Situação Complicada
Minha esposa pegou o Bruninho, que estava dormindo, e me levou para o Hospital Paulista onde imediatamente entrei com antibiótico.
A dor às vezes diminuía e voltava bem mais forte e comecei a perceber a preocupação dos médicos que praticamente faziam rodinhas para me avaliar, mas não me falavam nada, até que a Dra. Regina (minha ex cunhada), mostrou-se muito preocupada e minha dor só aumentava.
Eu, em vez de ficar deitado, andava pelos corredores do hospital apavorado e com muita sede, mas não conseguia beber nada, porque meu pescoço estava tão inchado que eu mal podia respirar.
O Pânico
Comecei a entrar em pânico e percebi que o negócio era muito sério, e que nenhum antibiótico fazia efeito. Eu só piorava, até que cheguei a um estado infeccioso tão forte que tive de ser isolado, e todos que vinham até mim tinham que usar máscaras, tubo de oxigênio e pé-de-pato.
Brincadeirinha, só não usavam o pé-de-pato e o tubo, mas usavam máscaras e luvas. Eu já tinha apenas consciência relativa, meus amigos me visitavam e eu até falava algo, mas não me lembro de nada. Já em um clima de pavor e após vários exames, fui encaminhado para o centro cirúrgico para fazer uma drenagem de emergência.
A esta altitude das olimpíadas eu exalava forte mau cheiro e também não conseguia mais respirar, portanto, a cena foi semelhante à do seriado Plantão Médico, os médicos já não disfarçavam a gravidade da situação e tiveram que fazer uma traqueostomia, mas como a região do meu pescoço estava totalmente infeccionada, a anestesia (local) não fez muito efeito, tanto a drenagem quanto a colocação do tubo de oxigênio foram bastante dolorosas.
Bem na hora que o médico tentava introduzir o tubo no meu pescoço eu não conciliava o ar que vinha do tubo com minha respiração, e o médico falava em tom enérgico para eu não tentar respirar, pois a máquina respiraria por mim, mas eu não conseguia obedecê-lo; eu acho que ninguém conseguiria.
Então, antes de eu apagar, vi toda minha vida passar na minha mente como um flash: pensei na minha filha que iria nascer, no Bubu, na minha esposa que contava comigo para tudo, na minha mãe, na minha vó, nos meus irmãos, na minha empresa.
Eu que queria sair dali logo e ir para casa dormir e trabalhar na manhã seguinte, mas antes queria beber um guaranazinho estupidamente gelado, e finalmente apaguei…
Quando acordei já estava no oxigênio e nem precisava mais respirar, é super estranho, olhei para o lado e vi a Dra. Regina, que me perguntou se eu estava bem, levantando a mão direita, fiz um sinal positivo e definitivamente apaguei, e como dizia meu avô: quase murri, quase murri, mas infelizmente o pior ainda estaria por vir…