Traduzido por Giancarlo Salvagni – Observações em vermelho e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão
A maioria das pessoas do mundo acreditam que os males por que passam chegaram a elas por conta de seus pecados, de atos ou omissões. Essencialmente, isso é verdade.
Mas porque também acreditam que Deus infligiu-lhes esses males como castigos, acabam perdendo a chance de evitá-los no futuro. Na medida em que acreditam que Deus, por uma razão qualquer, afundaria um navio, faria cair um avião ou permitiria adultos e crianças serem mutilados, perdidos, afogados ou sofrerem por doenças, elas perdem a oportunidade de aprenderem porque esses males vieram a elas e como evitar que eles toquem suas famílias.
O Sol, a Lua e as estrelas certamente não foram dados por Deus às pessoas da Terra como recompensa por alguma coisa, e nem o foram a prata e o ouro, a platina e os diamantes, rubis e safiras nas entranhas da terra, e nem as pérolas e outras riquezas imensuráveis dos mares. Tudo isso é a ordem natural da criação, aparecendo por meios maravilhosos, mas nunca dados por Deus como recompensas, e nem retidos como punições. A Natureza Real de Deus é expressar a Si Mesmo, expressar Suas Qualidades, Caráter e Natureza como um Universo Harmonioso.
Se pudéssemos ver este mundo sem pessoas, nós seríamos capazes de entender melhor que esta é uma criação perfeita de Deus, funcionando harmoniosamente e operando continuamente.Quaisquer problemas que surjam, não são originados pelo mundo em si, mas pelo próprio homem. Reconhecendo, então, que Deus é o Criador deste universo, o Mantenedor e Sustentador dele, e que Deus o governa perfeitamente, sem qualquer ajuda, conselho ou urgência do homem, nós paramos de responsabilizar Deus pelos nossos males e nos voltamos para nós mesmos: “por que o erro? E o mal?
De onde vem e como podemos nos livrar disso?”
Um dos primeiros passos do Caminho Espiritual para qualquer pessoa é aprender que, no nível humano de vida, há uma coisa chamada lei cármica, a lei do “aquilo que você semear é aquilo que você colherá”, uma lei que colocamos em movimento, individualmente e coletivamente. Todo pensamento que pensamos e todo ato que executamos põem em movimento a lei de ação e reação. Se semearmos para a carne, colheremos corrupção. A lei dentro de nós sabe o que estamos fazendo, e nos recompensa de acordo com isso. As Escrituras creditam isso a Deus, mas não é realmente Deus, é a lei do carma (o Deus do Velho Testamento… – nota do trad. G. S.). (Ótima sacada)
Não há um Deus no céu olhando para baixo, dando tapinhas nas nossas costas e dizendo “oh, meu filho querido, isso é tão bonito de sua parte, eu vou recompensá-lo”. Não, ninguém precisa saber nada do que fizemos: a lei ela mesma, a lei que colocamos em movimento, sabe de tudo e agirá para nos recompensar abertamente.
Por outro lado, podemos fazer tanto mal quanto nos aprouver, e ainda que seja o mais completo segredo, a mesma lei reagirá contra nós, e eventualmente seremos punidos.
Qualquer que seja a lei posta em ação hoje retornará a nós amanhã, no ano que vem, daqui a dez ou mil anos. Em outras palavras, hoje estamos criando nossos amanhãs, mesmo que seja no próximo século, e o outro e mais outro. Isso nada tem a ver com Deus, tem a ver com você, tem a ver comigo, tem a ver com nosso Ser Individual. Mas porque há apenas Um Ser, tudo o que fazemos para outro realmente fazemos para nós mesmos. Eu sou você, e o que eu faço a você eu faço a mim mesmo, seja algo bom ou ruim. O bem que faço a você já tem seu caminho de volta marcado para mim; o mal que faço a você também tem sua via de retorno, porque só há Um Ser. É como se eu tirasse dinheiro do meu bolso esquerdo para por no meu bolso direito. Não importa para onde enviei meu dinheiro – ou meu amor – ele termina em meu próprio bolso. Quando sabemos disso, mudamos todo o nosso conceito de dar e compartilhar como sendo multiplicação, e não divisão.
Há apenas Um Ser, e tudo o que faço a você, faço a mim mesmo. Por isso é tão importante tirar um tempo todo dia para perdoar todos aqueles que agiram contra mim, perdoar qualquer inimigo de minha nação, raça ou religião – não porque eu sou um homem bom, mas porque sou sábio: eu estou perdoando a Mim Mesmo. Só há Um Ser, só há um Divino Ser, e tudo o que eu fizer para prejudicar sua vida terá sua reação na minha. Qualquer coisa que eu faça a outros deve retornar a mim. Posso até pensar que uma ação minha está oculta, mas não está oculta no lugar onde ela é realmente pontuada e gravada: dentro de mim. (Sou eu comigo mesmo)
Se fechamos nossos olhos no escuro e pensamos “estou aqui sozinho, e ninguém, a não ser eu, vai saber qualquer coisa que eu pense ou faça”, logo descobrimos que bem ali conosco está o nosso Ser. Não há uma coisa sequer que possamos pensar ou fazer que não seja conhecida pelo nosso Ser, nem que o nosso Ser não retorne a nós. É simples assim! Podemos pensar que nossos motivos e ações estão ocultos, mas “teu Pai, que vê em segredo, ele mesmo te recompensará publicamente”. A Lei Divina que vê em segredo recompensa abertamente. Não podemos dar nem sequer uma moeda, sem que nosso Ser saiba e reflita imediatamente de volta em nossa experiência, fazendo a restituição imediata através da lei cármica, a lei “do que você semeia é o que você colhe”; e se nos recompensa, por outro lado também faz-nos pagar pelas nossas más ações. Não é Deus quem faz isso, é a lei que opera dentro de nós. Aquilo que o Filho faz, o Pai sabe, porque o Pai e o Filho são Um.
No mundo todo só há Um Ser, e é o que constitui o meu Ser, o seu Ser e o de cada pessoa, ainda que cada um expresse sua identidade de uma forma individual. Pode haver uma centena de laranjas numa laranjeira, mas há uma única Vida. Assim também, há milhões de pessoas na terra, mas há apenas uma Vida, apenas um Ser na Terra, esse Um é Deus, é Espírito: o seu Ser e o meu Ser.
Por causa dessa Unidade, portanto, o que fazemos ao outro fazemos a nós mesmos. Se praticamos o bem para outro, colocamos em movimento a lei que traz o bem a nós: estamos lançando o pão às águas, e é o bom pão que retorna a nós – mas sempre por causa de uma atividade do Ser. Para qualquer mal que movimentemos, mesmo que atinja alguém apenas temporariamente, maior mal é feito a nós mesmos, porque fomos nós que movimentamos o mal.
Como o mundo permanece na ignorância da Verdade, é possível para umas pessoas praticar o mal e prejudicar a outros temporariamente, e talvez até adiar o mal que retorna e recai sobre ele: o mal que praticamos hoje pode não retornar hoje ou amanhã, daqui a um ou cinco anos, e geralmente, quando chega de volta, nós já esquecemos o que fizemos. Mas a lei jamais se esquece: a lei é inexorável. (Geralmente nós esquecemos o mal que causamos ao outro, passa um bom tempo, aí passamos por um infortúnio, então pensamos: – Mas a lei é injusta, porque estou sofrendo sem ter causado mal algum…)
Num próximo século, ou menos tempo do que isso, talvez isso não seja verdade. Por esse tempo, o homem poderá ter se iluminado o suficiente para saber que todo mal movimentado não toca a quem se dirige, mas retorna imediatamente a quem mandou.
Ninguém será capaz de fazer o mal porque, se o fizer, será golpeado ele mesmo de volta. O mal jamais tocará a quem foi alvo, porque este saberá que nenhuma arma levantada contra si será efetiva. Na Realização Consciente de sua Divindade, o mal não poderá agir em sua experiência.
Em algum momento podemos começar a provar isso, se tirarmos um período do dia para percebermos Deus como o nosso Ser, esse Espírito que é a Vida e Essência de nosso Ser, e assim percebermos que mal nenhum pode invadir nossa morada, porque Deus é nossa morada. Sabendo que há somente Um Ser, e que esse Um é Deus, libertamo-nos.
Podemos não demonstrar isso em toda sua plenitude, porque o mesmerismo do mundo ainda toca cada indivíduo, uma vez que estamos na Terra e teremos problemas a enfrentar. Mesmo assim, é possível nos libertarmos de 80 a 90 por cento de nossos problemas, se percebermos que Deus constitui nosso Ser individual: meu Ser, seu Ser, e o Ser mesmo daqueles com os quais não concordamos, daqueles que podem ser ditos como nossos inimigos, inimigos da nação ou da humanidade.
Saber esta verdade da Identidade de Deus como o Ser Individual significa que reconhecemos que todo o bem que movimentamos, movimentamos em nós mesmos; de modo similar, todo o mal que movimentamos, movimentamos em nós mesmos. Isso começa a nos libertar de qualquer inclinação para o mal, ainda que, para o momento, ainda seja muito difícil libertar-se completamente dessa tentação. Contudo, a partir do instante em que percebemos que há apenas um Ser, começamos a diminuir a crença do mundo de que você e eu somos distintos um do outro, e que podemos fazer o mal ou o bem um ao outro. Cada um de nós é a Lei para si mesmo.
Isso nos leva um passo adiante, e passamos a perceber que não é Deus que está nos dando bênçãos, e não é Deus quem está observando nossos males: somos nós mesmos, e não necessariamente por fazermos o mal conscientemente. Muitas vezes nós trazemos mais problemas para nós mesmos através da nossa ignorância deste Princípio do que por qualquer mal que fazemos – É difícil de enxergar isto. Mesmo falando em termos humanos, há muito poucas pessoas realmente más no mundo, muito poucas. Talvez noventa e nove por cento ou mais de todo o mal no mundo é cometido por causa de uma ignorância da Verdade, e até mesmo o mal pelo qual nós mesmos somos ou fomos responsáveis não foi tanto por causa de uma natureza má quanto por causa de uma ignorância da Verdade Espiritual. Se tivéssemos aprendido o princípio de semear e colher cedo o suficiente, nossas vidas teriam sido inquestionavelmente diferentes.
Mas não é tarde demais! Nossas vidas serão diferentes no momento em que conscientemente aceitarmos o fato de que existe apenas um Eu, e o que fazemos a outro, estamos fazendo para nós mesmos.
Uma compreensão da lei kármica nos permite começar a libertar Deus. Dentro de nosso próprio pensamento, consideramos Deus responsável pelo bem e pelo mal. Nós tememos Deus porque nós tememos uma punição. Muitas vezes nós adoramos Deus na esperança de uma recompensa, um presente ou alguma outra coisa. De fato, a maioria das orações hoje não são orações a Deus, mas orações para a lei cármica violar a si mesma. Muitas pessoas acreditam que podem fazer Deus para dar-lhes o bem. Isso não pode ser: o bem não pode resultar do mal, o mal retorna como mal.
Algumas doutrinas explicam bem sobre a lei do karma, o que para os homens mais atrasados serviu e serve até hoje como um tipo de modelo de conduta moral, atribuindo responsabilidade para com suas ações, contudo não devemos levar esta lei ao pé da letra, por exemplo, poderíamos cobrar um débito de um jovem de vinte e cinco anos de idade (referente a uma vidraça) que este jovem quebrou quando tinha apenas três aninhos de idade?
Vale à pena lembrar que a lei do karma não foi Deus que a criou, o homem foi quem a criou com o seu livre arbítrio, no entanto é plausível entender que a humanidade em quase sua totalidade vive sob esta crença, cria situações ruins e fica muito tempo padecendo com os retornos dessas condições efêmeras, criadas pelo próprio homem, como em um looping de enganos).
Depositar nossa fé em amigos, influências políticas ou qualquer outra forma de dependência é semear para a carne e colher corrupção, porque no pior momento, alguém nos trairá ou falhará conosco. Se depositarmos nossa esperança no que o homem criou, seja feito de prata, ouro ou pedra, seja uma cruz, uma estrela ou qualquer outro símbolo de crença religiosa, mais cedo ou mais tarde seremos desapontados. Se nossa dependência é de pessoas ou coisas, no fim é o que devemos colher. Toda essa dependência de meios humanos não tem valor, e inevitavelmente nos conduzirão à frustração e decepção, que são tão comuns à maioria da humanidade.
Viver a Vida Mística é vivermos de um modo normal e natural, cumprindo nossa função na vida, seja em casa, na escola, escritório ou fábrica, e ainda assim perceber em nós mesmos:
Deus é o meu Bem. Deus é a saúde do meu semblante, minha proteção e segurança, minha torre mais alta, minha rocha, minha fortaleza. Deus é minha habitação, meu lar. Eu vivo, ando e tenho meu Ser no abrigo secreto do Altíssimo, oculto do mundo. Meu corpo pode ser visto, mas não o “Eu” do meu Ser, porque eu vivo na Consciência Interior de Deus. Meu corpo está fora, andando e trabalhando no mundo, mas Eu não. Eu vivo no Templo que é meu Interior, o Templo que é minha Consciência.
Em qualquer lugar ou situação da vida, eu me lembro que Eu sou Invisível, Eu estou oculto na Consciência Divina. Em qualquer lugar que eu esteja, seja no ar ou no mar, Eu me lembro que abaixo estão os Braços Eternos que me amparam.
Se sou chamado a compartilhar com outros, Eu posso fazer isso sem sentir que tiro algo de mim ou de alguém, ou que fico com menos, porque tudo o que Eu tenho é de Deus.
Se sou chamado para trabalho extra, posso fazê-lo sem sentir que estou me esgotando, porque toda a Força do Pai é a minha força.
Eu não temo a passagem dos anos, porque “antes que Abraão fosse” Eu vivia no coração do Pai, e é aí onde Eu existo Agora.
Somente meu corpo é visível, mas não Eu: “Eu e meu Pai Somos Um” e somos invisíveis; vivemos um no outro – O Pai em mim e Eu no Pai, inseparáveis e indivisíveis.
Quando comungamos com Deus desse modo, movimentamos bom carma; movimentamos a lei cármica de saber a Verdade, e a Verdade volta para nós. O reverso é verdadeiro, se perdemos tempo com o ódio, o medo ou o amor deturpado. Isso não quer dizer que nunca haverá reações momentâneas e normais a certas condições maléficas, ou uma alegria normal por boas condições humanas, mas isso não significa tomar ambas demais a sério, nem deixar que isso nos devore por dentro, mas sempre lembrando:
Deus dentro de mim é o Único Poder. Não temerei o que o homem ou a condição mortal possa me fazer.
Isso é saber a Verdade que nos liberta. Não tem nada a ver com Deus; isso tem a ver conosco, com nosso conhecimento da Verdade. Quanto mais espiritual a nossa Consciência se torna, mais harmoniosa fica a nossa vida externa, porque movimentamos a lei do carma do bem.
Quando paramos de acreditar que Deus vai nos recompensar ou punir, deixamos Deus agir por si mesmo: não tentamos aconselhá-lo e nem dizer a Ele o que fazer, quando fazer e como fazer. Isso será honrar a Deus, dando crédito por sabermos seus propósitos e sua disposição de realizá-los.
O que aceitamos em nossa mente como sendo real e tendo poder é o que determina o tipo de semeadura que estamos fazendo. Quanto mais poder atribuímos a pessoas e coisas, mais semeamos para a carne e mais colheremos corrupção. Quanto mais atenção temos em habitar na Palavra, quanto mais permanecemos na verdade de que há o Espírito de Deus em nós, que nos ensina, alimenta, sustenta, mantém e transporta, quanto mais deixamos o Cristo, a Verdade, habitar em nós, mais permanecemos nele.
Conforme persistimos numa prática desse tipo, estamos colocando peso no lado certo da balança, enquanto que antes, a maioria dos nossos pensamentos e objetivos estavam sujeitos a poderes e valores materialistas e humanos. A princípio, podemos ter só dois, três ou quatro por cento de nossos pensamentos e de nosso tempo para nos envolvermos com a Verdade Espiritual, mas gradualmente, conforme continuamos com a prática da Presença, mais peso é adicionado ao lado espiritual, e muito em breve temos vinte ou vinte e cinco por cento de tempo com a Verdade Espiritual, e a convicção espiritual ocupando o primeiro lugar em nossa mente. Haverá um dia em que o peso estará tão completamente no lado espiritual que mais de cinqüenta por cento de nossas horas despertas – e também algumas de nossas horas de sono – estarão ocupadas com atividades espirituais. A atividade da lei nunca para: a lei cármica pode operar o bem enquanto dormimos, ou ela pode trabalhar para o mal; ela pode produzir cura em nós enquanto dormimos, ou podemos acordar nos sentindo doentes; podemos ser elevados em nosso sono, de modo que acordamos assobiando ou cantando, ou podemos acordar abatidos e mal humorados.
Preencher os últimos minutos do dia com Deus antes de ir para a cama é, por si mesmo, suficiente para nos dar uma noite de descanso e uma manhã pacífica. Estamos sempre pensando em alguma coisa: ou estamos sabendo da Verdade, ou não estamos sabendo da Verdade; ou estamos pensando coisas espirituais, ou coisas carnais. Estamos sempre dirigindo nossa fé, esperança e confiança para o Infinito Invisível que está dentro de nosso Ser, ou para algo coberto de ouro e prata, algo de natureza carnal. De um modo ou de outro, colocamos em movimento a lei que, no final, nos recompensa ou castiga.
Eis porque o Mestre, mesmo quando perdoou o pecador, liberando-o de condenação, ainda assim disse depois “não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”. Por quê? Ele não era aquele que diria se a pessoa deveria ser condenada ou não. Isso é o que a pessoa pensa e determina – mas não o que o Cristo faz. Quando apelamos ao Cristo, o Cristo pode nos libertar no mesmo instante – mas não amanhã. Cabe a nós irmos e não pecarmos mais, até a hora em que estejamos plena e completamente no Espírito.
Onde há receptividade ao Cristo, há regeneração, e não faz diferença se a pessoa tem sido boa ou má, rica ou pobre, santa ou pecadora. O que conta é o grau de receptividade à Mensagem Espiritual que há dentro dela, porque, em última análise, tudo vem para o individual. Na verdade, a atividade de uma pessoa espiritualmente envolvida pode trazer Harmonias Infinitas e Divinas para sua experiência, pode trazer Liberdade para nós e pode se tornar uma Lei para nós, se quisermos abrir nossas Consciências para ela.
Algum benefício pode chegar a nós através de outros, mas a menos que prossigamos a partir deste ponto, a menos que nós mesmos respondamos, abrindo nossa Consciência para deixar o Cristo habitar em nós, isso será apenas temporário. Habitando no Espírito, movemos a lei do bom carma. Por outro lado, viver com nossos pensamentos constantemente focados nos nossos interesses mundanos é colocar em ação a lei cármica do bem e do mal, com a grande possibilidade de preponderância do erro, da discórdia e desarmonia, porque estamos semeando somente para a carne.
Semear para o Espírito não nos torna ascetas, não significa largar o nosso trabalho, nossa profissão, casa ou família. Não tem nada a ver o que se passa com nossa Consciência, enquanto nossa mente e corpo desempenham suas funções em outro plano. O que se passa na Consciência determina se estamos semeando para a carne ou semeando para o Espírito, e se estamos pondo em ação a lei cármica do bem ou a le cármica do mal.
Nem sempre colhemos instantaneamente ou com brevidade. “Os moinhos dos deuses rodam devagar, mas moem extraordinariamente fino“. É verdade que às vezes a pessoa pode viver muitos anos numa certa medida de Realização Espiritual antes que a reviravolta aconteça e Ele, a quem é de direito, apareça. Mas também há pessoas que se entregam a todo modo de ofício do mal, e parecem capazes de fazer isso por um longo período antes que a lei do carma comece a operar. Portanto, não deveríamos nos sentir desencorajados se não vemos os frutos de nosso empenho espiritual imediatamente, pois temos gerações de humanidade para remover de nosso sistema. E por outro lado, nunca entremos em desespero se os malfeitores parecem prosperar. Não temos meios de saber o que passa por suas mentes, suas almas ou em seus corpos. Pode ser um quadro muito pior do imaginamos, e mesmo que não seja, a lei cármica ajusta todas as coisas do seu jeito e em seu próprio tempo.
Pagar o mal com o mal é movimentar a lei cármica de natureza negativa. Ao invés disso, passemos a retribuir o mal com o bem, como aprendemos, mas não pelo bem da outra pessoa, mas para o nosso próprio bem, porque temos conhecimento de como a lei opera e de como a colocamos em ação. Quando vemos isso, percebemos: “bem, isso significa que eu tenho muitos débitos a pagar por meu pecados anteriores, de ações e omissões”.
Mas agora, chegamos aqui ao mais encorajador aspecto da lei cármica: “ainda que teus pecados sejam como o vermelho encarnado, tornar-se-ão brancos como a neve“… Como assim? Quando? Agora, neste minuto! Não temos que nos confessar exteriormente; de fato, nem é sábio fazer isso, mas confessar dentro de nós mesmos “isso não foi certo”, “eu sou melhor do que isso”, “eu não sou isso”. Sempre que fazemos uma confissão interna, anulamos os maus resultados da lei cármica.
No mesmo segundo de seu arrependimento, a adúltera tornou-se seguidora do Cristo, sem punições, sem espera, foi no Agora: “nem Eu te condeno, vai e não peques mais”. O ladrão na cruz não foi condenado a um período de purgatório, de sofrimento: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Por quê? Porque ele voltou-se ao Mestre e pediu ajuda. (reitero a colocação anterior sobre a lei jármica)
A lei cármica não tem que operar por gerações e gerações, a menos que queiramos. Em outras palavras, se decidimos nos prender à nossa humanidade, podemos ter a certeza de que a lei cármica continuará a operar, mas a qualquer momento que escolhermos, podemos sair dela. E então passado é passado, já consumado.
Em meu trabalho com todos aqueles doentes fisicamente, mental ou moralmente, financeiramente, eu observei que, a despeito do passado que tiveram, ou dos pecados de atos e omissões que cometeram, quando se entregam ao ensino espiritual, suas penas são apagadas. Eles não se tornam anjos do dia para a noite. E quem o faria! Mas esse não é o ponto, mesmo sendo possível alcançar esse estado angélico em um curto período de tempo, “esquecendo as coisas que ficaram para trás”, e pondo em ação a lei cármica do bem, semeando para o Espírito. (Fica claro então que após a CONVESÃO do homem da lei kámica, para sua entrega para A Lei do Pai, não significa que o homem se torna um anjo instantaneamente, todavia TIDA a sua Realidade é outra). CONVERSÃO E TODA
Nossa União Consciente com Deus constitui nossa Unidade com todo ser e ideia espirituais. Isso significa que somos Um, e como amamos o próximo como a nós mesmos, e agimos com o outro conforme gostaríamos que agissem conosco, no mesmo grau acionamos a Lei Espiritual.
A responsabilidade do estudante espiritual é grande. Ninguém mais tem a mesma responsabilidade como nós do Caminho Espiritual, porque não podemos nos valer da esperança da maioria dos cristãos, de que Jesus morrer na cruz nos redimiu de todos os pecados, ou que nosso pastor, confessor, missa ou serviço religioso tirarão nosso fardo.
Não podemos depender de nenhum sistema ou pessoa. Sabendo a Verdade, seguindo os Princípios Espirituais, semeando para o Espírito em vez da carne – é isso que nos trará regeneração, ressurreição, renovação e, finalmente, nossa ascensão acima de toda a materialidade. Nesse exaltado estado de consciência, até mesmo a lei cármica do bem para de operar em nossas vidas, porque, em reconhecimento de que nós nunca somos o ator ou o “fazedor“, mas que somente Deus está agindo através de nós, nós então paramos de semear. Aí então a lei cármica estará anulada para sempre.