pai – que a Sua Vontade seja feita em nós, sem ser necessário dizer a ele o que precisamos ou o que nós gostaríamos, sem qualquer ideia de aconselhar Deus sobre o que nós deveríamos ter ou o que achamos que deveríamos ter, ou mesmo o que
gostaríamos de ter?
Vamos reconhecer Deus como Inteligência Infinita e Amor Divino e ficar satisfeitos com isso:
Estou satisfeito de ser o que queres que eu seja, para fazer o que queres que eu faça, para estar onde queres que eu esteja.
Eu vivo, me movo e tenho meu ser em Tua Consciência. Tu estás mais perto de mim do que minha respiração; sabes das minhas necessidades antes mesmo que eu o saiba. É de Teu agrado dar-me o Reino, e eu posso descansar em Ti.
Precisamos relaxar em Sua Consciência; devemos relaxar em Seu Espírito, Sabedoria, Julgamento e Vontade. Uma pessoa que faz isso está desenvolvendo uma Consciência de Cura e de Redenção, porque ela não está buscando um poder divino; ele não está reconhecendo um poder que tem que ser superado: ele está vivendo no Poder de Deus, está se voltando para a Plenitude do Misticismo que ensina que o mal não tem existência, exceto na mente que acredita no bem e no mal.
A Consciência Curativa vem apenas para aqueles que chegam a um Estado de Consciência em que podem viver conscientemente em União com Deus, em plena e completa confiança de que Deus é Infinito, não precisando da ajuda de ninguém. Nessa Consciência de Deus, não há nada para Deus combater, nada para Deus vencer.
A Vida Mística baseia-se na premissa de que, na presença da Consciência Espiritual, nem poder material nem poder mental são poderes. Essa é a Consciência de Cura e, na sua presença, o poder humano de todo tipo se dissolve. Todos os indivíduos espiritualmente iluminados estão de acordo que eles não conhecem qualquer poder que possa superar o pecado, doença, privação ou desarmonia nas relações humanas, mas eles também testemunham que, na proporção de sua realização de uma quietude interior, sem qualquer senso de necessidade de poder, as discórdias evaporam.
A percepção de que Deus é o Único Infinito, e que nem poder material e nem poder mental são poderes, é o que constitui a Consciência Espiritual. Consciência Espiritual não é algo misterioso: não é uma consciência de poder, força ou esforço humano, mas é a Consciência do Meu Espírito.
A Consciência Espiritual reconhece que só Deus é Poder; é consciente de não ser dividida, uma Consciência que vê com um único olho, e vê apenas um Poder, uma Presença, um Ser, uma Causa.
Consciência Espiritual é a nossa Consciência Individual quando não mais dá poder à força física ou força mental, mas entende Deus como a Única Força, e então vive o comando de Jesus Cristo, “não resistir ao mal”. Nós não dirigimos conscientemente a Consciência Espiritual: ela desempenha sua função em nós e através de nós, e nós meramente tomamos consciência do que ela está nos transmitindo.
Por exemplo, nossa mão, por si só, não pode subir e não pode baixar; não pode dar e não pode negar. Nós devemos mover a mão. Nós devemos direcioná-la. Se estamos vivendo no plano físico ou mental, então podemos fazer isso para o bem ou para o mal; mas se tivermos atingido até mesmo alguma medida da consciência de que só Deus é Poder, então a mão é movida, não por nós pessoalmente, mas pelo Divino Eu que nós somos, e nunca para a destruição, jamais para o mal. Nós não estamos movendo-a conscientemente: estamos deixando que ela seja movida pela Consciência que é Deus, a Consciência que nós somos.
Isso também é verdade no nosso corpo: podemos movê-lo para onde, quando e como queremos, e podemos movê-lo para o bem ou para o mal. A escolha está dentro de nós. Mas na medida em que chegamos à conclusão de que Deus é a Única Consciência, vamos descobrir que nosso corpo está sendo movido. Nós não estamos conscientemente movendo o corpo: ele está sendo movido, mas nunca para o pecado, nunca para doenças ou velhice, e nunca para a morte. Está sendo movido de acordo com a Graça de Deus, e quando passar o tempo dessa cena humana para experiências maiores, será uma passagem, e não um empurrão.
Deus é Uma e Única Consciência Infinita, todo o Bem. Minha Consciência e tudo dentro do Reino da minha Consciência é governado por Deus, mantido por Deus, sustentado por Deus, alimentado por Deus. Deus, a Divina Consciência, é a Substância de toda forma: não há forma má, não há forma destrutiva, nem forma prejudicial, Deus é a Substância de todas as formas.
Toda forma é do Nome e da Natureza de Deus. Toda forma é da qualidade e atividade de Deus, e existe sob a Lei de Deus.
Quando nós entendemos que Deus é a Substância de todas as formas, na clareza de nossa visão interior, sabemos que não pode haver forma destrutiva, nem forma prejudicial. Nós não negamos que existam germes, mas sabemos que um germe não pode ser prejudicial ou destrutivo contra a realização do Poder Único, Uma Inteligência, Um Amor e Uma Vida.
Independente do nome ou natureza do problema que é trazido para nossa Consciência, temos que começar com a Verdade de que Deus é Um, Uma Presença, Um Ser, Um Poder – e tudo o que Deus é, nós somos. A Consciência de Deus é a nossa Consciência, e nada pode entrar nessa Consciência que a “contamine (…) ou faça mentir”. Nessa Verdade da Unidade, de Um Ser, Uma Presença, Um Poder, não há oposição de poderes.
Quando descansamos nessa Verdade, ela transforma nossa mente, corpo, e tudo o que é chamado de nossa vida ou experiência externa, que, na verdade, não é realmente uma experiência externa, mas uma experiência que está acontecendo dentro de nós, nesse mundo interior que é o único mundo que existe.
Esta Consciência da Verdade, que é alcançada através da meditação, torna-se a Consciência Iluminada. Podemos ter uma percepção sobre uma faceta da Verdade e podemos produzir obras poderosas com isso, mas nunca vamos acreditar, mesmo quando tivermos uma percepção da Verdade até mesmo na medida da Iluminação, que temos ido realmente muito longe. Nós apenas começamos no Caminho. Depois vêm percepções de outras verdades, mais e mais profundas realizações, e isso continua para sempre e, até onde eu sei, nunca termina. Isso deve ser assim por causa da Natureza Infinita de Deus.
Deus está sempre se comunicando conosco, infinitamente. O começo da Sabedoria é o entendimento de que tudo o que estamos buscando já está estabelecido dentro de nós, e que estamos procurando apenas trazê-lo a partir de dentro do nosso próprio Ser. Isso nos impedirá de adorar algo ou alguém fora do nosso próprio Ser. Quando percebemos a natureza do Eu dentro de nós, o medo diminui, e eventualmente desaparece, porque então não temeremos nem adoraremos nada nem ninguém externo para nós.
Nos breves períodos de meditação que devemos realizar muitas vezes por dia, nosso primeiro pensamento deve ser:
Deus criou este dia perfeito e decretou sua atividade. Seu trabalho é feito em mim hoje.
Mesmo que não tenhamos tempo para mais nada, teremos feito um contato com a Presença, que nos prepara o caminho para expressarmos a Infinita Glória de Deus como nós. Nessa curta meditação, reconhecemos a Presença, o Poder, a Vida, a Sabedoria, a Perfeição e a Proteção de Deus. Nós cumprimos as Escrituras, negando a nós mesmos, como se nós, por nós mesmos, fôssemos algo, e nos tornamos receptivos e sensíveis à Influência Espiritual, na percepção de que nós não vivemos a nossa vida, mas que Cristo vive a nossa vida.
Não há muitas pessoas que estão cumprindo seu propósito e atividade espiritual neste momento, ou mesmo qualquer atividade que se aproxime disso. Esses poucos, no entanto, devem fazer o que lhes for dado para fazer hoje e deixar o futuro cuidar de si mesmo, reconhecendo Deus hoje, mesmo esfregando o chão ou preparando uma refeição.
Reconhecendo Deus nessas atividades que parecem tão distantes de uma atividade espiritual traz Deus para a expressão real, e os leva de um atividade para outra, e outra, e outra, até que sejam preenchidos espiritualmente.
Onde quer que estejamos hoje, em uma prisão, em um hospital ou em um sanatório, na casa mais luxuosa ou na mais miserável, nós desconsideramos a aparência. Seja qual for a aparência, não tem nada a ver com a nossa Unidade com o Pai; a condição da pessoa não tem nada a ver com isso; se estamos doentes ou bem, vivos ou mortos, não tem nada a ver com a Realização da Unidade, e nem pode alterá-la. Essas condições são a aparência, mas o Eu em nós está nos chamando aqui onde estamos neste momento e, a partir de agora, Eu, no meio de nós, vai nos liderar, dirigir, governar, alimentar, vestir e abrigar.
Tentar deixar o lugar onde estamos agora através de meios humanos, mantendo o mesmo estado de consciência, não serviria a nenhum propósito, porque, sem uma maior Consciência da Verdade, nós retornaríamos ao mesmo lugar onde estamos nesse momento. Enquanto permanecemos na Verdade de que Eu, no meio de nós, é Um com Deus, nossa Consciência se torna enriquecida, aprofundada, ampliada e preenchida com a Verdade Espiritual. Gradualmente – às vezes lentamente, às vezes rapidamente – a Verdade torna-se viva em nós e, conforme essa Verdade preenche nossa Consciência, ela aparece exteriormente como maior harmonia em nossa experiência.
Nós devemos viver e nos mover e ter o nosso Ser na Consciência de que somos Um com o Pai, e que tudo o que Ele tem é nosso, aqui e agora, onde estamos. Conforme continuemos a desconsiderar as aparências, não tentando mudá-las ou melhorá-las, mas mantendo-nos firmes onde estamos, deixamos o Espírito nos mover, na medida em que estamos preparados para isso.