VIVER, ATRAVÉS E PELO ESPÍRITO – UM Parênteses na Eternidade” Livro de Joel Goldsmith

A obtenção da Consciência de quarta dimensão, iluminada, é o segredo da vida harmoniosa, abundante e graciosa sem luta ou esforço, completamente livre do sentido material de vida. Traduzido por Giancarlo Salvagni –  Observações em vermelho  e frases ou palavras grifadas por Jeff Trovão

Essa Liberdade dos iluminados é realmente uma Liberdade da ignorância, porque apenas o ignorante pode se apegar à crença de que a vida depende de coisas e pessoas no reino externo. Não é todo o sentido material da vida caracterizado por uma fé, esperança e dependência do externo? Acreditar que a vida é dependente de um coração e sustentada apenas pela comida, ou que a força é dependente do desenvolvimento dos músculos, em suma, acreditar que a vida está sujeita ou dependente de qualquer coisa ou qualquer pensamento, isso é o sentido material.

A verdade é que a Vida governa o reino externo, mas para entrar em acordo com isso, devemos entender que nosso corpo e mente pertence a nós, e que sou Eu quem governa esta mente e este corpo, e não a mente ou o corpo que nos governa. Na medida em que percebemos que o Eu governa a mente e o corpo, somos iluminados e livres da dominação de mente e corpo. A mente nos é dada como um aparato pensante, e podemos pensar quais pensamentos queremos pensar. Nós temos uma mente e, portanto, determinamos o que vai ocupar nossa mente.

Mas como somos antenas humanas, muitas vezes nos encontramos pensando os pensamentos que todo mundo está pensando. É por isso que às vezes o medo nos subjuga, um medo que não é nosso medo, mas o medo universal que nós sintonizamos através do nosso contato diário com o mundo. Isso que nos vem por meio da mente universal pode ser medo, pode ser dúvida, pode ser quase qualquer coisa; e até que estejamos cientes do Eu, essas coisas continuarão se intrometendo em nossa experiência e nos dominando. Mas essa dominação se tornará menor e menor, quanto mais percebermos o Eu. Deve haver esse reconhecimento do Eu – Eu, o Ser pleno.

Eu sou a personificação de tudo o que Deus é. Por causa da minha Unicidade com a minha Fonte, tudo o que é Verdade da Fonte é Verdade para mim, pois Eu e minha Fonte somos Um.


Mesmo quando chegamos a um ponto em que estamos convencidos dessa Verdade, isso ainda não é Iluminação. A Iluminação não ocorre meramente lendo palavras, concordando que são lindas e esperando que eles sejam verdadeiras. Iluminação é esse momento de realização quando sabemos que antes estávamos cegos, mas agora vemos.

Iluminação é a obtenção dessa Consciência Quadridimensional pela qual não vemos mais materialmente, ouvimos ou acreditamos materialmente, mas vemos através da aparência, justamente como veríamos através da aparência uma miragem no deserto.

O ser humano, vivendo na terceira dimensão, vê um corpo doente ou uma mente perturbada e anseia por fazer algo sobre isso, enquanto a Consciência quadridimensional vê através dela. Isso não significa que essa Consciência Superior não tenha ciência da existência de tais coisas, mas para a Consciência Quadridimensional, elas não têm existência como realidade.

Essa é a diferença. Mesmo Jesus Cristo viu o homem aleijado, mas enquanto seu olho físico tomou conhecimento desta condição, o seu olho interior viu a Cristandade do homem através da aparência.

A Consciência Quadridimensional vê as discórdias assim como as belezas deste mundo, mas quando as vê, não se deixa hipnotizar, encantar ou excitar por elas. Essa Consciência Iluminada vê tanto abundância quanto a falta como fases temporais da existência humana – aqui, hoje e talvez amanhã – bem percebendo que faz pouca diferença o que a aparência é, porque a realidade ainda está lá. E qual é a realidade? A Realidade é a Consciência. Se, através da nossa Consciência, manifestarmos uma certa quantidade de suprimento ou abundância, e se, por algum motivo, isso nos for tirado, que diferença isso faz, se ainda temos a Consciência que trouxe isso?

É o mesmo que despir uma árvore da sua fruta. Que diferença faz enquanto temos a árvore? Se a árvore ainda estiver intacta, haverá outra safra de frutas na devida temporada, porque essa é a natureza da árvore. E assim também é a natureza da nossa Consciência produzir e reproduzir-se, multiplicar-se, de modo que, independentemente do que possa ser tirado, a Consciência disso permanece, e amanhã começará a produzir novamente.

A Substância do fruto é a Consciência, e qualquer coisa que a Consciência contenha, a Consciência pode produzir. Na medida em que Deus é a nossa Consciência, a nossa Consciência contém o Infinito, então, a medida de produzirmos os frutos da Consciência deve ser infinita. Se, por outro lado, acreditamos que temos uma consciência por nós mesmos, medimos nossos frutos em termos de nossa educação e experiência, e como são limitadas, eles não podem trazer infinidade. A Consciência Quadridimensional está satisfeita por ter aquela Mente que também estava em Cristo Jesus, mas requer Iluminação para ser capaz de perceber isso, e até que essa Iluminação venha, nós continuaremos a julgar pelas aparências e, assim, nos manteremos em limitação.

Quando a Consciência Quadridimensional é alcançada, mesmo em pouca medida, a Vida começa a fluir mais pela Graça do que pelo esforço. Coisas vêm mais facilmente e mais abundantemente do que nunca, porque, com a Iluminação, vem a constatação de que o nosso Eu, individualizado como a nossa Consciência, abraça o Infinito, e o Bem flui da nossa Consciência em expressão visível. Quanto mais permanecemos na verdade de que “tenho carne para comer, da qual não sabeis”, mais trazemos o Infinito para a expressão.


A única maneira de chegarmos a um estado de completa autossuficiência é atingir tal medida da Consciência Quadridimensional que nos contentemos em saber: “Eu e o Pai somos Um, e tudo o que o Pai tem é meu”, e depois fechar os olhos para o mundo exterior. Tem que haver essa convicção interna: “ainda que não houvesse uma alma do mundo, Eu e meu Pai ainda somos Um. Se eu estivesse a um milhão de milhas da civilização, Eu e meu Pai ainda somos Um, e meu desenvolvimento deve vir para mim de dentro”. Conforme permanecemos nisso, nós estamos livres da dependência do “homem cuja respiração está em suas narinas”.


Iluminação traz liberdade da dependência de pessoas e coisas, e o único relacionamento humano perfeito que pode existir é aquele em que não procuramos ninguém por nada. É impossível querer qualquer coisa de alguém sem desgaste. Não importa quão próximas duas pessoas possam estar, no momento em que uma delas quer algo do outro, um mecanismo de defesa é configurado, e o conflito se segue. Não há como desfrutar de relações humanas perfeitas, exceto por não querer nada de ninguém.

Então nós temos relacionamentos normais e felizes, porque somos livres para compartilhar, sem pensar em qualquer retorno. Nós nunca estaremos livres de precisar de dinheiro, companheirismo ou uma casa, até chegarmos ao estágio de Iluminação em que não temos nenhum desejo por qualquer uma dessas coisas, porque elas são todas construídas internamente, tudo incluído na Consciência que somos.

Nós não tentamos manifestar pessoas, coisas ou condições, porque, se conseguíssemos obter algum objeto desejado, poderíamos ter medo de deixá-lo ir, e, no Caminho Espiritual, não devemos ter medo de deixar qualquer coisa ou pessoa ir. De fato, pelo menos uma vez por dia deveria haver um período de liberação deste mundo e de tudo e de todos que nele existem.

Nós não temos o direito sequer de tentar reter a Verdade que aprendemos ontem. Se pudéssemos esvaziar-nos todos os dias de tudo o que sabemos, abriríamos caminho para o que Deus tem para nos revelar e o que o homem jamais recebeu . Se tentarmos segurar alguma coisa ou alguém, se continuarmos a viver do maná de ontem, nós estaremos vivendo totalmente na consciência material, e não teremos qualquer quantidade perceptível de iluminação. O maná cai dia a dia, e quanto mais receptivos somos, em maior medida recebemos.


A consciência tridimensional pensa sempre em termos daquilo que tem forma concreta. Por outro lado, a Consciência Quadridimensional vê a forma, mas olha através dela e encontra sua Substância no Invisível. A Substância Real está no Invisível, o Invisível que é o EU SOU, o EU SOU Invisível que nós somos, o Ser Invisível, a Vida Invisível, a Onipresença Invisível que nós somos. Tudo isso parece tão intangível que não podemos compreender com a nossa mente, e essa é a nossa segurança e garantia, porque, se nossa mente fosse capaz de compreendê-lo, poderíamos ter certeza de que não é isso.


A Consciência Quadridimensional, a Consciência de Cristo, a nossa Consciência quando Iluminada, não tem que trabalhar ou lutar: tem que ser apenas um estado de receptividade. Está sempre recebendo pela Graça; está sempre recebendo nutrição pela presença permanente daquela carne invisível, pão, vinho, água, substância, lei e atividade.

“Eu tenho carne!” Há mais poder na percepção de que temos carne que o mundo não conhece, e de que nós incorporamos em nós mesmos a Substância Divina de toda forma, do que em tudo que pudéssemos atrair a nós mesmos do mundo externo, porque, com esta realização interior, a oferta se multiplica uma vez e mais outra vez, como as plantas continuam multiplicando folhas, flores e frutas. É um estado contínuo de multiplicação, uma vez que percebemos a Interioridade: dentro de nós está o Reino de Deus, o Reino da Plenitude.

(Este parágrafo, como outros, merece uma observação no sentido de que conhecemos o conceito de amor e experimentamos paixões com tal denominação, contudo vivemos na 3ª dimensão, ou ao menos experimentamos a 3ª dimensão, onde existem conceitos que se antagonizam, como “amor e ódio”, e tal dualismo são meros conceitos, coloquei dualismo  porque estes dois conceitos em questão podem por vezes até ser mal entendidos e, ora se misturarem, ou serem confundidos com outros sentimentos “também conceituados”, entretanto nas obras de Joel Goldsmith recebemos o convite para a plenitude “também uma palavra humana”, mas cujo sentido é o pleno, e mesmo que este termo possa ser antagonizado, algo nos toca intimamente e percebemos que a plenitude é nosso ideal).

A ausência de desejo atesta o grau de Iluminação. Pelo grau que não desejamos mais pessoas ou coisas externas do mundo, podemos medir o nosso progresso. Nosso progresso espiritual também pode ser medido observando nossas próprias reações. Quanto menos nos sentimos chamados para usar um poder, tanto mais alto estamos espiritualmente. Quanto menos uso encontramos para os poderes, até mesmo o Poder de Deus, tanto mais perto estamos nos atraindo para o Reino do “É”. Deus “é”! Não há nada que possamos dizer, fazer ou pensar que faça Deus fazer qualquer coisa. O Reino de Deus é um Reino Espiritual: não é do “mundo”, e quanto mais tentamos usar o Poder Espiritual com o propósito de conquistar as coisas deste mundo, tanto mais distantes ficamos da obtenção da Iluminação Espiritual. Nós somos livres conforme nos libertamos da procura por poderes, mesmo espirituais, e na medida em que podemos relaxar e confiar no não-poder.

“Não resistir ao mal”, isso é o Reino da quarta dimensão. Na terceira dimensão, a humanidade ensina: “resista ao diabo e ele fugirá de você”. Mas não é assim para a Consciência Quadridimensional, cujo comando é “não resistir ao mal”. Quanto mais nós relaxamos nessa segurança, mais estamos na quarta dimensão, e maior o nosso estado de Iluminação. A Iluminação nos liberta do medo, ódio ou amor de qualquer forma do mundo externo. A natureza de Deus é Luz, ou Iluminação, mas como nunca podemos conhecer a Luz senão através de nossa Consciência, é apenas a nossa Consciência Iluminada que constitui o nosso Deus.

Consciência, a Consciência Universal, se expressa individualmente, e nossa consciência é essa Consciência, mas não até o momento de Iluminação. Até esse momento, somos “o homem natural que não recebe as coisas do Espírito de Deus”; nós não estamos sob a Lei de Deus, e “nem, de fato, isso pode ser”.

Somente quando alcançamos o estágio em que percebemos Deus como nossa Consciência chegamos ao estágio da Imortalidade. A diferença entre a continuidade da vida após a morte e Imortalidade é que a continuidade da vida após a morte é apenas uma continuação do mesmo estado de consciência que existia antes da morte, enquanto a Imortalidade é a expansão da Consciência ao ponto do Infinito.

O ser humano nasce, amadurece, deteriora-se e morre – tudo isso como uma existência separada e à parte de Deus, tudo isso como uma individualidade pessoal que não contém elementos da Lei Espiritual, Vida Espiritual ou Criação Espiritual, tudo isso como uma vida puramente animal. É por isso que, mesmo quando o coração praticamente parou de bater, o corpo pode ser mantido ativo por meio de uma droga, mas não é a Vida de Deus que estamos sustentando com uma droga: é a vida animal. A Vida de Deus não pode ser afetada por drogas, mas a vida humana pode ser.

Quanta diferença há entre o “homem natural”, que vive como um vegetal e é alimentado apenas por comida, e o indivíduo que nós somos quando alguma medida de Iluminação acontece e nós não mais vivemos só de pão, mas “por toda palavra que procede do boca de Deus “!

Quanta diferença existe entre o indivíduo que somos quando não estamos sendo alimentados apenas por livros, mas sendo ensinados por Deus – quando a Luz Interior nos vem diretamente de dentro, quando nos encontramos experimentando a Graça, que não ganhamos ou merecemos, mas ainda assim chega até nós!

O grau de nossa Iluminação determinará o grau de nossa Liberdade, Liberdade do senso pessoal, Liberdade de viver das coisas externas, Liberdade das dependências externas, Liberdade que nos permite consagrar e comungar com o nosso Eu Interior, não só nos abençoando, mas eventualmente nos fazendo esquecer de nós mesmos e nos usando apenas como instrumentos para abençoar os outros.


A Liberdade Espiritual vem com a Iluminação e, com essa Iluminação, não se dá mais poder às coisas ou pensamentos do mundo exterior. Em algum momento de nosso estudo ou meditação, a Luz amanhece, e enquanto antes sabíamos a Verdade intelectualmente, agora sentimos isso, agora nós vemos e vivemos isso.


É um grande milagre podermos olhar para todas as pessoas no mundo, aquelas próximas a nós, bem como aquelas distantes, e percebermos que podemos comungar juntos, ser amigos e viver da mesma forma e na mesma casa, mas sempre, sob todas as circunstâncias e condições, “Eu e meu Pai somos Um”. Existe aquele senso de Unidade, aquele círculo de alegria, de compartilhar, ainda que separados, mas com ausência de dependência.


Geralmente é muito mais fácil ficarmos livre de lugares e coisas do que de pessoas; mas podermos ver todos no mundo sem necessidade ou apego, ver cada um livre, como Unidade Individual mantida em Unidade com o Pai – essa é a altura da Liberdade. Essa é a Suprema Liberdade. É uma das últimas liberdades a serem alcançadas, e certamente a maior Liberdade que pode vir na Terra. Quando alcançamos nossa Liberdade de pessoas, a Liberdade em nossa Unidade Espiritual, somos então unidos com todos em uma base espiritual, e esta é uma relação diferente de qualquer outra em todo o mundo. O estranho é que, ao atingir essa Liberdade, nos encontramos mais ligados a pessoas em todo o mundo, atraídos por elas, e elas atraídas por nós – mas em Liberdade, sempre em Liberdade.


Existe o Espírito de Deus no homem, o Espírito da Vida, da Abundância, e da Sabedoria. Existe o Espírito da Presença de Deus no homem. Há o Espírito de Deus em nós, o Espírito do Amor, da Paz e do Conforto. Existe o Espírito do Reino Divino dentro de você e dentro de mim.

Eu vivo pelo Espírito de Deus, não por coisas externas, pensamentos ou pessoas, mas pelo Espírito de Deus.

Este é o verdadeiro significado da Vida Interior, da Vida Mística que vive pelo e através do Espírito, ao invés de pelo e através do mundo material. Ela nos liberta de todo apego ao universo exterior: não temos medos, esperanças, ambições. Estamos vivendo no Espírito, através do Espírito e pelo Espírito. E isso é viver a Vida Mística.